20-setembro-2015 - 25º
Domingo do Tempo Comum - Mc 9,30-37
A liturgia do 25º Domingo
do Comum nos convida a prescindir da
“sabedoria do mundo” e a escolher a “sabedoria de Deus”. Só a “sabedoria de
Deus” – dizem os textos bíblicos deste domingo – possibilitará ao homem o
acesso à vida plena, à felicidade sem fim.O Evangelho nos apresenta uma
história de confronto entre a “sabedoria de Deus” e a “sabedoria do mundo”.
Jesus, imbuído da lógica de Deus, está disposto a aceitar o projeto do Pai e a
fazer da sua vida um dom de amor aos homens; os discípulos, imbuídos da lógica
do mundo, não têm dificuldade em entender essa opção e em comprometer-se com
esse projeto. Jesus avisa-os, contudo, de que só há lugar na comunidade cristã
para quem escuta os desafios de Deus e aceita fazer da vida um serviço aos
irmãos, particularmente aos humildes, aos pequenos, aos enfermos, aos pobres. A segunda leitura nos exorta a viver de acordo com a “sabedoria de Deus”,
pois só ela pode conduzir o homem ao encontro da vida plena. Ao contrário, uma
vida conduzida segundo os critérios da “sabedoria do mundo” irá gerar
violência, divisões, conflitos, infelicidade, morte. A primeira leitura nos avisa de que escolher
a “sabedoria de Deus” provocará o ódio do mundo. Contudo, o sofrimento não pode
desanimar os que escolhem a “sabedoria de Deus”: a perseguição é a consequência
natural da sua coerência de vida.
Reflexão:
• Os anúncios da
paixão testemunham que Jesus, desde cedo, teve consciência de que a missão que
o Pai Lhe confiara ia passar pela cruz. Por outro lado, a serenidade e a
tranquilidade com que Ele falava do seu destino de cruz mostram uma perfeita
conformação com a vontade do Pai e a vontade de cumprir à risca os projetos de
Deus. A postura de Jesus é a postura de alguém que vive segundo a “sabedoria de
Deus”… Ele nunca conduziu a vida ao sabor dos interesses pessoais, nunca pôs em
primeiro lugar esquemas de egoísmo ou de auto-suficiência, nunca Se deixou
tentar por sonhos humanos de poder ou de riqueza… Para Ele, o fator decisivo, o
valor supremo, sempre foi a vontade do Pai, o projeto de salvação que o Pai
tinha para os homens. Nós, cristãos, um dia aderimos a Jesus e aceitamos
percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu. Que valor e que significado tem,
para nós, essa vontade de Deus que dia a dia descobrimos nos pequenos acidentes
da nossa vida? Temos a mesma disponibilidade de Jesus para viver na fidelidade
aos projetos do Pai? O que é que dirige e condiciona o nosso percurso: os
nossos interesses pessoais, ou os projetos de Deus?
• Neste episódio, os
discípulos são o exemplo clássico de quem raciocina segundo a “sabedoria do
mundo”. Quando Jesus fala em servir e dar a vida, eles não concordam e
fecham-se num silêncio amuado; e logo a seguir, discutem uns com os outros por
causa da satisfação dos seus apetites de poder e de domínio. Aquilo que os
preocupa não é o cumprimento da vontade de Deus, mas a satisfação dos seus
interesses próprios, dos seus sonhos pessoais. A atitude dos discípulos mostra
a dificuldade que os homens têm em entender e acolher a lógica de Deus.
Contudo, a reação de Jesus diante de tudo isto é clara: quem quer seguir Jesus
tem que mudar a mentalidade, os esquemas de pensamento, os valores egoístas e
abrir o coração à vontade de Deus, às propostas de Deus, aos desafios de Deus.
Não é possível fazer parte da comunidade de Jesus, se não estivermos dispostos
a realizar este processo.
