08/fevereiro/2015 - 5º Domingo do Tempo Comum
- Mc 1, 29-39

O Evangelho de hoje resume
a missão de Jesus: Ele veio para levantar os homens feridos no seu corpo e no
seu espírito. Se pegou na mão da sogra de Pedro, quis atingir a mão de tantos
estropiados da vida que se apressavam no seu caminho. Ele veio, com o seu exemplo, nos dizer que somos
chamados a entrar em relação com Deus: “A glória de Deus é o homem vivo, a vida
do homem é a visão de Deus»”, dizia S. Ireneu. Se Jesus se retira para um lugar
deserto, não é para fugir do mundo, mas para falar do mundo a seu Pai. Ele
proclama a Boa Nova. Ora, qual é esta Boa Nova senão a libertação da humanidade
e a glória de Deus? Não é um exemplo que Jesus nos dá: estender as mãos aos
nossos irmãos em humanidade e, ao mesmo tempo, erguer os olhos para Deus na
oração? Missão e contemplação não se opõem, pelo contrário se completam e se enriquecem mutuamente.
Reflexão:
• As ações de Jesus em favor dos homens que o Evangelho deste domingo nos
apresenta mostram a eterna preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos
seus filhos. O projeto de Deus para os homens e para o mundo não é um projeto
de morte, mas de vida; o objetivo de Deus é conduzir os homens ao encontro
desse mundo novo (o “Reino de Deus”) de onde estão ausentes o sofrimento, a
maldição e a exclusão, e onde cada pessoa tem acesso à vida verdadeira, à
felicidade definitiva, à salvação. Talvez nem sempre entendamos o sentido do
sofrimento que nos espera em cada esquina da vida; talvez nem sempre sejam
claros, para nós, os caminhos por onde se desenrolam os projetos de Deus… Mas
Jesus veio nos garantir o empenho de
Deus na felicidade e na libertação do homem. Resta-nos confiar em Deus e
entregarmo-nos ao seu amor.
• O encontro com Jesus e com o “Reino” é sempre uma experiência libertadora.
Aceitar o convite de Jesus para O seguir e para se tornar “discípulo” significa
a ruptura com as cadeias de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de
auto-suficiência, de injustiça, de pecado que impedem a nossa felicidade e que
geram sofrimento, opressão e morte nas nossas vidas e nas vidas dos nossos
irmãos. Quem se encontra com Jesus, escuta e acolhe a sua mensagem e adere ao
“Reino”, assume o compromisso de conduzir a sua vida pelos valores do Evangelho
e passa a viver no amor, no perdão, na tolerância, no serviço aos irmãos. É –
na perspectiva da catequese que o Evangelho de hoje nos apresenta – um “levantar-se”,
um ressuscitar para a vida nova e eterna. O meu encontro com Jesus constituiu,
verdadeiramente, uma experiência de libertação e levou-me a optar pelos valores
do Evangelho?
• A história da sogra de Pedro que, depois do encontro com Jesus, “começou a servir”
os que estavam na casa, nos lembra que do encontro libertador com Jesus deve
resultar o compromisso com a libertação dos nossos irmãos. Quem encontra Jesus
e aceita inserir-se na dinâmica do “Reino”, compromete-se com a transformação
do mundo… Compromete-se a realizar, em favor dos irmãos, os mesmos “milagres”
de Jesus e a levar vida, paz e esperança aos doentes, aos marginalizados, aos
oprimidos, aos injustiçados, aos perseguidos, aos que sofrem. Os meus gestos
são sinais da vida de Deus (“milagres”) para os irmãos que caminham ao meu
lado?
• Na multidão que se concentra à porta da “casa de Pedro” podemos ver essa
humanidade que anseia pela sua libertação e que grita, dia a dia, a sua
frustração pela guerra, pela violência, pela injustiça, pela miséria, pela
exclusão, pela marginalização, pela falta de amor… A Igreja de Jesus Cristo (a
“casa de Pedro”) tem uma proposta libertadora que vem do próprio Jesus e que
deve ser oferecida a todos estes irmãos que vivem prisioneiros do sofrimento… O
que é que nós, discípulos de Jesus, temos feito no sentido de oferecer a
proposta libertadora de Jesus aos nossos irmãos oprimidos? Ao olhar para a
Igreja de Jesus, eles encontram solidariedade, ajuda, fraternidade, preocupação
real com os seus dramas e misérias, ou apenas discursos teológicos abstratos e
virados para o céu? Os nossos irmãos idosos, doentes, marginalizados,
esquecidos encontram nos nossos gestos o amor libertador de Jesus que dá
esperança e que aponta no sentido de um mundo novo, ou encontram egoísmo,
indiferença, marginalização?
• O exemplo de Jesus mostra que o aparecimento do “Reino de Deus” está ligado a
uma vida de comunhão e de diálogo com Deus. Rezar não é fugir do mundo ou
alienar-se dos problemas do mundo e dos dramas dos homens… Mas é uma tomada de
consciência dos projetos de Deus para o mundo e um ponto de partida para o
compromisso com o “Reino”. Só na comunhão e no diálogo íntimo com Deus
percebemos os seus projetos e recebemos a força de Deus para nos empenharmos na
transformação do mundo. É preciso, portanto, que o discípulo encontre espaço,
na sua vida, para a oração, para o diálogo com Deus.
Rezar não é perder tempo… “Todos Te procuram”. Há uma espécie de reprimenda nas
palavras dos apóstolos. É verdade: há tantos doentes para curar, o sofrimento é
um oceano inesgotável! Então, porque Jesus se retira para um lugar deserto para rezar?
Face às urgências do momento, não deveria ficar no meio dos pobres para alivia-los?
Porém… As curas corporais, por mais importantes que sejam, têm apenas um tempo.
Todos os miraculados de Jesus são mortos! Então Jesus quer fazer compreender
que os seus milagres são sinais que apontam para outra realidade, infinitamente
mais importante: a sua vitória sobre o único mal que pode verdadeiramente matar
os homens, o pecado, a recusa do amor. É para isso que o seu Pai O enviou. Jesus
deve, pois, alimentar-se desta vontade do Pai, para cumpri-la até ao fim. Passar tempo rezando não
é perder o seu tempo. Pelo contrário, é deixar a vontade do seu Pai invadi-lo
cada vez mais. É isso que Jesus quer que os discípulos, daquele tempo e de hoje,
compreendam: é preciso que também eles se enraízem cada vez mais profundamente
neste amor do Pai. Então poderemos nos tornar testemunhas eficazes deste amor,
que se transbordará, sem dúvida, no serviço muito concreto aos pobres e aos
doentes, e que abrirá perspectivas sobre o nosso verdadeiro destino: a vida
eterna junto do Pai.
Meditação para a semana …
Anunciar o Evangelho… “ai de mim se não evangelizar!” Não nos é pedido o
impossível, mas talvez, numa ou noutra ocasião, poderíamos testemunhar a nossa
fé nesta “Boa Nova”: na nossa maneira de reagir face às preocupações da vida
(preocupações materiais face à grave crise econômica que estamos passando em
todo o mundo, problemas de saúde, incertezas nas nossas relações), na nossa
maneira de misturar ou não Deus nos problemas dos homens, nas palavras de
alívio que podemos dizer a todo aquele que procura, que duvida, que sofre, ou
ainda nas palavras de esperança que podemos ousar dizer, com respeito, face a
uma situação difícil…
Anunciar o Evangelho é,
talvez, deixar simplesmente transparecer a força que nos habita…
fonte:
www.dehonianos.org
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