A
liturgia do 19º Domingo do Tempo Comum nos dá conta, uma vez mais, da
preocupação de Deus em oferecer aos homens o “pão” da vida plena e definitiva.
Por outro lado, convida os homens a prescindirem do orgulho e da
auto-suficiência e a acolherem, com reconhecimento e gratidão, os dons de Deus. A primeira leitura mostra como Deus Se
preocupa em oferecer aos seus filhos o alimento que dá vida. No “pão cozido
sobre pedras quentes” e na “jarra de água” com que Deus renova as forças do
profeta Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude
para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para
testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo. O Evangelho apresenta Jesus como o “pão” vivo
que desceu do céu para dar a vida ao mundo. Para que esse “pão” sacie
definitivamente a fome de vida que reside no coração de cada homem ou mulher, é
preciso “acreditar”, isto é, aderir a Jesus, acolher as suas propostas, aceitar
o seu projeto, segui-lo no “sim” a Deus e no amor aos irmãos. A segunda leitura
nos mostra as consequências da adesão a Jesus, o “pão” da vida… Quando alguém
acolhe Jesus como o “pão” que desceu do céu, torna-se um Homem Novo, que
renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e que passa a viver no caridade, a
exemplo de Cristo.
REFLEXÃO:
• Repetindo o tema central do texto que
refletimos no domingo passado, também o Evangelho que hoje nos é proposto nos
convida a acolher Jesus como o “pão” de Deus que desceu do céu para dar a vida
aos homens… Para nós, seguidores de Jesus, esta afirmação não é uma afirmação
de circunstância, mas um fato que condiciona a nossa existência, as nossas
opções, todo o nosso caminho. Jesus, com a sua vida, com as suas palavras, com
os seus gestos, com o seu amor, com a sua proposta, veio nos dizer como chegar
à vida verdadeira e definitiva. Que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? É à
volta d’Ele que construímos a nossa existência? O projeto que Ele veio nos propor
tem um real impacto na nossa caminhada e nas opções que fazemos em cada
instante?
• “Quem acredita em
Mim, tem a vida eterna” – disse Jesus. “Acreditar” não é, neste contexto,
aceitar que Ele existiu, conhecer a sua doutrina, ou elaborar altas
considerações teológicas a propósito da sua mensagem… “Acreditar” é aderir, de
fato, a essa vida que Jesus nos propôs, viver como Ele na escuta constante dos
projetos do Pai, segui-lo no caminho do amor, do dom da vida, da entrega aos
irmãos; é fazer da própria vida – como Ele fez da sua – uma luta coerente
contra o egoísmo, a exploração, a injustiça, o pecado, tudo o que oprime a vida
dos homens e traz sofrimento ao mundo. Podemos dizer, com verdade e objetividade, que
“acreditamos” em Jesus?
• No seu discurso,
Jesus faz referência ao maná como um alimento que matou a fome física dos
israelitas em marcha pelo deserto, mas que não lhes deu a vida definitiva, não
lhes transformou os corações, não lhes assegurou a liberdade plena e verdadeira
(só o “pão” que Jesus oferece sacia verdadeiramente a fome de vida do homem). O
maná pode representar aqui todas essas propostas de vida que, tantas vezes,
atraem a nossa atenção e o nosso interesse, mas que se revelam falíveis,
ilusórias, parciais, porque não nos libertam da escravidão nem geram vida
plena. É preciso aprendermos a não colocar a nossa esperança e a nossa
segurança no “pão” que não sacia a nossa fome de vida definitiva; é necessário
aprendermos a discernir entre o que é ilusório e o que é eterno; é preciso
aprendermos a não nos deixarmos seduzir por falsas propostas de realização e de
felicidade; é necessário aprendermos a não nos deixarmos manipular, aceitando
como “pão” verdadeiro os valores e as propostas que a moda ou a opinião pública
dominante continuamente nos oferecem…
• Porque é que os
judeus rejeitam a proposta de Jesus e não estão dispostos a aceitá-lo como “o
pão que desceu do céu”? Porque vivem instalados nas suas grandes certezas
teológicas, prisioneiros dos seus preconceitos, acomodados num sistema
religioso imutável e estéril e perderam a faculdade de escutar Deus e de se
deixar desafiar pela novidade de Deus. Eles construíram um Deus fixo,
calcificado, previsível, rígido, conservador, e se recusam a aceitar que Deus
encontre sempre novas formas de vir ao encontro dos homens e de lhes oferecer
vida em abundância. Esta “doença” de que padecem os líderes e “formadores” de
opinião do mundo judaico não é assim tão rara… Todos nós temos alguma tendência
para a acomodação, a instalação, o aburguesamento; e quando nos deixamos
dominar por esse esquema, tornamo-nos prisioneiros dos ritos, dos preconceitos,
das idéias política ou religiosamente corretas, de catecismos muito bem
elaborados mas parados no tempo, das elaborações teológicas muito coerentes e
muito bem arrumadas mas que deixam pouco espaço para o mistério de Deus e para
os desafios sempre novos que Deus nos faz. É preciso aprendermos a questionar
as nossas certezas, as nossas idéias pré-fabricadas, os esquemas mentais em que
nos instalamos comodamente; é preciso termos sempre o coração aberto e
disponível para esse Deus sempre novo e sempre dinâmico, que vem ao nosso
encontro de mil formas para nos apresentar os seus desafios e para nos oferecer
a vida em abundância.
