
Reflexão:
• A palavra “tolerância” é uma palavra profundamente
cristã, que sugere o respeito pelo outro, pelas suas diferenças, até pelos seus
erros e falhas. No entanto, o que significa “tolerância”? Significa que cada um
pode fazer o mal ou o bem que quiser, sem que tal nos diga minimamente
respeito? Implica recusarmo-nos a intervir quando alguém toma atitudes que
atentam contra a vida, a liberdade, a dignidade, os direitos dos outros? Quer
dizer que devemos ficar indiferentes quando alguém assume comportamentos de
risco, porque ele “é maior e vacinado” e nós não temos nada com isso? Quais são
as fronteiras da “tolerância”? Diante de alguém que se obstina no erro, que
destrói a sua vida e a dos outros, devemos ficar de braços cruzados? Até que
ponto vai a nossa responsabilidade para com os irmãos que nos rodeiam? A
“tolerância” não será, tantas vezes, uma desculpa que serve para disfarçar a
indiferença, a demissão das responsabilidades, o comodismo?
• O Evangelho deste domingo sugere a nossa responsabilidade em ajudar cada
irmão a tomar consciência dos seus erros. Convida-nos a respeitar o nosso
irmão, mas a não pactuar com as atitudes erradas que ele possa assumir. Amar
alguém é não ficar indiferente quando ele está fazendo mal a si próprio; por isso, amar
significa, muitas vezes, corrigir, admoestar, questionar, discordar,
interpelar… É preciso amar muito e respeitar muito o outro, para correr o risco
de não concordar com ele, de lhe fazer observações que vão magoa-lo; no entanto, trata-se de uma
exigência que resulta do mandamento do amor…
• Que atitude tomar em relação a quem erra? Como proceder? Antes de mais nada,
é preciso evitar comentar os erros e as falhas dos outros. O comentar
publicamente o erro do irmão, pode significar destruir-lhe a credibilidade e o
bom-nome, a paz e a tranquilidade, as relações familiares e a confiança dos
amigos. Fazer com que alguém seja julgado na praça pública – seja ou não
culpado – é condená-lo antecipadamente, é não dar-lhe a possibilidade de se
defender e de se explicar, é restringir-lhe o direito de apelar à misericórdia
e à capacidade de perdão dos outros irmãos. Humilhar o irmão publicamente é,
sobretudo, uma grave falta contra o amor. É por isso que o Evangelho de hoje
convida a ir ao encontro do irmão que falhou e a repreendê-lo a sós…
• Sobretudo, é preciso que a nossa intervenção junto do nosso irmão não seja
guiada pelo ódio, pela vingança, pelo ciúme, pela inveja, mas seja guiada pelo
amor. A lógica de Deus não é a condenação do pecador, mas a sua conversão; e
essa lógica devia estar sempre presente, quando nos confrontamos com os irmãos
que falharam. O que é que nos leva, por vezes, a agir e a confrontar os nossos
irmãos com os seus erros: o orgulho ferido, a vontade de humilhar aquele que
nos magoou, a má vontade, ou o amor e a vontade de ver o irmão reencontrar a
felicidade e a paz?
• A Igreja tem o direito e o dever de pronunciar palavras de denúncia e de
condenação, diante de atos que afetam gravemente o bem comum… No entanto, deve
distinguir claramente entre a pessoa e os seus atos errados. As ações erradas
devem ser condenadas; os que cometeram essas ações devem ser vistos como
irmãos, a quem se ama, a quem se acolhe e a quem se dá sempre outra
oportunidade de acolher as propostas de Jesus e de integrar a comunidade do
Reino.
Meditação para a semana. . .
Ser sentinela… A religião cristã não é um simples assunto pessoal que só a nós
diz respeito e que nos desinteressa dos outros. “Sentinela”: qual é o cuidado
missionário que está em nós para transmitir a Palavra do Senhor aos nossos
irmãos? O nosso amor para com eles é suficientemente forte para convida-los a uma mudança de conduta, se
necessário? “Sentinelas”: o amor ao próximo é para nós uma dinâmica de
conversão pessoal e comunitária?
fonte:
www.dehonianos.org.br
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