15
de Junho - São Vito
Vito nasceu no final do século III, na antiga cidade de
Mazara, na Sicília ocidental, numa família pagã, muito rica e de nobre estirpe.
Sua mãe morreu quando ele tinha tenra idade e seu pai, Halaz, contratou uma
ama, Crescência, para cuidar do pequenino. Ela era cristã, viúva e tinha
perdido o único filho havia pouco tempo, era de linhagem nobre, mas em
decadência financeira. Ele ainda providenciou um professor, chamado Modesto,
para instruir e formar seu herdeiro. Entretanto, o professor também era cristão. Halaz era um obstinado pagão que encarava o
cristianismo como inimigo a ser combatido. Por isso Modesto e Crescência nunca
revelaram que eram seguidores de Cristo, contudo educaram o menino dentro da
religião. Dessa forma, aos doze anos, embora clandestinamente, Vito já estava
batizado e demonstrava identificação total com os ensinamentos de Jesus. Ao saber do batismo, o pai tentou
convencê-lo a abandonar a fé, o que não deu resultado. Halaz partiu para a
força e castigou o próprio filho, entregando-o, então, ao governador Valeriano,
que o encarcerou e maltratou por vários dias, tentando fazer Vito abdicar de
sua fé. Modesto e Crescência, entretanto, conseguiram arquitetar uma fuga e,
segundo a tradição, com a ajuda de um anjo, tiraram Vito das mãos do poderoso
governador. Fugiram os três para Lucânia, em Nápoles, onde esperavam encontrar
paz. Mas depois de algum tempo foram reconhecidos e passaram a viver de cidade
em cidade, fugindo dos algozes. Neste
período, Vito, que desde os sete anos havia manifestado dons especiais,
patrocinou muitos prodígios. Como o mais célebre deles, lembrado pela tradição,
quando ele ressuscitou, em nome de Jesus, um garoto que tinha sido estraçalhado
por cães raivosos. A perseguição a eles
teve uma trégua apenas quando o filho epilético do imperador Diocleciano ficou
muito doente. O soberano, tendo conhecimento dos dons de Vito, mandou que o
trouxessem vivo à sua presença. Na oportunidade, pediu que ele intercedesse por
seu filho. Vito, então, rezou com todo fervor e em nome de Jesus foi logo
atendido. Porém Diocleciano pagou com a traição. Mandou prender Vito, que não
aceitou renegar a fé em Cristo para ser libertado. Diante da negativa, foi
condenado à morte, que ocorreu no dia 15 de junho, possivelmente de 304, depois
de muitas torturas, quando ele tinha apenas quinze anos de idade. Esta narrativa é tão antiga que alguns
acontecimentos podem ser, em parte, apenas uma vigorosa tradição cristã. Como
esta outra que diz que Vito, Modesto e Crescência teriam sido levados diante da
multidão no Circo, submetidos a torturas violentíssimas e, finalmente, jogados
aos cães raivosos. Entretanto, um milagre os salvou. Os cães, em vez
de atacá-los, deitaram-se aos seus pés. Irado, o sanguinário Diocleciano mandou
que fossem colocados dentro de um caldeirão com óleo quente, onde morreram
lentamente.
O jovem mártir Vito existiu conforme consta no Martirológio Gerominiano,
enquanto Modesto e Crescência só foram incluídos no calendário da Igreja no
século XI. Suas relíquias, que depois de sua morte foram sepultadas em Roma, em
755 foram enviadas para Paris. Mais tarde, foram entregues ao santo rei da
Boêmia, Venceslau, que era muito devoto do santo. Em 958, esse rei fez
construir a belíssima catedral que leva o nome de São Vito e que conserva suas
relíquias até hoje.
Desde a Idade Média, ele é considerado um dos "quatorze santos
auxiliares", os santos cuja intercessão é muito eficaz em ocasiões
específicas e para cura determinada. No caso de são Vito, principalmente na
Europa, é invocado para a cura da epilepsia da "coréia", doença
conhecida popularmente como "doença de São Vito", e da mordida de cão
raivoso. Além de ser padroeiro de muitas localidades.
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