26-junho-2016 - 13º Domingo do Tempo Comum - Lc
9,51-62
A liturgia nos sugere que Deus conta conosco para intervir no
mundo, para transformar e salvar o mundo; e nos convida a responder a esse
chamamento com disponibilidade e com radicalidade, na doação total de nós
mesmos às exigências do “Reino”. A
primeira leitura nos apresenta um Deus que, para atuar no mundo e na história,
pede a ajuda dos homens; Eliseu (discípulo de Elias) é o homem que escuta o
chamamento de Deus, corta radicalmente com o passado e parte generosamente ao
encontro dos projetos que Deus tem para ele.
O Evangelho apresenta o “caminho do discípulo” como um caminho de
exigência, de radicalidade, de entrega total e irrevogável ao “Reino”. Sugere,
também, que esse “caminho” deve ser percorrido no amor e na entrega, mas sem
fanatismos nem fundamentalismos, no respeito absoluto pelas opções dos outros. A segunda leitura diz ao “discípulo” que o
caminho do amor, da entrega, da doação da vida, é um caminho de libertação.
Responder ao chamamento de Cristo, identificar-se com Ele e aceitar dar-se por
amor, é nascer para a vida nova da liberdade.
Reflexão:
¨ A nós, discípulos de Jesus, é proposto que O sigamos
no “caminho” de Jerusalém, nesse “caminho” que conduz à salvação e à vida
plena. Trata-se de um “caminho” que implica a renúncia a nós mesmos, aos nossos
interesses, ao nosso orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da
vida, com a doação de nós próprios, com
o amor até às últimas consequências. Aceitamos ser discípulos, isto é, embarcar
com Jesus no “caminho de Jerusalém”?
¨ Jesus recusa,
liminarmente, responder à oposição e à hostilidade do mundo com qualquer
atitude de violência, de agressividade, de vingança. No entanto, a Igreja de
Jesus, na sua caminhada histórica, tem trilhado caminhos de violência, de
fanatismo, de intolerância (as cruzadas, as conversões à força, os julgamentos da “santa” Inquisição, as exigências que criam
em tantas consciências escravidão e sofrimento…). Diante disto, resta-nos
reconhecer que, infelizmente, nem sempre vivemos na fidelidade aos caminhos de
Jesus e pedir desculpa aos nossos irmãos pela nossa falta de amor. É preciso,
também, continuar a anunciar o Evangelho com fidelidade, com firmeza e com
coragem, mas no respeito absoluto por aqueles que querem seguir outros caminhos
e fazer outras opções.
¨ O “caminho do
discípulo” é um caminho exigente, que implica uma doação total ao “Reino”. Quem
quiser seguir Jesus, não pode deter-se para pensar nas vantagens ou
desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para
trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus… O que é que, na nossa vida
quotidiana, ainda nos impede de concretizar um compromisso total com o “Reino”
e com esse caminho da doação da vida e do amor total?
Frases fortes, às vezes revoltantes, as do
Evangelho de hoje. É impossível pararmos em cada uma delas. Retenhamos a última
afirmação de Jesus: “Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não
serve para o reino de Deus”. Mas olhar para trás pode ser útil, mesmo
necessário: parar para fazer uma reflexão da situação, fazer o balanço, saber
onde se está, reconhecer os erros cometidos mas também os progressos
realizados, para poder recomeçar melhor. É também dar graças pelas amizades,
pelas experiências enriquecedoras. E tirar lições positivas dos fracassos. Tudo
isso é bom e Jesus não pode condenar ou proibir isso. Mas há outra maneira de
olhar para trás: é querer voltar para trás, manter em si uma vã nostalgia, como
quando dizemos, por exemplo, que “antigamente, é que era bom, era melhor que
agora!”. Lamentamos o tempo em que, pensamos nós, havia o respeito dos
verdadeiros valores, onde havia referências seguras, que pensávamos imutáveis.
