No 34º Domingo do Tempo
Comum, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é
rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são
chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo
definitivo no mundo que há de vir. A
primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para
definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a
autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da
história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o
amor de Deus pelo seu Povo. O Evangelho nos apresenta, num quadro dramático, o “rei” Jesus a questionar
os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com
os pobres, os fracos, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o
fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm
lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses
critérios ficará à margem do Reino. Na segunda leitura, Paulo lembra aos
cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse “Reino
de Deus” de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo,
Deus se manifestará em tudo e atuará como Senhor de todas as coisas.
REFLEXÃO:
• Quem é que a nossa
sociedade considera uma “pessoa de sucesso”? Qual o perfil do homem
“importante”? Quais são os padrões usados pela nossa cultura para verificar a realização ou a não realização de alguém? No
geral, o “homem de sucesso”, que todos reconhecem como importante e realizado,
é aquele que tem dinheiro suficiente para concretizar todos os sonhos e
fantasias, que tem poder suficiente para ser temido, que tem êxito suficiente
para juntar à sua volta multidões de aduladores, que tem fama suficiente para
ser invejado, que tem talento suficiente para ser admirado, que tem a pouca
vergonha suficiente para dizer ou fazer o que lhe apetece, que tem a vaidade
suficiente para se apresentar aos outros como modelo de vida… No entanto, de
acordo com a parábola que o Evangelho propõe, o critério fundamental usado por
Jesus para definir quem é uma “pessoa de sucesso” é a capacidade de amar o
irmão, sobretudo o mais pobre e desprotegido. Para mim, o que é que faz mais
sentido: o critério do mundo ou o critério de Deus? Na minha perspectiva, qual
é mais útil e necessário: o “homem de sucesso” do mundo ou o “homem de sucesso”
de Deus?
• O amor ao irmão é, portanto, uma condição essencial para fazer parte do
Reino. Nós cristãos, cidadãos do Reino, temos consciência disso e nos sentimos
responsáveis por todos os irmãos que sofrem? Os que não têm trabalho, nem pão,
nem casa, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os imigrantes, perdidos
numa realidade cultural e social estranha, vítimas de injustiças e violências,
condenados a um trabalho escravo e que, tantas vezes, não respeita a sua
dignidade, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os pobres, vítimas de
injustiças, que nem sequer têm a possibilidade de recorrer aos tribunais para
que lhes seja feita justiça, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os
que sobrevivem com pensões de miséria, sem possibilidades de comprar os
medicamentos necessários para aliviar os seus padecimentos, podem contar com a
nossa solidariedade ativa? Os que estão sozinhos, abandonados por todos, sem
amor nem amizade, podem contar com a nossa solidariedade ativa? Os que estão
enfermos presos a um leito de hospital, ou impossibilitados de caminhar em suas
casas, ou ainda em uma cela de prisão, marginalizados e condenados em vida,
podem contar com a nossa solidariedade ativa?
• O Reino de Deus – isto é, esse mundo novo onde reinam os critérios de Deus e
que se constrói de acordo com os valores de Deus – é uma semente que Jesus
semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor)
e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há de vir. Não esqueçamos, no
entanto, este fato essencial: o Reino de Deus está no meio de nós; a nossa
missão é fazer com que ele seja uma realidade bem viva e bem presente no nosso
mundo. Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para
passar a ser uma realidade crescendo e transformando o mundo e a vida dos homens.
• Alguém acusou a religião cristã de ser o “ópio do povo”, por induzirem as pessoas
a sonhar com o mundo que há de vir, em lugar de levá-las a um compromisso efetivo com a
transformação do mundo, aqui e agora. Na verdade, nós os cristãos caminhamos ao
encontro do mundo que há de vir, mas de pés bem fincados na terra, atentos à
realidade que nos rodeia e preocupados em construir, desde já, um mundo de
justiça, de fraternidade, de liberdade e de paz. A experiência religiosa não
pode, nunca, nos servir de pretexto para
a evasão, para a fugir das responsabilidades, para fugir das nossas obrigações para com o mundo e para
com os irmãos.
Meditação para a semana .
. .
Empenhemo-nos nesta semana em dar, em nome do Senhor, ternura e conforto aos
“pequenos” ignorados mas tão próximos (no nosso prédio, bairro, cidade… e, quem
sabe, até na nossa casa, comunidade cristã, comunidade religiosa…).
A sua coroa será feita de espinhos… O seu
trono será uma cruz… O seu poder diferente do poder do mundo… O seu mandamento
será o do Amor… O seu exército será composto por homens desarmados… A sua Lei
são as bem-aventuranças… O seu Reino será um mundo de paz… Decididamente, este
rei não é como os outros, porque o seu Reino não é deste mundo. Contudo, nós
somos os seus sujeitos convidados a segui-lo, fazendo com que se realize este
Reino. Isso o fazemos sempre que somos construtores da paz e nos amamos como
Ele nos ama.
Nada mais… mas nada menos!
fonte:
www.dehonianos.org.br
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