A solenidade da Anunciação
do Senhor é a celebração do grande mistério cristão da Encarnação do Verbo de
Deus. A data de 25 de Março está em função do Nascimento de Jesus, que é
celebração exatamente nove meses depois. A catequese sempre fez coincidir a Anunciação
e a Encarnação. Estes mistérios começaram a ser celebrados liturgicamente
provavelmente depois da edificação da basílica constantiniana sobre a casa de
Maria, em Nazaré, no século IV. A celebração no Oriente e no Ocidente data do
século VII. Durante séculos, esta solenidade teve sobretudo caráter mariano. Mas Paulo VI devolveu-lhe o
título de “Anunciação do Senhor”, repondo o seu caráter predominantemente
cristológico. Em síntese, trata-se de uma “celebração (que) era e é festa de
Cristo e da Virgem: do Verbo que se torna filho de Maria e da Virgem que se
torna Mãe de Deus”
O mistério celebrado hoje
é a conceição do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Na basílica nazaretana
da Anunciação, diante do altar, há uma placa de mármore que os peregrinos
beijam com emoção e onde está escrito: “Aqui de Maria Virgem fez-se carne o
Verbo”. No texto da Carta aos Hebreus, o hagiógrafo refere ou interpreta a anunciação
de Cristo; no texto de Lucas, o evangelista narra a anunciação a Maria. Cristo
toma a iniciativa de declarar aquilo que Ele mesmo compreende; Maria recebe uma
palavra que vem de fora de si mesma, uma palavra cheia de propostas de um Outro. O paralelismo transforma-se em
coincidência na explicitação da disponibilidade de ambos para fazerem a vontade
divina; é uma disponibilidade separada por qualidade e quantidade de
consciência, mas que converge na finalidade de obediência total ao projeto de
Deus: Ecce venio, ecce ancilla,
eis-me aqui! Eis a serva! A atitude de obediência irá aproximar a mãe e o filho, Maria “anunciada” e
Jesus Cristo “anunciado”. Ambos pronunciam o seu «Eis-me aqui!». Ambos se
exprimem com voz quase idêntica: «faça-se em mim segundo a tua palavra», «Eis
que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade». Ambos entram na fisionomia de
«serva» e de «servo» do Senhor. Esta sintonia encoraja os discípulos à
disponibilidade para servir a palavra de Deus, porque o próprio Filho de Deus é
servo e porque a Mãe de Deus é serva; ambos são servos de uma palavra que salva
quem a serve e que traz salvação.
Oração
Salve Santa Maria, serva humilde do Senhor, mãe
gloriosa de Cristo! Salve, Virgem fiel! Ensina-nos a ser dóceis ao Espírito.
Ensina-nos a viver em atitude de escuta da Palavra, atentos às suas inspirações
e às suas manifestações na vida dos irmãos, nos acontecimentos da história, no
gemido e no júbilo da criação. Virgem da escuta, virgem orante, acolhe as
súplicas dos teus servos. Ajuda-nos a abandonar-nos ao Senhor, a unir-nos ao
Ecce venio de Jesus e ao teu Ecce ancilla. Ajuda-nos a compreender que já não
podemos ter outra vontade que não a do Pai, outra regra que o seu beneplácito.
Que, em cada instante, procuremos a vontade de Deus e nos conformemos a ela.
fonte:
www.dehonianos.org
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