A liturgia do 25º Domingo
do Tempo Comum nos convida a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos
pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens, quanto o céu
está acima da terra. Nos sugere, como consequência, a renúncia aos esquemas do
mundo e a conversão aos esquemas de Deus.
A primeira leitura pede aos crentes que voltem para Deus. “Voltar para
Deus” é um movimento que exige uma transformação radical do homem, de forma a
que os seus pensamentos e ações reflitam a lógica, as perspectivas e os valores
de Deus. O Evangelho nos diz que Deus chama à salvação todos os homens, sem
considerar a tradição na fé, os
créditos, as qualidades ou os comportamentos anteriormente assumidos. A Deus
interessa apenas a forma como se acolhe o seu convite. Nos pede
uma transformação em nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Deus
não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade. A segunda
leitura nos apresenta o exemplo de um cristão (Paulo) que abraçou, de forma
exemplar, a lógica de Deus. Renunciou aos interesses pessoais e aos esquemas de
egoísmo e de comodismo, e colocou no centro da sua existência Cristo, os seus
valores, o seu projeto.
Reflexão:
• Antes de mais nada, o texto deixa claro que o Reino de Deus (esse
mundo novo de salvação e de vida plena) é para todos sem exceção. Para Deus não
há marginalizados, excluídos, indignos, desclassificados… Para Deus, há homens
e mulheres – todos seus filhos, independentemente da cor da pele, da
nacionalidade, da classe social – a quem Ele ama, a quem Ele quer oferecer a
salvação e a quem Ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa
verdadeiramente decisiva é se os convidados aceitam ou não trabalhar na vinha de Deus.
Fazer parte da Igreja de Jesus é fazer uma experiência radical de comunhão
universal.
• Todos têm lugar na Igreja de Jesus… Mas todos terão a mesma dignidade e
importância? Jesus garante que sim.
Não há trabalhadores mais importantes do que os outros, não há trabalhadores de
primeira e de segunda classe. O que existe é homens e mulheres que aceitaram o
convite do Senhor – tarde ou cedo, não interessa – e foram trabalhar para a sua
vinha. Dentro desta lógica, que sentido é que fazem certas atitudes de quem se
sente dono da comunidade porque “estou aqui há mais tempo do que os outros”, ou
porque “tenho contribuído para a comunidade mais do que os outros”? Na
comunidade de Jesus, a idade, o tempo de serviço, a cor da pele, a posição
social, a posição hierárquica, não servem para fundamentar qualquer tipo de
privilégios ou qualquer superioridade sobre os outros irmãos. Embora com
funções diversas, todos são iguais em dignidade e todos devem ser acolhidos,
amados e considerados de igual forma.
• O texto denuncia ainda essa concepção
de Deus como um “negociante”, que contabiliza os créditos dos homens e lhes
paga em consequência. Deus não faz negócio com os homens: Ele não precisa da
mercadoria que temos para Lhe oferecer. O Deus que Jesus anuncia é o Pai que
quer ver os seus filhos livres e felizes e que, por isso, derrama o seu amor,
de forma gratuita e incondicional, sobre todos eles. Sendo assim que sentido
fazem certas expressões da vivência religiosa que são autênticas negociatas com
Deus (“se tu me fizeres isto, prometo-te aquilo”; “se tu me deres isto, pago-te
com aquilo”)?
• Entender que Deus não é um negociante, mas um Pai cheio de amor pelos seus
filhos, significa também renunciar a uma lógica interesseira no nosso
relacionamento com ele. O cristão não faz as coisas por interesse, ou de olhos
postos numa recompensa (o céu, a “sorte” na vida, a eliminação da doença, o ganhar
na loteria), mas porque está convicto de que esse comportamento que Deus lhe
propõe é o caminho para a verdadeira vida. Quem segue o caminho certo, é feliz,
encontra a paz e a serenidade e colhe, logo aí, a sua recompensa.
• Com alguma frequência encontramos cristãos que não entendem porque é que Deus
ama e aceita na sua família, em pé de igualdade com os filhos da primeira hora,
esses que só tardiamente responderam ao apelo do Reino. Sentem-se injustiçados,
incompreendidos, ciumentos, invejosos e condenam, mais ou menos veladamente,
essa lógica de misericórdia que, à luz dos critérios humanos, lhes parece muito
injusta. Na sua perspectiva, a fidelidade a Deus e aos seus mandamentos merece
uma recompensa e esta deve ser tanto maior quanto maior a antiguidade e a
qualidade dos “serviços” prestados a Deus. Que sentido faz esta lógica à luz
dos ensinamentos de Jesus?
Meditação para a semana. .
.“Ide também vós para a minha Vinha!”
.“Ide também vós para a minha Vinha!”
Pobreza na nossa Igreja.
Falta de vocações…
Assembléias dominicais
“raquíticas”…
Cada vez menos crianças na
catequese…
Críticas… Lamentações… Decepções…
“Ide também vós para a minha Vinha!”
Compreendemos bem que Jesus não faz seleção e
que Se dirige a todos sem exceção. Cabe-nos a nós aceitar ser “contratados”.
Há trabalho para todos?
Vamos para a sua vinha?
fonte:
www.dehonianos.org
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