15
de Outubro - Santa Teresa de Ávila - Carmelita e Doutora da
Igreja (1515-1582)
Teresa de Cepeda y Ahumada, nascida em uma nobre família de Ávila, na Castela
Velha, começou cedo a dar prova de temperamento vivaz, fugindo de casa aos 7
anos para buscar o martírio entre os mouros da África, por amor de Cristo. Mas,
aos 16 anos, começou a se embelezar por amor a um simples mortal. E o pai, por
um compreensível ciúme e para protegê-la, confiou-a a um convento de freiras. Aos 20 anos, contrariando os planos paternos,
decidiu ser freira. Houve poucos anos de vida regular, pois ela também cedeu a
certa moda. As vozes interiores não lhe deram tréguas e ela sentiu um desejo
sempre mais insistente de retornar ao primitivo rigor dos carmelitas, sendo
objeto de extraordinárias experiências místicas, traduzidas depois, por
obediência, em vários tratados de oração mental, citados entre os clássicos da
literatura espanhola. Aos 40 anos,
ocorre a primeira grande virada na vida desta imprevisível santa de ideias
generosas. Depois das aflições interiores, dos escrúpulos e daquilo que, na mística,
é chamado de “noite dos sentidos” — ou trevas interiores, a prova mais dura que
uma alma deve superar —, dá-se o encontro iluminador com dois santos, Francisco
de Borja e Pedro de Alcântara. Estes a repõem no bom caminho, na via da total
confiança em Deus. Em 1562, ela funda, em Ávila, o convento reformado sob o
patrocínio de são José. Cinco anos depois, um outro decisivo encontro: João da
Cruz, o príncipe da Teologia Mística. Os dois foram feitos para se entenderem.
Inicia, assim, aquele singular conúbio, em meio a ardentíssimos arrebatamentos
místicos e ocupações práticas do dia a dia, que fazem dela a 'santa do bom
senso', uma contemplativa imersa na realidade.
Ela possui a chave para entrar no Castelo interior da alma, “cuja porta
de ingresso é a oração”, mas ao mesmo tempo sabe tratar egregiamente de
matérias econômicas. “Teresa”, diz ela argutamente, “sem a graça de Deus é uma
pobre mulher; com a graça de Deus, uma força; com a graça de Deus e muito
dinheiro, uma potência”. Viaja pela Espanha de alto a baixo (era chamada a
“freira viajante”) para erigir novos conventos reformados e revela-se uma hábil
organizadora. Escreve a história da
própria vida, um livro de confissões extraordinariamente sinceras: “Como me
mandaram escrever o meu modo de fazer oração e as graças que o Senhor me fez,
eu queria que me tivessem concedido o poder de contar minuciosamente, e com
clareza, os meus grandes pecados”. Morre pronunciando as palavras: “Sou filha
da Igreja”. Em 1970, Paulo VI proclamou-a Doutora da Igreja.
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