18/fevereiro/2015 - Quarta-feira de Cinzas- Evangelho: Mateus 6, 1-6.16-18
Reflexão:
A Liturgia da Palavra nos dá,
hoje, a orientação correta para vivermos frutuosa mente a Quaresma, tempo
favorável de graça, dia de salvação. Penitência e arrependimento não são
caminhos de tristeza, de depressão, mas caminho de luz e de alegria, porque, nos levam a reconhecer a nossa verdade de
pecadores, e também nos abrem ao amor e à misericórdia de Deus. O profeta, em
nome de Deus, convida o povo a percorrer o caminho da esperança, fazendo
penitência; os apóstolos recebem de Deus o ministério da reconciliação; a
Igreja repete a boa nova: «É este o tempo favorável, é este o dia da salvação»
(2 Cor 6, 2). Com todo o povo de Deus, somos convidados a caminhar, a nos voltar
para o Senhor, a deixar-nos reconciliar, a dar a Cristo ocasião de tomar sobre
Si o nosso pecado, porque só Ele o conhece e pode expiar. Renovados pelo amor,
podemos viver alegre e confiante na presença de Deus, nosso Pai, cumprindo
humildemente tudo quanto Lhe agrada e é útil para os irmãos. E a presença do
Pai, no mais íntimo de nós mesmos, nos garante a verdadeira alegria. Jesus, no
evangelho, mostra qual deve ser a nossa atitude quando praticamos obras de
penitência (tais como a esmola, a oração, o jejum), e insiste na retidão
interior, garantida pela intimidade com o Pai. Era essa a atitude e a
orientação do próprio Jesus em todas as suas palavras e obras. Nada fazia para
ser admirado pelos homens. Nós podemos ser tentados a fazer o bem para obtermos
a admiração dos outros. Mas essa atitude, por um lado, nos fecha em nós mesmos,
por outro lado nos projeta para fora de nós, tornando-nos dependentes da
opinião dos outros. Há, pois, que fazer
o bem porque é bom, e porque Deus é Deus, e nos dá oportunidade de vivermos em
intimidade e solidariedade com Ele, para o bem dos nossos irmãos. Estar cheios de Deus,
viver na sua presença, é a máxima alegria neste mundo, e nos garante essa mesma
situação, levada à perfeição, no outro.
Converter-se "ao
Evangelho"! O Evangelho para nós, mais do que um livro, é uma pessoa,
Jesus Cristo. É necessária a "conversão" ao verdadeiro conhecimento
de Cristo. Não um conhecimento intelectual, como aquele que se obtém nas aulas
de teologia. É preciso um conhecimento de fé, uma experiência viva, como aquela
de fala S. Paulo: "Na verdade, em tudo isso só vejo dano, comparado com o supremo
conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele tudo desprezei e tenho em
conta de esterco, a fim de ganhar Cristo ... Assim poderei conhece-lo, à força da Sua Ressurreição e à comunhão nos
seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à
ressurreição. Não que eu já tenha alcançado a meta, ou que já seja perfeito,
mas prossigo a minha carreira para ver se de algum modo a poderei alcançar,
visto que já fui alcançado por Jesus Cristo' (Fil 3, 8.10-13).
Façamos nesta Quaresma as
obras de penitência que pudermos. Mas as façamos na intimidade e na presença do
Senhor, que havemos de procurar na oração, na Eucaristia, na comunidade... Não
esqueçamos a ascese, especialmente a que nos é exigida pelo fiel cumprimento
dos nossos compromissos com Deus e com os irmãos.
Meditação. . .
Que sou eu? Cinza e pó. O
pó é levado pelo vento. Assim acontece com a minha pobre natureza. Sou
acessível a todo o vento da tentação. A minha vontade é tão móvel como o pó. Em
que é então que me posso orgulhar? Que lição de humildade!
Porque é que o barro e a
cinza se orgulham, pergunta o Sábio (Eccli 10, 8). Todos os homens, diz ainda,
são apenas terra e cinza (17, 31). Os povos, depois de um rápido brilho, são
como um amontoado de cinza depois do incêndio, diz Isaías (33, 12).
A nossa vida desaparecerá
como se extingue uma fagulha, diz o Sábio, e o nosso corpo cairá feito em
cinzas (Sab 2, 3).
Abraão dizia: «Ousarei
falar a Deus, eu que não sou senão cinza e pó?» (Gen 18, 27).
No entanto, falou a Deus
com humildade e confiança.
Tal deve ser o fruto desta
cerimônia. Devo recordar-me, todos os dias, do meu nada e da minha fragilidade.
O sinal material apagar-se-á da minha fronte, mas o pensamento que exprime deve
permanecer gravado na minha memória.
Sou apenas nada, no
entanto irei ter com Deus, mas irei com humildade. Irei lamentando as minhas
faltas, irei fazendo reparação e confissão pública pelos meus pecados e pelos
dos meus irmãos.
Irei com a consciência da
minha fraqueza, mas mesmo assim confiante, porque Deus é bom, porque o Filho de
Deus tomou um coração para me amar e partir este coração para deixar escorrer
sobre a minha alma o perfume da sua misericórdia (Leão Dehon, OSP 3, p. 196).
Ação
Repete frequentemente e
vive hoje a palavra:
«E este o tempo favorável é este o dia da
salvação» (2 Cor 6,2)
Oração
Senhor, que, mais uma vez,
me ofereces a graça da Quaresma, tempo favorável, dia de salvação, ajuda-me a
vivê-lo no segredo onde me vês, me amas e me esperas. Sei que as coisas
exteriores têm a sua importância. Mas quero vivê-Ias na tua presença. Gostaria
de fazer muitas obras de penitência durante este tempo. Mas, se fizer poucas,
que sejam no teu amor, o que é mais importante do que fazer muitas para atrair
a admiração e a estima dos outros. Quero fazer o que puder na oração, na
mortificação, na caridade fraterna; mas quero fazê-lo na humildade e na
sinceridade diante de Ti. Infunde em mim o teu Espírito Santo que me conduza e
guie pelo deserto da penitência, durante esta Quaresma. Amém.
fonte:
www.dehonianos.org
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