11-setembro -2016 - 24º
Domingo do Tempo Comum -Lc 15,1-32
A liturgia centra a nossa
reflexão na lógica do amor de Deus. Sugere que Deus ama o homem, infinita e
incondicionalmente; e que nem o pecado nos afasta desse amor… A primeira leitura nos apresenta a atitude misericordiosa de Jahwéh face à
infidelidade do Povo. Neste episódio – situado no Sinai, no espaço geográfico
da aliança – Deus assume uma atitude que vai se repetir muitas vezes ao longo da história da
salvação: deixa que o amor se sobreponha
à vontade de punir o pecador. Na
segunda leitura, Paulo recorda algo que sempre o surpreendeu: o amor de Deus
manifestado em Jesus Cristo. Esse amor derrama-se incondicionalmente sobre os
pecadores, os transforma e os torna pessoas novas. Paulo é um exemplo concreto
dessa lógica de Deus; por isso, não deixará de testemunhar o amor de Deus e de
Lhe agradecer. O Evangelho nos apresenta
o Deus que ama todos os homens e que, de forma especial, Se preocupa com os
pecadores, com os excluídos, com os marginalizados. A parábola do “filho
pródigo”, especialmente, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o
regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em
sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.
Reflexão:
• Essencialmente, as
parábolas da misericórdia nos revelam um Deus que ama todos os seus filhos, sem
exceção, mas que tem um “fraco” pelos marginalizados, pelos excluídos, pelos
pecadores… O seu amor não é condicional: Ele ama, apesar do pecado e do
afastamento do filho. Esse amor manifesta-se em atitudes exageradas,
desproporcionadas, de cuidado, de solicitude; revela-se também na “festa” que
se sucede a cada reencontro… Não é que Deus pactue com o pecado; Deus abomina o
pecado, mas não deixa de amar o pecador. É este Deus – “escandaloso” para os que se consideram justos, perfeitos,
irrepreensíveis, mas fascinante e amoroso para todos aqueles que estão
conscientes da sua fragilidade e do seu pecado – que somos convidados a
descobrir.
• Se essa é a lógica
de Deus em relação aos pecadores, é essa mesma lógica que deve marcar a minha
atitude face àqueles que me ofendem e, mesmo, face àqueles que têm vidas
duvidosas ou moralmente reprováveis. Como é que eu acolho aqueles que me
ofendem, ou que assumem comportamentos considerados reprováveis: com
intolerância e fanatismo, ou com respeito pela sua dignidade de pessoas?
• Face ao aumento da
criminalidade e da violência cria-se, por vezes, um clima social de alguma
histeria e radicalismo. Exigem-se castigos mais severos e os adeptos das
soluções definitivas chegam a falar na pena de morte para certos crimes. Que
sentido é que isto faz, à luz da lógica de Deus?
• Ser testemunha da
misericórdia e do amor de Deus no mundo não significa, no entanto, pactuar com
o pecado… O pecado – tudo o que gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão,
mentira, sofrimento – é mau e deve ser combatido e vencido. Distingamos
claramente as coisas: Deus me convida a amar o pecador e a acolhê-lo sempre
como um irmão; mas me convida também a lutar objetivamente contra o mal – todo
o mal – pois ele é uma negação desse amor de Deus que eu devo testemunhar.
A parábola do filho
pródigo é a mais conhecida das três “parábolas da misericórdia”. Mas as duas
primeiras nos dão também uma grande luz. Recordemos que as ovelhas tinham
grande importância para o pastor. Não se pode aceitar que ele perdesse uma.
Quanto à dracma, era uma soma importante. Basta pensar que uma família inteira
podia viver um dia com duas dracmas. Compreende-se que a mulher que a perdeu, faça
de tudo para encontra-la. Jesus afirma: o pastor procura a sua ovelha perdida
“até a encontrar”; a mulher procura a dracma perdida “até a encontrar”. Através
destas duas personagens, é o Pai que Jesus quer nos mostrar. Eis como o nosso Pai age: diante dos
homens que se afastam d’Ele, que vão por caminhos de perdição, Ele parte à sua
procura, mas nunca pára esta procura. Quando há um naufrágio, efetuam-se
procuras para encontrar as vítimas. Mas, ao fim de um certo tempo, acabam-se estas procuras: já não
há mais esperança! Mas não para Deus. Ele vai até ao fim, Ele encontrará de qualquer
modo a sua criatura perdida. Mas onde? É na morte que Jesus irá para encontrar a humanidade
perdida. E aí, no fundo das nossas trevas, que faz o pastor? Enche-se de
cólera, bate na sua ovelha infiel, obriga-a a subir todo o caminho pelos seus
próprios meios? Não! Nada disso! Quando a encontra, leva-a aos ombros. Jesus
pega o homem aos ombros, poupa-lhe a dificuldade da subida para a luz. Como
dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer? É a
mesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá
gratuitamente a sua dignidade de homem livre o seu lugar de filho, como se nada
se tivesse passado. Como não transbordar de alegria diante de um Deus assim ?
ORAÇÃO
“Deus de Israel,
Deus das promessas renovadas e da Aliança fiel, Tu que guiaste Moisés para que
ele conduzisse o teu povo fora do Egito, nós Te bendizemos pela paciência e
pelo perdão que nos revelas. Nós invocamos o teu perdão para as nossas
infidelidades para contigo, para o esquecimento dos teus ensinamentos e para os
nossos afastamentos do caminho da vida”.
“Nosso Pai, honra e glória a Ti, Rei dos
séculos, Deus único, invisível e imortal, pelos séculos dos séculos. Nós,
pecadores, afirmamos o nosso reconhecimento pelo teu perdão, que nos faz
levantar todos os dias. Nós Te pedimos pelos nossos irmãos e irmãs abatidos
pelos seus afastamentos e que duvidam do perdão que Tu concedes a todos os que
vêm a Ti”.
“Nosso Pai, Tu que fazes bom acolhimento aos
pecadores como nós e que nos convidas à mesa do teu Filho, nós Te bendizemos.
Alegras-te pela ovelha e pela moeda reencontradas e pelo regresso do filho
perdido. Nós Te pedimos. Pelo teu Espírito, inspira as nossas intenções. Dá-nos
o desejo de voltar para Ti. Partilha conosco a tua alegria pelo regresso dos
teus filhos que se afastaram”.
Meditação para a semana…
Entrar na alegria do nosso Pai… No Evangelho de hoje, Lucas oferece-nos três
parábolas para nos falar da Misericórdia de Deus nosso Pai: a ovelha perdida, a
moeda perdida, o filho pródigo. Ser beneficiários deste perdão pleno de amor do
nosso Pai é o desejo de todos nós. Mas não nos acontece, tal como o filho mais velho,
considerar que alguns dos nossos irmãos são imperdoáveis e, por vezes, acolher
com cólera sanções da justiça que nos parecem muito clementes? Vamos recusar
entrar na alegria do nosso Pai, que Se alegra concedendo a sua graça?
fonte:
www.dehonianos.org.
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