12-junho-2016 - 11º Domingo do Tempo Comum - Lc 7,36 – 8,3
A liturgia deste domingo nos apresenta um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador; por isso, Ele multiplica “a fundo perdido” a oferta da salvação. Da descoberta de um Deus assim, brota o amor e a vontade de vivermos uma vida nova, integrados na sua família. A primeira leitura nos apresenta, através da história do pecador David, um Deus que não pactua com o pecado; mas que também não abandona esse pecador que reconhece a sua falta e aceita o dom da misericórdia.Na segunda leitura, Paulo nos garante que a salvação é um dom gratuito que Deus oferece, não uma conquista humana. Para ter acesso a esse dom, não é fundamental cumprir ritos e viver na observância escrupulosa das leis; mas é preciso aderir a Jesus e identificar-se com o Cristo do amor e da entrega: é isso que conduz à vida plena.O Evangelho coloca diante dos nossos olhos a figura de uma “mulher da cidade que era pecadora” e que vem chorar aos pés de Jesus. Lucas dá a entender que o amor da mulher resulta de haver experimentado a misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdão gera amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso que age assim.
Reflexão:
Espantoso encontro na casa de Simão! O fariseu queria, sem dúvida, ver mais de perto este jovem rabino que dizia vir da parte de Deus. Falava bem, irradiava bondade. Porém… Tudo se desmorona! Eis que Jesus Se presta a uma cena no mínimo chocante, mesmo escabrosa. Esta mulher que se aproxima d’Ele é conhecida por ser da má vida, uma pecadora. Os seus gestos, ambíguos, dizem o que ela é. Mas o escândalo vem, sobretudo, pela reação de Jesus. Simão pensava ter convidado
um homem de Deus. E eis que está diante dele um homem como todos os outros,
talvez mesmo um futuro “cliente” da mulher. Se ao menos Jesus tivesse retirado
os seus pés, se tivesse protestado, colocado a mulher no seu devido lugar! Mas
não! Segundo a Lei, deixar-se tocar por uma mulher impura tornava-o cúmplice do
seu pecado. O paradoxo é grande! Cremos que Jesus é o Filho de Deus feito
homem, totalmente santo, sem qualquer pecado. Também para nós, a cena é
incompreensível: de um lado, a pureza, a presença mesmo do Deus três vezes
santo, o fogo ardente do seu amor; do outro, a impureza, o pecado, a água suja
das nossas misérias. Como vai terminar este encontro? Jesus vai cumprir uma
divina alquimia. Jesus dá a esta mulher um amor que transfigura os seus gestos
ambíguos. Faz deste encontro uma ocasião para manifestar a maneira de agir de
Deus para com os pecadores. Jesus não aprova o seu pecado. Mas acolhe esta
mulher tal como ela é. Aceita o que ela é capaz de Lhe dar. Se Ele a tivesse
afastado, tê-la-ia encerrado no seu pecado. Deixando-a fazer, quer fazer-lhe
compreender que não quer tomá-la para Si, como os outros homens que ela
encontrava. Dá-lhe um amor que ela nunca tinha recebido, um amor gratuito, para
faze-la nascer ela própria. Ele
transforma a água suja dos seus pecados em fonte purificadora, transfigurada
pelo fogo do amor divino. Porque a pecadora recebeu um perdão infinito e
gratuito, pôde, por sua vez, mostrar um grande amor, e nascer para a vida. É
isso que Jesus nos convida a viver quando vamos até Ele!
• Em primeiro lugar, o texto põe em relevo a atitude
de Deus, que ama sempre (mesmo antes da conversão e do arrependimento) e que
não Se sente contaminado por ser tocado pelos pecadores e pelos marginais. É o
Deus da bondade e da misericórdia, que ama todos como filhos e que a todos
convida a integrar a sua família. É esse Deus que temos que propor aos nossos
irmãos e que, de forma especial, temos que apresentar àqueles que a sociedade
trata como marginais.
