A liturgia do 3º Domingo
da Quaresma nos dá conta da eterna preocupação de Deus em conduzir os homens ao
encontro da vida nova. Nesse sentido, a Palavra de Deus que nos é proposta
apresenta sugestões diversas de conversão e de renovação. Na primeira leitura,
Deus nos oferece um conjunto de indicações (“mandamentos”) que devem nortear a
nossa caminhada pela vida. São indicações que dizem respeito às duas dimensões
fundamentais da nossa existência: a nossa relação com Deus e a nossa relação
com os irmãos. Na segunda leitura, o apóstolo Paulo nos sugere uma conversão à lógica de Deus…
É preciso que descubramos que a salvação, a vida plena, a felicidade sem fim
não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas
está na lógica da cruz – isto é, no amor total, na doação da vida até às
últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos. No Evangelho,
Jesus se apresenta como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes
oferece o seu amor. Convida-nos a olhar para Jesus e a descobrir nas suas
indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que
Deus quer nos apresentar.
Reflexão:
Jesus vem mudar a maneira de encontrar Deus seu Pai. Até aqui bastava ir ao
templo, doravante é preciso escutar a mensagem de amor do seu Enviado e se beneficiar
dos gestos de salvação, sinais da bondade de Jesus para com os homens. Mesmo
que se procure destruir o verdadeiro templo de Deus entre os homens, o seu
próprio Filho, Ele levantar-se-á. E quando tiver desaparecido aos olhos dos
homens, é a sua Igreja que será o novo templo, porque Deus vem morar no meio
dos homens. Se os seus discípulos se recordam das palavras e dos gestos de
Jesus, é para fazer memória da fidelidade de Deus. É com os olhos da fé que
reconheceram, nos sinais realizados por Jesus, a ação de Deus. E se hoje
podemos fazer memória da morte e da ressurreição de Cristo, tal acontece graças
a todos estes testemunhas que acreditaram e contaram o que tinham visto e
ouvido.
• Como é que podemos encontrar Deus e chegar até Ele? Como podemos perceber as
propostas de Deus e descobrir os seus caminhos? O Evangelho deste domingo
responde: é olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus se
revela aos homens e lhes manifesta o seu amor, oferece aos homens a vida plena,
se faz companheiro de caminhada dos
homens e lhes aponta caminhos de salvação. Neste tempo de Quaresma – tempo de
caminhada para a vida nova do Homem Novo – somos convidados a olhar para Jesus
e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa
proposta de vida nova que Deus quer nos apresentar.
• Os cristãos são aqueles que aderiram a Cristo, que aceitaram integrar a sua
comunidade, que comeram a sua carne e beberam o seu sangue, que se
identificaram com Ele. Membros do Corpo de Cristo, os cristãos são pedras vivas
desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens
para lhes oferecer a vida e a salvação. Esta realidade supõe naturalmente, para
os crentes, uma grande responsabilidade… Os homens do nosso tempo têm que ver
no rosto dos cristãos o rosto bondoso e terno de Deus; têm que experimentar,
nos gestos de partilha, de solidariedade, de serviço, de perdão dos cristãos, a
vida nova de Deus; têm que encontrar, na preocupação dos cristãos com a justiça
e com a paz, o anúncio desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os
homens. Talvez o fato de Deus parecer tão ausente da vida, das preocupações e
dos valores dos homens do nosso tempo tenha a ver com o fato de os discípulos
de Jesus se demitirem da sua missão e da sua responsabilidade… O nosso
testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao nosso
lado? A vida das nossas comunidades dá testemunho da vida de Deus? A Igreja é
essa “casa de Deus” onde qualquer homem ou qualquer mulher pode encontrar essa
proposta de libertação e de salvação que Deus oferece a todos?
• Qual é o verdadeiro culto que Deus espera? Evidentemente, não são os ritos
solenes e pomposos, mas vazios, estéreis e balofos. O culto que Deus aprecia é
uma vida vivida na escuta das suas propostas e traduzida em gestos concretos de
doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos. Quando somos
capazes de sair do nosso comodismo e da nossa auto-suficiência para ir ao
encontro do pobre, do marginalizado, do estrangeiro, do doente, estamos dando a resposta “litúrgica” adequada ao amor
e à generosidade de Deus para conosco.
• Ao gesto profético de Jesus, os líderes judaicos respondem com incompreensão
e arrogância. Consideram-se os donos da verdade e os únicos intérpretes
autênticos da vontade divina. Instalados nas suas certezas e preconceitos, nem
sequer admitem que a denúncia que Jesus faz esteja correta. A sua
auto-suficiência os impede de ver para além dos seus projetos pessoais e de
descobrir os projetos de Deus. Trata-se de uma atitude que, mais uma vez, nos
questiona… Quando nos fincamos atrás de certezas absolutas e de atitudes
intransigentes, podemos estar fechando o
nosso coração aos desafios e à novidade de Deus.
Imensa vocação de todo o
batizado… É no Templo de Jerusalém que Jesus tinha estabelecido a sua morada. É
certo que os Judeus sabiam que não se pode encerrar Deus dentro de quatro
muros. Mas era somente no Templo que era preciso oferecer os sacrifícios, o
culto de adoração e de ação de graças. É preciso também dizer que os escribas e
os doutores da Lei tinham fechado o acesso a Deus. Eis que com Jesus surge algo
de inaudito: Deus salta o muro! E a cólera de Jesus é a manifestação disso.
Doravante, Deus se deixa aproximar num homem que não é um especialista do
Templo, um homem que encontra as prostitutas, os publicanos, que come com eles,
sem nunca pedir a ninguém para ir primeiro purificar-se no Templo. Doravante,
dirá São Paulo, “em Jesus temos livre acesso ao Pai”. Quando vamos comungar, é
este homem, Jesus ressuscitado, que vem nos encher com a sua Presença. E, de
repente, tornamo-nos a Presença de Deus junto dos nossos irmãos e das nossas
irmãs. Grande vocação de todo o batizado! Estamos verdadeiramente conscientes
disso?
Meditação para a semana. . .
Reler e meditar os dez Mandamentos… Esta semana, somos convidados a retomar
muitas vezes esta oração do Salmo 18, a cantar este louvor da lei do Senhor,
que é um apoio para a nossa vida, que nos ajuda ao discernimento, que nos dá a
sabedoria e vai nos guiar na boa direção se nos deixarmos conduzir pelo
Espírito do Senhor… Convite à disponibilidade, à confiança. Depois o convite a
reler e meditar estes “dez mandamentos” que pensamos conhecer: embora sendo da
“antiga Aliança”, têm algo a nos dizer e nos revelar de Deus, que só quer a
nossa felicidade.
fonte:
www.dehonianos.org
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