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28 março, 2015

29/março/2015 - Domingo de Ramos - Mc 14, 1 - 15,47
A liturgia deste último Domingo da Quaresma nos convida a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a suprema lição, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor. A primeira leitura nos apresenta um profeta anônimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.  A segunda leitura nos apresenta o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até a doação da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.  O Evangelho nos convida a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita doção e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz doação total.
Reflexão:
Quantas vezes a multidão estava perto de Jesus! Para  escutá-lo, para se beneficiar dos seus gestos, para cruzar o seu olhar, para aprender a rezar… A mesma multidão estende os mantos ou os ramos para a passagem de Jesus e grita: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem! Hosana no mais alto dos céus!” Sabiam o que diziam, todos estes pobres que esperavam o Messias? Estavam prontos a reconhecer ainda como Rei aquele que teria como trono uma cruz e como coroa uma coroa de espinhos? O seu grito era uma aclamação, alguns dias mais tarde o seu grito será uma condenação: “Crucifica-O!” Chegou o tempo do silêncio que permite acolher o mistério, o mistério do Amor.

• Celebrar a paixão e a morte de Jesus é aprofundar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordida das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, traido, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.

• Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-Se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
• Um dos elementos mais destacados no relato marciano da paixão é a forma como Jesus Se comporta ao longo de todo o processo que conduz à sua morte… Ele nunca Se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas mantém-Se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. isso não significa que Jesus seja um herói inconsciente a quem o sofrimento e a morte não assustam, ou que Ele Se coloque na pele de um fraco que desistiu de lutar e que aceita passivamente aquilo que os outros Lhe impõem… A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe que o Pai Lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar. Temos a mesma disponibilidade de Jesus para escutar os desafios de Deus e a mesma determinação de Jesus em concretizar esses desafios no mundo?
• A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte, o seu  lamento pela solidão e pelo abandono, tornam-no muito “humano”, muito próximo das nossas debilidades e fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar nele, segui-lo no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, reservado a super-heróis ou a deuses, mas é um caminho de homens frágeis, chamados por Deus a percorrerem, com esforço, o caminho que conduz à vida definitiva.
• A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte já anuncia a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projeto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem que percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem que saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena.
• A figura do jovem que, no jardim das Oliveiras, deixou o lençol que o cobria nas mãos dos soldados e fugiu pode ser figura do discípulo que, amedrontado e desiludido, abandonou Jesus. Alguma vez já viramos as costas a Jesus e ao seu projeto, seduzidos por outras propostas? O que é que nos impede, por vezes, de nos mantermos fiéis ao projeto de Jesus?.
O grito na cruz… A multidão é versátil. Basta um orientador hábil para manipulá-la em qualquer sentido, o melhor e o pior. Houve o melhor, para Jesus, quando da sua entrada em Jerusalém. Houve o pior, quando a multidão gritou: “Crucifica-O!” Pregado na cruz, Jesus gritará com uma voz forte: “Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?” É o início de um salmo, que termina com um cântico de esperança e de louvor. Então, diz-se, Jesus crucificado rezou todo este salmo. O seu grito não foi um grito de desespero. Foi o grito que os evangelistas retiveram e os assistentes (os Judeus, porque os soldados romanos não conheciam os salmos) compreenderam que Jesus chamava o profeta Elias em seu socorro. Eles não fizeram expressamente a ligação com o salmo. Em Jesus, é o Filho eterno do Pai que se fez homem, “em tudo semelhante aos seus irmãos, exceto o pecado”. Ele veio habitar o todo do humano. Era preciso que Jesus fosse até ao fim do caminho real dos homens: até à morte física, mas primeiro até à noite interior, onde não existe mais nada. Onde o silêncio de Deus parece ser a única resposta. Senão, os desesperos dos homens teriam escapado à presença de Deus. Eis porque, hoje, eu posso ir até Jesus com as minhas mais profundas obscuridades: Ele é capaz de vir com a sua presença, para que seja a vida, e não a morte, a vencer definitivamente!

Meditação para a  Semana. . .
Que esta semana seja “santa”… fixar alguns momentos preciosos. É prudente, na vida agitada que levamos, reservar na nossa agenda alguns encontros preciosos que desejamos ter com o Senhor: em cada dia, viver com Ele um momento de oração, de meditação, de adoração; fixar as celebrações nas quais poderemos participar; etc.
Que a semana seja “santa” nos momentos quotidianos de encontro com Jesus Cristo!
fonte:
www.dehonians.org

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