• O Evangelho de hoje
convida-nos a repensar a nossa forma de nos situarmos, quer na sociedade, quer
dentro da própria comunidade cristã. A instrução de Jesus aos discípulos que o
Evangelho deste domingo nos apresenta é uma denúncia dos jogos de poder, das
tentativas de domínio sobre os irmãos, dos sonhos de grandeza, das manobras
para conquistar honras e privilégios, da busca desenfreada de títulos, da caça
às posições de prestígio… Esses comportamentos são ainda mais graves quando
acontecem dentro da comunidade cristã: trata-se de comportamentos incompatíveis
com o seguimento de Jesus. Nós, os seguidores de Jesus, não podemos, de forma
alguma, pactuar com a “sabedoria do mundo”; e uma Igreja que se organiza e
estrutura tendo em conta os esquemas do mundo não é a Igreja de Jesus.
• Na nossa sociedade,
os primeiros são os que têm dinheiro, os que têm poder, os que frequentam as
festas badaladas nas revistas da sociedade, os que vestem segundo as exigências
da moda, os que têm sucesso profissional, os que sabem colar-se aos valores
politicamente corretos… E na comunidade cristã? Quem são os primeiros? As
palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será
o último de todos e o servo de todos”. Na comunidade cristã, a única grandeza é
a grandeza de quem, com humildade e simplicidade, faz da própria vida um
serviço aos irmãos. Na comunidade cristã não há donos, nem grupos
privilegiados, nem pessoas mais importantes do que as outras, nem distinções
baseadas no dinheiro, na beleza, na cultura, na posição social… Na comunidade
cristã há irmãos iguais, a quem a comunidade confia serviços diversos em vista
do bem de todos. Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir, de partilhar
com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.
• A atitude de
serviço que Jesus pede aos seus discípulos deve manifestar-se, de forma
especial, no acolhimento dos pobres, dos fracos, dos humildes, dos
marginalizados, dos sem direitos, daqueles que não nos trazem o reconhecimento
público, daqueles que não podem retribuir-nos… Seremos capazes de acolher e de
amar os que levam uma vida pouco exemplar, os marginalizados, os estrangeiros,
os doentes incuráveis, os idosos, os difíceis, os que ninguém quer e ninguém
ama?
“Que discutíeis no caminho? Eles ficaram
calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o
maior”. Ser o maior, o primeiro, o melhor, o mais forte… É a terrível tentação
do poder! Ela nunca abandonou o próprio Jesus. As suas três tentações, no
deserto, andam à volta do poder. Em toda a sua vida, até à cruz, esta tentação
vai acompanhá-lo sempre… Varias vezes, Jesus repreende os seus discípulos,
coloca-os de aviso contra a tentação do poder: “Se alguém quer ser o primeiro,
que ele seja o último de todos e o servidor de todos”. Jesus pregou tudo isso
com palavras e com atos. Basta recordar o episódio do lava-pés na última ceia.
O poder, para Jesus, é serviço ao crescimento do amor e da vida. É preciso
reconhecer que, na sua história, a Igreja agiu muitas vezes ao contrário do
Evangelho… Apesar dos progressos notáveis, em particular depois do Concílio
Vaticano II, há ainda muito caminho a percorrer. É preciso intensificar a nossa
súplica, para que o Espírito não deixe nenhum membro da Igreja tranquilo, a fim
de que todos sejamos interpelados pelo Evangelho. Daí depende a credibilidade
do testemunho cristão no mundo!
Meditação para a semana …
Refletir… Aproveitar a ocasião, nesta semana, para fazer uma reflexão sobre os
nossos valores, sobre o que é importante para nós na vida:
o que conta
verdadeiramente para mim?
A segunda leitura e o Evangelho
podem ajudar-nos a refletir nisso. Tomar o tempo para se questionar
simplesmente, em verdade, diante do Senhor: no fundo, o que é que eu procuro, o
que espero da vida?
fonte:
www.dehonianos.org
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