Lembramo-nos das igrejas cheias, das missas em latim. “Nessa altura, sim, havia
fé!”, dizemos, enquanto que, hoje, só há dinheiro, violência, sexo, divórcios,
droga! E suspiramos: “No meu tempo, não era assim!” Ora, esquecemos
simplesmente que o “meu tempo” é o tempo que me é dado hoje. Não é mais ontem,
não é ainda amanhã, é hoje. Mais ainda, quando acreditamos que Jesus
ressuscitou, referimo-nos a um acontecimento que se passou há dois mil anos. E
pensamos, por vezes, que para nos juntarmos a Jesus, é preciso voltar atrás.
Isso é um grande erro. Pela sua ressurreição, Jesus saiu do nosso tempo,
tornou-Se o contemporâneo de cada momento do tempo. Jesus conhece-me,
encontra-me, dá-me a sua presença hoje, em cada instante da minha vida. Jesus
pede-me para não voltar atrás, porque me diz: “É agora que te amo, é agora que
quero encontrar-te, estar contigo”. Se aceito isso, então sou “feito para o
Reino!”
Quando Lucas menciona que Jesus tomou com coragem o
caminho de Jerusalém, apresenta Cristo plenamente livre e decidido em ir até ao
fim da sua missão, com o risco de aí viver a sua Paixão. É, pois, um Cristo a
caminho que reencontram os seus discípulos e, nesta caminhada como em todas as
outras, há obstáculos de toda a espécie. Encontra a recusa dos Samaritanos, mas
Jesus passa e respeita a liberdade das pessoas que encontra. Ao contrário de
Tiago e João que queriam empregar o método da força… E depois, quando alguém
caminha dá também vontade de seguir os seus passos. Somente Cristo em marcha
sabe aonde vai, avança com passo decidido. Então, quem quiser segui-lo não pode
ter hesitações nem restrições. Para Ele, o tempo urge, tem a ver com a salvação
da humanidade, com a vontade do Pai. Se Jesus parece exigente para com aqueles
que O querem seguir, é porque Ele mesmo é exigente quanto à sua própria
caminhada. É caminhando que Jesus convida a colocarmo-nos a caminho atrás
d’Ele. Então, aqueles que o seguirem poderão dizer como Paulo: “combati o bom
combate, acabei a minha carreira, guardei a fé”.
ORAÇÃO
Deus de bondade, de luz, de vida e de alegria, como Elias
e Eliseu, vale a pena agarrarmo-nos a Ti sem olhar para trás. Nós Te damos
graças pelos teus apelos. Nós Te pedimos pelos nossos irmãos e irmãs indecisos,
que duvidam e hesitam em dar o passo, nas múltiplas solicitações da
existência.
Pai, nós Te damos graças pela libertação realizada pelo
teu Filho, que nos purifica das forças do mal, e pelo dom do teu Espírito, que
nos purifica do egoísmo. Escutando o teu Filho Jesus, colocamo-nos sob a ação
do Espírito Santo, para que nos penetre com a sua luz e nos indique o
caminho.
Deus fiel, bendito sejas pela paciência que o teu Filho
Jesus nos revela: não lanças o fogo do céu sobre os indiferentes e os duros de
coração, porque não queres a morte do pecador, mas que ele viva. Nós Te
pedimos: liberta-nos do peso das nossas culpabilidades, purifica-nos dos erros
cometidos, para que possamos seguir o teu Filho com um coração leve e puro.
Meditação ´para a semana. . .
Apelo e convite a amar.
Apelo: um convite presente em
todas as leituras deste domingo. Apelo que recebe um acolhimento favorável, mas
com resistências quanto à resposta. Sim, mas…
Vamos aceitar o apelo de Jesus a
segui-lo, vamos renovar o convite a segui-lo no amor, em cada momento, ao longo
da semana que se segue… ?
fonte:
www.dehonianos.org
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