11 de Julho - São Bento de Nórcia
As informações sobre a
vida de Bento nos foram transmitidas pelo seu biógrafo e contemporâneo, papa
são Gregório Magno. No livro que enaltece o seu exemplo de santidade de vida,
ele não registrou as datas de nascimento e morte. Assim, apenas recebemos da
tradição cristã o relato de que Bento viveu entre os anos de 480 e 547. Bento nasceu na cidade de Nórcia, província
de Perugia, na Itália. Pertencia à influente e nobre família Anícia e tinha uma
irmã gêmea chamada Escolástica, também fundadora e santa da Igreja. Era ainda
muito jovem quando foi enviado a Roma para aprender retórica e filosofia. No
entanto, decepcionado com a vida mundana e superficial da cidade eterna,
retirou-se para Enfide, hoje chamada de Affile. Levando uma vida ascética e
reclusa, passou a se dedicar ao estudo da Bíblia e do cristianismo. Ainda não
satisfeito, aos vinte anos isolou-se numa gruta do monte Subiaco, sob
orientação espiritual de um velho monge da região chamado Romano. Assim viveu
por três anos, na oração e na penitência, estudando muito. Depois, agregou-se
aos monges de Vicovaro, que logo o elegeram seu prior. Mas a disciplina exigida
por Bento era tão rígida, que esses monges indolentes tentaram envenená-lo.
Segundo seu biógrafo, ele teria escapado porque, ao benzer o cálice que lhe
fora oferecido, o mesmo se partiu em pedaços. Bento abandonou, então, o
convento e, na companhia de mais alguns jovens, entre eles Plácido e Mauro,
emigrou para Nápoles. Lá, no sopé do monte Cassino, onde antes fora um templo
pagão, construiu o seu primeiro mosteiro. Era fechado dos quatro lados
como uma fortaleza e aberto no alto como uma grande vasilha que recebia a luz
do céu. O símbolo e emblema que escolheu foram a cruz e o arado, que passaram a
ser o exemplo da vida católica dali em diante. As regras rígidas não poderiam
ser mais simples: "Ora e trabalha". Acrescentando-se a esse lema
"leia", pois, para Bento, a leitura devia ter um espaço especial na
vida do monge, principalmente a das Sagradas Escrituras. Desse modo,
estabelecia-se o ritmo da vida monástica: o justo equilíbrio, do corpo, da alma
e do espírito, para manter o ser humano em comunhão com Deus. Ainda, registrou
que o monge deve ser "não soberbo, não violento, não comilão, não
dorminhoco, não preguiçoso, não detrator, não murmurador". A oração e o trabalho seriam o caminho para edificar espiritual e materialmente
a nova sociedade sobre as ruínas do Império Romano que acabara definitivamente.
Nesse período, tão crítico para o continente europeu, este monge tão simples, e
por isto tão inspirado, propôs um novo modelo de homem: aquele que vive em
completa união com Deus, através do seu próprio trabalho, fabricando os
próprios instrumentos para lavrar a terra. A partir de Bento, criou-se uma rede
monástica, que possibilitou o renascimento da Europa.
Celebrado pela Igreja no dia 11 de julho, ele teria profetizado a morte de sua
irmã e a própria. São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, que já
existia havia três séculos no Oriente. Mas merece o título de "Pai do
Monaquismo Ocidental", que ali só se estabeleceu graças às regras que ele
elaborou para os seus monges, hoje chamados "beneditinos". Além
disto, são Bento foi declarado patrono principal de toda a Europa pelo papa Paulo
VI, em 1964, também com justa razão.
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