04/janeiro/2015 -
Solenidade da Epifanía do Senhor
A liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… Ele
é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da
terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz”
encarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao
encontro da salvação, da vida definitiva. A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que
transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os
“magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra… Atentos aos
sinais da chegada do Messias, procuram-no com esperança até O encontrar,
reconhecem nele a “salvação de Deus” e o aceitam como “o Senhor”. A salvação
rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece
a todos os homens, sem exceção. A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que
vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade
de irmãos – a comunidade de Jesus.
Reflexão:
• Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus
nos apresenta em confronto com Jesus: os “magos”, Herodes, os príncipes dos
sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, o libertador enviado por
Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a
adoração (os “magos”), até à rejeição total (Herodes), passando pela
indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao
encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados).
Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil “conhecer as Escrituras”,
como profissionais da religião e, depois, deixar de lado as propostas e os valores de Jesus ?
• Os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na
“estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais”
– isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa
vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso
caminho a vontade de Deus?
• Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “magos”: viram
a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos
capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos muito agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão
especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos
capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos
irmãos?
• Os “magos” representam
os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta
libertadora que Ele traz e que se prostram diante dele. É a imagem da Igreja –
essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que
aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
A caminho da estrela… Os
magos tinham o hábito de perscrutar os astros. Eles viram uma estrela, sem
dúvida nova para os seus olhos, então colocaram-se a caminho… Aquele que procuravam parece querer
fazer-se conhecer, um sinal basta para estes magos. Param, experimentam uma
grande alegria, prostram-se e oferecem os seus presentes. A criança que eles
descobrem não é uma criança como as outras: é rei, então oferecem-lhe ouro; é
Deus, então queimam incenso; passará pela morte antes de ressuscitar, então
apresentam a mirra. Para o regresso, não têm necessidade de estrela. Deus os convida
a regressar por outro caminho. O verdadeiro rei não é Herodes, mas esta criança
que acaba de nascer.
Meditação para a semana …
Aceitar pôr-se a caminho…
Erguer os olhos: tal é o
convite que nos é feito hoje. Uma estrela brilha sempre na noite, se nós a
perscrutamos com atenção. Erguer os olhos: descentrar-se de si mesmo, procurar
ajuda da parte de qualquer outro, de Deus. Depois de ver a estrela, aceitar
pôr-se a caminho.
Nos próximos dias, esta
estrela será talvez uma caminhada a empreender para sair, encontrar ajuda ou
levar ajuda a alguém, tomar uma decisão até aqui adiada…
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