A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem suas raízes na
Sagrada Escritura e na Tradição. Existem vários textos no Antigo e Novo
Testamentos que se referem ao Coração de Cristo, textos proféticos falando
deste Coração humano-divino que pulsa por nós e no meio de nós. “O Verbo de
Deus se fez Homem e habitou entre nós”(Jo 1, 14). Alguns textos são, por
exemplo, os que falam do Sagrado Coração de Jesus como Fonte de Água Viva. São
eles: Apocalipse 22, 1; Isaías 12, 3; Zacarias 14, 8: Jeremias 2, 13; Isaías
44, 3; Salmo 77, 15-16; Êxodo 17, 1-7. João 7, 37-39; João 4 (a Samaritana).
O texto de João 19, 34-37 apresenta o Coração de Cristo
transpassado pela lança do soldado. Quem dá testemunho deste fato é o
Evangelista João que, na última Ceia, recostara a cabeça no lado do Senhor e,
aos pés da cruz, viu correr SANGUE e ÁGUA desta fonte de SALVAÇÃO.
A devoção ao LADO ABERTO de CRISTO vem desde os primeiros
tempos do cristianismo; começou na cruz; São João, que viu o Coração de Cristo
sendo transpassado, confirmou a profecia de Zacarias 12, 10 que diz: “Olharão
para aquele que transpassaram.”
As doze Promessas do Sagrado Coração de Jesus estão ligadas
a Santa Margarida Maria Alacoque, que viveu de 1647 a 1690 e teve papel
importante na propagação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A Igreja foi
levada a refletir sobre esta devoção e aprovou as seguintes práticas confiadas
a Santa Margarida pelo S. Coração de Jesus: a Reparação; a Hora Santa; a
primeira Sexta-feira do mês; o culto público ao Coração de Cristo; a imagem do
Sagrado Coração (entronização nas famílias); a Festa universal do Sagrado
Coração de Jesus.
Os teólogos e a Igreja reconhecem o fato e afirmam: “A
devoção ao Sagrado Coração de Jesus significava para Santa Margarida uma nova
vida, em união com o Coração amoroso e ferido de Cristo; significava sentir o
que Ele sentiu, querer o que Ele quis, amar o que Ele amou. Experimentar o seu
amor e amá-Lo também”.
Primeira Promessa
do Sagrado Coração de Jesus
a Santa Margarida Maria
“Eu lhes darei as
graças necessárias para cumprirem os deveres de seu estado”. “Sem mim, disse Jesus, nada podeis fazer”.
(João 15, 5).
A promessa é para todos. Em cada estado de vida, em cada
vocação de profissão assumida, a pessoa devotada ao Coração de Jesus recebe
Dele as graças para cumprir os deveres de seu estado; saber discernir o que é
bom; obter as luzes para o entendimento e a força para que a vontade realize o
que é certo.
As palavras de Jesus: “Eu lhes darei”, são claras e
significam que esta promessa é para todos os estados de vida, na missão própria
que cada pessoa desempenha, na profissão que exerce.
Cumprir os deveres de estado exige esforço, doação,
generosidade, perseverança, sacrifício, força de vontade, amor,
responsabilidade e fé.
A fé sem as obras é morta, não salva. É necessário agir
retamente de acordo com o plano de Deus, com intensa caridade (João 14, 23).
Sabemos que nem sempre é fácil o cumprimento dos deveres.
Certos deveres são difíceis e por vezes exigem heroísmo. A cada passo, a cada
instante precisamos da graça de Deus, pois o próprio Cristo afirmou que sem Ele
nada podemos fazer. (Jo 15)
O nosso querer, o nosso esforço, são indispensáveis, mas
sempre com a graça de Deus. “Tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses
4, 13)
Textos para meditar e rezar: Ev. de João 15 e Filipenses 4.
Segunda Promessa
do Sagrado Coração de Jesus
a Santa Margarida Maria
“Eu darei paz às suas
almas”.
“Eu vos deixo a paz,
eu vos dou a minha paz.” (Jo 14, 27)
A PAZ é preciosa. Sem ela é impossível viver. Somos
impelidos a rezar pela paz, a trabalhar pela conquista da justiça, cujo fruto é
a PAZ. Paz no mundo, na sociedade, nas
famílias e ao mesmo tempo lembramos a Palavra de Jesus, o Único capaz de nos
encher de paz. “Eu vos dou a minha PAZ! Eu darei paz às almas”.
Todos precisamos de paz para viver e temos de buscá-la,
promovê-la, conquistá-la. Se não a encontrarmos no âmbito internacional, nem na
sociedade ou nos meios de comunicação social, temos que criá-la e podemos
criá-la no recinto do nosso lar.
