Iremos celebrar com grande
alegria, na próxima sexta-feira, dia 12 de junho, a Solenidade do Sagrado
Coração de Jesus. Com esta solenidade a Mãe Igreja, em todo o mundo, é
convidada a fazer a sua jornada mundial de orações pelos sacerdotes. O culto litúrgico ao Sagrado Coração de Jesus
na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi teve início no século XVII, com São
João Eudes († 1680) e Santa Margarida Alacoque († 1690), embora a devoção
remonte aos séculos XIII e XIV, recebendo a primeira aprovação pontifícia um
século mais tarde. Em 1856, o papa Pio IX estendeu a festa a toda a Igreja, e
em 1928 Pio XI lhe deu a máxima categoria litúrgica. A reforma pós-conciliar
renovou profundamente seus textos, com base no formulário da missa composto por
ordem de Pio XI. Sabemos, porém, que o que essa devoção nos anuncia vem da
revelação: o amor de Deus anunciado a nós por Jesus Cristo Nosso Senhor, que
deu sua vida por todos nós. Para o Papa
Bento XVI, o culto ao Sagrado Coração de Jesus confunde-se com a história do
Cristianismo. Ao compreendermos que o mistério do amor de Deus sobre nós é
conhecido por meio da manifestação deste amor de forma mais profunda na
Encarnação e também na Paixão e morte de Jesus na Cruz. Ensina o Papa Emérito:
“Por outro lado, esse mistério do amor de Deus por nós não constitui só o
conteúdo do culto e da devoção ao Coração de Jesus: é, ao mesmo tempo, o
conteúdo de toda verdadeira espiritualidade e devoção cristã. Portanto, é
importante sublinhar que o fundamento dessa devoção é tão antigo como o próprio
cristianismo. De fato, só se pode ser cristão dirigindo o olhar à Cruz de nosso
Redentor, “a quem transpassaram” (João 19, 37; cf. Zacarias 12, 10)”. Assim, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
dá-se não só pelo mero cumprimento devocional, mas como um profundo mergulhar
na vivência radical do Evangelho. Inserindo-se no coração aberto de Jesus,
inseri-se na vida de Cristo e na união de vontades, e tem como fruto uma
relação viva entre Deus e o homem. Ensina o Papa emérito que: “A resposta
ao mandamento do amor se faz possível só com a experiência de que este amor já
nos foi dado antes por Deus (cf. encíclica «Deus caritas est», 14). O culto do
amor que se faz visível no mistério da Cruz, representado em toda celebração
eucarística, constitui, portanto, o fundamento para que possamos converter-nos
em instrumentos nas mãos de Cristo: só assim podemos ser arautos críveis de seu
amor. Esta abertura à vontade de Deus, contudo, deve renovar-se em todo
momento: «O amor nunca se dá por “concluído” e completado» (cf. encíclica «Deus
caritas est», 17). Acho oportuno que neste mês de junho, em preparação para a
festa do Sagrado Coração de Jesus, façamos um esforço de conhecer, ler, estudar
e meditar a Carta Encíclica Haurietis Aquas, do Sumo Pontífice Papa Pio
XII, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus. O Papa Pio XII ensinou, com
propriedade, que, também a Igreja e os sacramentos são dons do sagrado
coração de Jesus. Diz o Papa: "Não se pode, pois, duvidar de que,
participando intimamente da vida do Verbo encarnado, e pelo mesmo motivo sendo,
não menos do que os demais membros da sua natureza humana, como que instrumento
conjunto da Divindade na realização das obras da graça e da onipotência
divina,(28), o Sagrado Coração de Jesus é também símbolo legítimo daquela
imensa caridade que moveu o nosso Salvador a celebrar, com o derramamento do
seu sangue, o seu místico matrimônio com a Igreja: "Sofreu a paixão por
amor à Igreja que Ele devia unir a si como esposa".(29) Portanto, do coração
ferido do Redentor nasceu a Igreja, verdadeira administradora do sangue da
redenção, e do mesmo coração flui abundantemente a graça dos sacramentos, na
qual os filhos da Igreja bebem a vida sobrenatural, como lemos na sagrada
liturgia: "Do coração aberto nasce a Igreja desposada com Cristo... Tu,
que do coração fazes manar a graça".(30) A respeito desse símbolo, que nem
mesmo dos antigos Padres, escritores e eclesiásticos foi desconhecido, o Doutor
comum, fazendo-se eco deles, assim escreve: "Do lado de Cristo brotou água
para lavar e sangue para redimir. Por isso, o sangue é próprio do sacramento da
Eucaristia; a água, do sacramento do Batismo, o qual, entretanto, tem força
para lavar em virtude do sangue de Cristo".(31) O que aqui se afirma do
lado de Cristo, ferido e aberto pelo soldado, cumpre aplicá-lo ao seu coração,
ao qual, sem dúvida, chegou a lançada desfechada pelo soldado, precisamente
para que constasse de maneira certa a morte de Jesus Cristo. Por isso, durante
o curso dos séculos, a ferida do coração sacratíssimo de Jesus, morto já para
esta vida mortal, tem sido a imagem viva daquele amor espontâneo com que Deus
entregou seu Unigênito pela redenção dos homens, e com o qual Cristo nos amou a
todos tão ardentemente que a Si mesmo se imolou como hóstia cruenta no
Calvário: "Cristo amou-nos e ofereceu-se a Deus em oblação e hóstia de
odor suavíssimo" (Ef 5, 2) “(Cf. Haurietis Aquas, 39). A Igreja estima muito a devoção ao Sagrado
Coração de Jesus e, particularmente o Apostolado da Oração nos matricula na
escola do Coração de Cristo, porque a Igreja e todos os batizados são dons do
Sagrado Coração de Jesus. A ternura e a acolhida de Cristo para com todos deve
ser o apanágio de nossa devoção ao Coração de Cristo, que sempre acolheu e nos
ensina a acolher e a evangelizar. Portanto, prestar culto ao Sagrado Coração de
Cristo significa adorar aquele Coração que, depois de nos ter amado até o fim,
foi trespassado por uma lança e do alto da Cruz derramou sangue e água, fonte
inexaurível de vida nova. A festa do
Sagrado Coração é também o Dia Mundial pela Santificação dos Sacerdotes,
ocasião propícia para rezar a fim de que os presbíteros nada anteponham ao amor
de Cristo. Que nossos sacerdotes possam, a exemplo do que representa a imagem
do Sagrado Coração de Jesus, lançar a sua mão direita, aberta para o infinito,
convocando todos os que estão à margem para procurarem o Coração de Cristo, que
é a Igreja. E nossas mãos esquerdas, a exemplo da imagem do Sagrado Coração,
sejam sempre dirigidas, com nossos atos, para o Coração de Cristo, que a todos
nós acolhe, ama, perdoa e nos fortaleza na missão de testemunhar o
Ressuscitado!
Levemos o amor do Coração
de Cristo às periferias e que nossas lideranças e clero promovam uma nova
evangelização.
Sagrado Coração de Jesus,
temos confiança em vós!
fonte:
www.arqrio.org.br
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