25-outubro-2015 - 30°
Domingo do Tempo Comum – Mc 10,46-52
A liturgia do 30° Domingo
do Tempo Comum nos fala da preocupação de Deus em que o homem alcance a vida
verdadeira e aponta o caminho que é preciso seguir para atingir essa meta. De
acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o homem chega à vida plena,
aderindo a Jesus e acolhendo a proposta de salvação que Ele veio nos apresentar. A primeira leitura afirma que, mesmo nos momentos mais dramáticos da caminhada
histórica de Israel, quando o Povo parecia privado definitivamente de luz e de
liberdade, Deus estava lá, preocupando-se em libertar o seu Povo e em
conduzi-lo pela mão, com amor de pai, ao encontro da liberdade e da vida
plena. A segunda leitura apresenta Jesus como o sumo-sacerdote que o Pai chamou e
enviou ao mundo a fim de conduzir os homens à comunhão com Deus. Com esta
apresentação, o autor deste texto sugere, antes de mais nada, o amor de Deus
pelo seu Povo; e, em segundo lugar, nos pede que "acreditemos " em Jesus - isto
é, que escutemos atentamente as propostas que Ele veio fazer, que as acolhamos no coração e que as transformemos em gestos
concretos de vida. No Evangelho, Marcos nos propõe o caminho de Deus para libertar o homem das
trevas e para o fazer nascer para a luz. Como Bartimeu, o cego, somos
convidados a acolher a proposta que Jesus veio trazer, a deixar decididamente a
vida velha e a seguir Jesus no caminho do amor e da doação da vida. Dessa
forma, nos garante Marcos, poderemos passar da escravidão à liberdade, da morte
à vida.
Reflexão:
•
A situação inicial do cego Bartimeu (que jaz na escuridão, dependente,
acomodado, conformado) evoca uma realidade que conhecemos bem ... Evoca a
condição do homem escravo, prisioneiro do egoísmo, do orgulho, dos bens
materiais, da preguiça, da vaidade, do êxito; evoca a condição daquele que está
acomodado na sua situação de miséria, instalado nos seus preconceitos e projetos
pessoais, conformado com uma vida de horizontes limitados; evoca a condição
daquele que se sente refém dos seus vícios, hábitos e paixões e que sente a sua
incapacidade em romper, por si só, as cadeias que o impedem de ser livre...
Esta situação será uma situação insuperável, a que o homem está condenado de
forma permanente?
• A Palavra de Deus que nos é proposta nos garante que a situação do homem cego,
prisioneiro da escuridão, não é uma situação incontornável, obrigatória, sem
remédio ... Jesus veio ao mundo, enviado pelo Pai, com uma proposta de
libertação destinada a todos aqueles que procuram a luz e a vida verdadeira.
Esse Jesus de Nazaré que cruzou com o
cego à saída de Jericó continua a cruzar hoje, de forma continuada, com cada
homem e com cada mulher nos caminhos da vida e oferece-lhes, sem cessar, a
proposta libertadora de Deus ... É preciso, no entanto, que não nos fechemos no
nosso egoísmo e na nossa auto-suficiência, surdos e cegos aos apelos de Deus; é
preciso que as nossas preocupações com os valores efêmeros não nos distraiam do
essencial; é preciso que aprendamos a reconhecer os desafios de Deus nesses
acontecimentos banais com que, tantas vezes, Deus nos interpela e questiona
• O que é que implica aceitar a proposta que Jesus faz? Fundamentalmente
implica - como aconteceu com Bartimeu - tornar-se discípulo ... Ser discípulo
de Jesus é aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência
aos projetos do Pai, fazer da vida uma doação de amor aos irmãos; é
solidarizar-se com os pequenos, com os pobres, com os perseguidos, com os
marginalizados e lutar por um mundo onde todos sejam acolhidos como filhos de
Deus, iguais em direitos e em dignidade; é lutar contra as estruturas que geram
injustiça, opressão e morte; é ser testemunha, com palavras e com gestos, da
verdade, da justiça, da paz, da reconciliação. Quem aceita seguir o caminho do
discípulo escolhe viver na luz e está contribuindo para a construção de um mundo
novo.
• Quando reconhecemos o "chamamento" de Deus, qual deve ser a nossa
resposta? Bartimeu, logo que ouviu dizer que Jesus o chamava, atirou fora a sua capa e
correu ao encontro de Jesus. O gesto de Bartimeu representa, aqui, a renúncia
imediata à vida antiga, ao egoísmo, ao comodismo, à escravidão, aos
comportamentos incompatíveis com a adesão a Cristo e a esse caminho novo que
Jesus o convida a percorrer. É isso, também, que é pedido a todos aqueles a quem
Jesus chama à vida nova ...
