A Solenidade que hoje
celebramos não é um convite para decifrar o mistério que se esconde por detrás
de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite para contemplar o Deus que é
amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para faze-los comungar nesse mistério de amor. Na primeira leitura, o Deus da comunhão e da aliança, preocupado em estabelecer
laços familiares com o homem, se auto-apresenta:
Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia. Na segunda leitura, Paulo expressa – através da fórmula litúrgica “a graça do
Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam
convosco” – a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende
atrair os homens para essa dinâmica de amor. No Evangelho, João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pelos homens é
tão grande, a ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho,
cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a
fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor
(que vai até ao dom da vida do Filho único e amado), plasma-se a grandeza do
coração de Deus.
Reflexão:
• João é o evangelista
abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo
o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de
felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai,
fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o
“caminho” da vida eterna… No dia em que celebramos a Solenidade da Santíssima
Trindade, somos convidados a contemplar, com João, esta incrível história de
amor e nos espantar com o peso que nós –
seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias –
adquirimos nos esquemas, nos projetos e no coração de Deus.
• O amor de Deus se traduz
na oferta ao homem de vida plena e
definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre;
mas Deus respeita absolutamente a nossa liberdade e aceita que recusemos a sua
oferta de vida. No entanto, rejeitar a oferta de Deus e preferir o egoísmo, o
orgulho, a auto-suficiência, é um caminho de infelicidade, que gera sofrimento,
morte, “inferno”. Quais são as manifestações desta recusa da vida plena que eu
observo, na vida das pessoas, nos acontecimentos do mundo, e até na vida da
Igreja?
• Nós, crentes, deveríamos
ser as testemunhas desse Deus que é amor; e as nossas comunidades cristãs ou
religiosas deviam ser a expressão viva do amor trinitário. É isso que acontece?
Que contributo eu posso dar para que a minha comunidade – cristã ou
religiosa – seja sinal vivo do amor de Deus no meio dos homens?
• A celebração da
Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa
estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é
amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há
três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar
a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas
diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é
negar a distinção das três pessoas e é, também, negar a fé. A natureza divina
de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na
nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-se trindade
de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos que parar, porque a
nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o indizível, não consegue
definir o mistério de Deus.
Um Lar incandescente! Um “Braseiro de Amor”, que tem como característica
comunicar-se e nos tornar participantes do seu Amor, da sua Vida. «Deus amou
tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigênito”, nos diz São João. Quanto a Paulo, propõe-nos alguns pontos
de atenção para que os nossos diferentes lugares de vida – família, trabalho,
bairro – se tornem verdadeiros “lares de amor”: sem pretensão, mas à imagem da
Trindade!
fonte:
www.dehonanos.org
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