• A figura de Simão, o fariseu, representa aqueles
que, instalados nas suas certezas e numa prática religiosa feita de ritos e
obrigações bem definidos e rigorosamente cumpridos, se acham em paz com Deus e
com os outros. Consideram-se no direito de exigir de Deus a salvação e
desprezam aqueles que não cumprem escrupulosamente as regras e que não têm
comportamentos social e religiosamente corretos. É possível que nenhum de nós
se identifique totalmente com esta figura; mas, não teremos, de quando em
quando, “tiques” de orgulho e de auto-suficiência que nos levam a
considerar-nos mais ou menos “perfeitos” e desprezar aqueles que nos parecem pecadores,
imperfeitos, marginais?
• A exclusão e a marginalização não geram vida nova;
só o amor e a misericórdia interpelam o coração e provocam uma resposta de
amor. Frequentemente se fala, entre nós, no agravamento das penas previstas
para quem infringe as regras sociais, como se estivesse aí a solução mágica
para a mudança de comportamentos… A lógica de Deus nos garante que só o amor e a misericórdia conduzem à vida
nova.
• Ultimamente, fala-se muito do papel e do estatuto
das mulheres na comunidade cristã. Este texto nos diz que, ao contrário do que era costume na época,
as mulheres faziam parte do grupo de Jesus. Que significa isso: que elas devem
ter acesso aos ministérios na comunidade cristã? Seja qual for a resposta, o
que é importante é que não façamos disto uma luta pelo poder, ou uma
reivindicação de direitos, mas uma questão de amor e de serviço.
O fariseu que recebe Jesus à mesa pára o seu olhar sobre
o que se vê: uma pecadora introduziu-se na sua casa; para ele, ela não é senão
uma pecadora. Quanto a Jesus, lança o seu olhar sobre a mulher procurando ver,
através do seu comportamento, tudo o que se passa no seu coração: se ela chora,
é porque é infeliz e lamenta o seu passado; se ela molha com as suas lágrimas e
limpa com os seus cabelos os pés de Jesus, se ela os beija e sobre eles derrama
perfume precioso, é para manifestar o seu grande amor. Não é preciso mais nada
para Jesus: Ele perdoa, não porque ela pecou muito, mas porque amou muito,
mesmo se ela amou mal; sobretudo, é a sua fé que a salva. Ela faz a experiência
do Amor louco de Deus que perdoa, experiência que o fariseu ainda não fez.
Porque o fariseu e os convidados se fixam nas aparências, enterram a mulher no
passado. Porque Jesus olha para além das aparências, abre-se à mulher um futuro
diferente, e ela parte em paz.
Meditação para a
semana…
A página do Evangelho deste domingo pode facilmente dar lugar a uma partilha.
Porque não aproveitar para visitar uma pessoa um pouco isolada no seu
sofrimento, e propor-lhe para falar à volta deste Evangelho? Isso poderia
ajudá-la a se sentir amada e a “ir em paz”.
VIVER AS ATITUDES DO
CORAÇÃO DE JESUS.
Estamos no mês do Coração de Jesus, cuja Solenidade celebramos no último dia 3.
Podemos acolher a Palavra deste domingo sob essa luz, tentando descobrir as
atitudes bem presentes no Coração de Jesus: pensar nas atitudes que recebemos
do Coração de Jesus, tão presentes na liturgia da Palavra deste domingo: Amor,
Misericórdia, Perdão, Bondade… (cada um pode continuar a lista); rezar essas
atitudes em ambiente de adoração e vivê-las sempre com empenho, em particular
ao longo deste mês. Só assim estaremos construindo o Reino do Coração de Jesus nas
pessoas e na sociedade. Um Reino bem diferente de tantos reinos que nos querem
impor neste mundo! Ser profeta da civilização do amor acontece na medida em que
a existência está fundada no Coração de Jesus Cristo, contemplado e amado, na
Eucaristia, celebrada e adorada, na Palavra, ouvida e anunciada. Ser profeta da
civilização do amor acontece na medida em que se testemunha e anuncia o Amor de
Deus, construindo o Reino do Amor de Deus no coração dos homens e mulheres do
nosso tempo: um reino de justiça e paz, de amor e misericórdia, de perdão e
compaixão, de verdade e liberdade, de respeito e promoção dos direitos humanos.
Mãos à obra! Que seja fecundo este mês do Coração de Jesus!
fonte:
www.dehonianos.org
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