10 de Agosto - São Lourenço - Diácono e mártir
Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio
dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço
provocara na cidade uma grande impressão, a ponto dos pagãos — vendo tão serena
coragem diante da tortura — começarem a se interrogar sobre a religião
professada pelo heroico mártir. Sua
imagem, cingida de lenda (o relato da paixão de São Lourenço, que data de um
século após sua morte, é pouco confiável) já na obra dos escritores próximos a
sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada à sua tortura. O
mártir, posto em uma grelha sobre carvões ardentes, encontra um modo de
gracejar: "Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do outro".
Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha sido decapitado
como o papa Sisto II — do qual era diácono e o havia precedido por três dias no
martírio. O papa Dâmaso, por outro lado,
parece convalidar a tradição dos carvões ardentes e recorda o heroico
testemunho de fé com eficaz síntese: "Verbera, carnífices, flammas,
tormenta, catenas..."- açoites, carrascos, chamas, tormentos, cadeias,
nada prevaleceu contra sua fidelidade a Cristo.
Mas ao lado desta imagem de sofrimento aceito, há outra, de modo algum
lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres a coleta
dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros diáconos
de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o tenha
encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía. Quando o imperador Valeriano — lê-se na
paixão — impôs-lhe a entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria
reunido diante dele um grupo de mendigos: "Eis o nosso tesouro",
disse-lhe, "podeis encontrá-lo por toda a parte". Foi sepultado na
via Tiburtina, no Campus Veranus — Verano —,e sobre seu sepulcro foi erigida a
basílica que leva seu nome, a primeira das igrejas que Roma dedicou ao seu
popular mártir.
(Retirado do livro "Os Santos e os Beatos da
Igreja do Ocidente e do Oriente", Paulinas Editora)
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