A promessa de Jesus é infalível. Ele está a nos dizer: “Eu
darei paz às famílias que Me acolherem, que me invocarem, que confiarem em Mim,
que me consagrarem o lar. Eu darei paz às suas almas”.
O Coração de Jesus é um Seguro de PAZ para as famílias que
respeitam a sua Lei, que entronizam a Sua Imagem não só num determinado lugar
da casa, mas no próprio coração.
São causas da falta de união e de paz nas famílias: a falta
de Religião, pois, os ímpios não têm paz, diz a Sagrada Escritura.
A falta de espírito de sacrifício, para suportar com
paciência e caridade os defeitos dos outros. O egoísmo (leia Tiago 4, 1).
A desordem. Santo Agostinho afirma: “A paz é a tranqüilidade
da ordem” e aconselha: Organizai vossa vida. Vivei segundo as Leis e
inspirações de Deus.
O Remédio é o Coração de Jesus. Ele nos dá graças especiais
para conseguirmos o dom da PAZ. Ele é a Nossa PAZ e Reconciliação. Ele é o
Príncipe da PAZ.
Na Escola do Coração de Jesus aprenderemos a prática da
verdadeira Religião do Amor; aprenderemos a mansidão, a humildade; o perdão e a
partilha; o serviço alegre e desinteressado; a doação e generosidade. Tudo isto
gera na família o fruto delicioso da PAZ.
Textos sobre esta Promessa de PAZ: Tiago 4, 1; Lucas 2, 14;
Mt 5, 9; Lucas 10, 5
Terceira Promessa
do Sagrado Coração de Jesus
a Santa Margarida Maria
“Eu os consolarei em
todas as suas aflições”. “Vinde a mim
vós que estais atribulados e cansados e Eu vos aliviarei”. (Mt 11, 28)
Conhecemos e experimentamos a realidade da dor em nossa
vida. Quem mais, quem menos, cedo ou tarde, todos passamos por tempo de provas,
dificuldades, dores, preocupações.
Só compreendemos o sentido da dor, que é inevitável, pela
fé. A cruz, esse símbolo que a maioria dos cristãos leva ao pescoço, não é um
enfeite – tem muito a ver com a vida humana e encerra um profundo significado
quando nos reportamos à CRUZ REDENTORA
do Salvador Jesus Cristo. Nossa cruz deve ter também o mesmo sentido e
valor de redenção, de salvação, de reparação.
A figura de Jó, homem bíblico provado pela dor, é um exemplo
de como devemos acolher o sofrimento, as purificações, provas e perdas em nossa
vida. Jó, diante de todos os tipos de provações, respondia: “Deus me deu, Deus
me tirou – bendito seja o seu santo nome”. (Jô 1, 3). Ficamos admirados com o
heroísmo dos mártires, a coragem dos Profetas, dos Apóstolos, dos Santos, todos
com um amor incondicional a Deus e ao próximo. Nossa Senhora teve o privilégio
de ser Mãe do Filho de Deus, porém, bebeu o mesmo cálice de seu Filho, o fel
amargo da dor e é chamada a Mãe das Dores – Mater Dolorosa.
São Paulo, homem experimentado no sofrimento (cadeias,
açoites, naufrágios, prisões, fome, penúrias...) alegra-se em poder sofrer por
Cristo e exclama – “Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas
necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de
Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte”. (II Cor. 12, 10).
A dor é algo que nos repugna. Também Jesus, Nossa Senhora e
os Santos sofreram para abraçar as cruzes da vida. Mas a força do amor
é capaz de santificar qualquer dor e dar-lhe o sentido de ressurreição, de
méritos e conquista da glória futura, na eternidade feliz. Quem ama não foge da
cruz. Os verdadeiros devotos do Coração de Jesus acolhem a dor com fé, com
paciência, com humildade e esperança confiante, com amor e até com alegria. Não
se trata de resignada acomodação, mas de fé laboriosa e perseverante, de
liberdade e fortaleza interior, de robustez espiritual.
Chega-se ao júbilo interior percebendo-se amado por Cristo,
nesta participação de sua cruz Redentora. Compreende-se melhor o sofrimento do
outro, quando já se fez a experiência da
dor.
“Quando se ama não se sofre; e se há sofrimento, até o
sofrer é gozo”.
Textos para aprofundamento: Livro de Jó, capítulo I; I Pd 4,
12-14; 3, 12-17; Heb 2, 5-18; 4, 14-16; 5, 1-10; 6, 9-20; 12, 1-11; Tg 1, 2-12
fonte:
www.apostolas-pr.org.br