Antes de nos por a caminho para receber o Pão da Vida, Jesus nos recorda que,
antes de mais nada, somos convidados, que é Deus que dá o primeiro passo:
“Felizes os convidados para a ceia do Senhor!” Em seguida, nos pede que façamos
um ato de fé: “Dizei uma palavra e serei salvo!” Crer naquele que Deus enviou…
Crer, isto é, ter confiança nas suas palavras e nos seus gestos. Aquele que tem
confiança sabe que não ficará decepcionado. O que Cristo quer é que vivamos
plenamente, enquanto vamos ao seu encontro: a sua palavra é alimento, a sua
carne (a sua pessoa) é alimento, com Ele ficamos saciados. Ele vem até nós para
que vivamos dele e, por Ele, a nossa vida ganhe sentido, os nossos gestos
possam dar a vida, as nossas palavras possam exprimir a ternura, a nossa oração
se torne relação filial com o Pai.
Os judeus recriminavam
Jesus: “Esse homem não é Jesus, filho de José? Conhecemos bem seu pai e sua
mãe. Como pode dizer «Eu desci do céu»?” Os adversários de Jesus discutiam a
sua origem e a sua pretensão exorbitante. Devemos reconhecer que a dificuldade
dos compatriotas não era pequena. Jesus não tinha nada de extraterrestre. Se
estivéssemos lá, talvez tivéssemos a mesma atitude… Ora, para descobrir o
mistério profundo de Jesus, é preciso ir além das aparências. Para conhecer Jesus, é
preciso acolher a luz que vem da Palavra de Deus, ter o olhar da fé. A fé é uma
“luz obscura”, pede um salto numa “confiança noturna”, na noite. Isso se verifica
nas nossas relações humanas de amor e de amizade. A fé-confiança não é uma
evidência “científica” que leva a uma adesão imediata da inteligência. A fé só
se pode aceitar e viver numa relação de amor, de amizade. Para além das
aparências… Só podemos aceitar a Palavra de Jesus se nos abrirmos a Deus. Jesus
pede aos seus discípulos para terem confiança: “Crede em Deus, crede também em
Mim”. A fé é uma graça, um dom gratuito. Mas é também um combate, segundo São
Paulo: “Combati até ao fim o bom combate… guardei a fé”. Definitivamente, somos
reenviados a uma escolha que, certamente, não suprime as exigências da nossa
razão, mas as ultrapassa, porque aceitamos entrar numa relação de amor e de
amizade com Jesus, “o filho de José”, que reconhecemos também como “o Filho de
Deus”.
Meditação para a semana. .
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Saborear Deus, saborear a bondade da Criação… O natureza, particularmente, em qualquer lugar onde estivermos, nos faz saborear a bondade do Senhor através da beleza da sua Criação. Paisagens, elementos naturais, animais, astros, etc… E, acima de tudo, as pessoas que encontramos, todas criadas à imagem do Criador!
Saborear Deus, saborear a bondade da Criação… O natureza, particularmente, em qualquer lugar onde estivermos, nos faz saborear a bondade do Senhor através da beleza da sua Criação. Paisagens, elementos naturais, animais, astros, etc… E, acima de tudo, as pessoas que encontramos, todas criadas à imagem do Criador!
fonte:
www.dehonianos.org
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