• Na história do encontro de Bartimeu com Cristo, aparecem outros personagens,
com papéis váriados. Uns constituem obstáculos à adesão de Bartimeu a Cristo;
outros apresentam-se como intermediários entre Cristo e Bartimeu e transmitem
ao cego as palavras de Jesus... Este fato serve para nos tornar conscientes do
papel daqueles que nos rodeiam no nosso caminho da fé ... Ao longo da nossa
caminhada, encontraremos sempre pessoas que nos ajudam a ir ao encontro de
Cristo e pessoas que (muitas vezes com ótimas intenções) tentam nos impedir de
encontrar Cristo. Precisamos aprender a discernir entre as várias opiniões que
nos são propostas e a dar a devida importância a quem nos ajuda a descobrir o
caminho para a verdadeira vida.
• Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo tem, a
partir daí, um caminho fácil? De forma nenhuma. Tem que abandonar a vida cômoda
e instalada em que vivia e enfrentar uma nova realidade, num desafio
permanente, num questionamento constante; tem que aprender a enfrentar as
críticas, as incompreensões, os confrontos com aqueles que não compreendem a
sua opção; tem que percorrer, dia a dia, o difícil caminho do amor, do serviço,
da entrega, da doação da vida ... É preciso, no entanto, que o discípulo esteja
consciente de que o caminho de Jesus não é um caminho que leva à morte, mas é
um caminho que leva à ressurreição, à vida verdadeira e eterna.
Jesus encontrou obstáculos na sua vida pública: incompreensões dos chefes dos
sacerdotes, ciladas colocadas pelos fariseus. Na saída de Jericó, a multidão
faz obstáculo à atenção de Jesus, procura fazer calar um mendigo cego.
Felizmente, Jesus escuta o grito deste homem e pede aos seus próximos para
serem o trampolim entre Ele e o doente: "Chamai-o!. .. Eu quero ter
necessidade de vós". Então temos estas três palavras, as palavras da
Igreja que tem por missão levar os homens a Cristo: "confiança ... não
tenhas medo, Ele certamente vai fazer-te bem. Levanta-te ... Ele respeita demais
a tua liberdade, faça você mesmo o caminho. Ele te chama ... é Ele que toma a
iniciativa e, se Ele te chama, é para te salvar". Jesus não pede ao homem
para se calar. Pelo contrário, dá-lhe a palavra, e esta palavra torna-se para
Jesus ato de fé, uma fé que salva. O homem é de tal modo salvo que não somente
vê, mas segue Jesus no caminho, tal é a sua dupla cura.
A
vista é a vida. A vista não tem preço. É o caminho do cego à procura de Jesus,
da vista, da vida ... Filho de David,
chama ele Jesus. Para os Judeus, só o Messias há tanto esperado podia ser assim
chamado. Evocar David e a sua descendência era proclamar a fidelidade de Deus
para com o seu povo. A multidão chamava a Jesus "Jesus de Nazaré". O
cego chama Jesus "Filho de David". Reconhece em Jesus o Messias. O
cego, na sua cegueira física, vê mais longe, mais profundamente, com o olhar
interior da fé. Ele recuperou a luz exterior, mas é sobretudo a luz interior, a
luz da fé, que vai iluminar o caminho da sua vida. Ele quer seguir e estar com
aquele que disse: "Eu sou a Luz da Vida". E nós? Ficamos muitas vezes
pela superfície das coisas, num olhar superficial que nos faz passar ao lado da
profundidade dos outros. Daí nascem os preconceitos, as tensões, as recusas. É
o olhar da multidão sobre o cego: um mendigo sem interesse, que era necessário
calar. Bartimeu nos recorda que há um outro olhar, o olhar de Deus sobre nós,
sobre os outros, sobre os acontecimentos. Cabe a nós perguntarmo-nos qual é o
nosso verdadeiro olhar. "Senhor, faz que eu veja!".
Meditação
para a semana ...
"Que
queres que te faça?", diz Jesus ao cego ... Não tenhamos medo, nós também,
de dizer a Jesus: "que eu veja". A alegria de Cristo que nos ama é
esta fé, esta confiança n'Ele. Não tenhamos medo de proclamar-lhe a nossa fé e
confiança, muitas vezes!
fonte:
www. dehonianos.org
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