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07 agosto, 2016

07-agosto-2016 - 19º Domingo do Tempo Comum- Lc 12,32-48

A Palavra de Deus que a liturgia de hoje nos propõe nos convida à vigilância: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, mas está sempre atento e disponível para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o “Reino”.  A primeira leitura nos apresenta as palavras de um “sábio” anônimo, para quem só a atenção aos valores de Deus gera vida e felicidade. A comunidade israelita – confrontada com um mundo pagão e imoral, que questiona os valores sobre os quais se constrói a comunidade do Povo de Deus – deve, portanto, ser uma comunidade “vigilante”, que consegue discernir entre os valores efêmeros e os valores duradouros. A segunda leitura apresenta Abraão e Sara, modelos de fé para os crentes de todas as épocas. Atentos aos apelos de Deus, empenhados em responder aos seus desafios, conseguiram descobrir os bens futuros nas limitações e na caducidade da vida presente. É essa atitude que o autor da Carta aos Hebreus recomenda aos crentes, em geral. O Evangelho apresenta uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do “Reino”.
Reflexão:
Decididamente, Jesus não Se cansa de chamar os seus discípulos a uma vida de pobreza, tanto no Evangelho deste domingo e do domingo passado. Mas Ele próprio sabia bem que o dinheiro é necessário para viver. O grupo dos apóstolos tinha uma bolsa comum. São Paulo fará um pedido, que dará uma grande soma, para a Igreja de Jerusalém. Segundo o Evangelho, a pobreza não é a miséria. Já domingo passado Jesus nos convidava a sermos ricos em vista de Deus e não a acumular  para nós mesmos. Hoje, diz uma pequena frase muito esclarecedora: “Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino”. O Pai quer encher-nos com a sua plenitude. Mas isso supõe, da nossa parte, uma atitude de despojamento para nos tornarmos disponíveis e acolhedores do dom de Deus. Recordemos que somos apenas criaturas. Não somos a nossa própria origem. Desde o início da nossa existência, devemos primeiramente tudo receber, a começar pela vida. Numa palavra, devemos, em primeiro lugar, ser amados para podermos aprender a amar. A verdadeira pobreza consiste em reconhecer a ligação de dependência no amor e na vida. Se a recusamos, fechamo-nos em nós mesmos, numa riqueza que poderá asfixiar-nos. Dito de outro modo, somos convidados a nunca esquecer que tudo o que temos e somos é sempre, antes de mais nada, uma doação. Não somos proprietários da vida. Dela temos apenas usufruto. O nosso Pai confia-nos a vida, para que a façamos frutificar em gestos de amor. Isso deveria preservar-nos do “espírito de possessão” e abrir o nosso coração para aprender sem cessar a receber e podermos, por nossa vez, dar.
• A vida dos discípulos de Jesus tem que ser uma espera vigilante e atenta, pois o Senhor está permanentemente  vindo ao nosso encontro e nos  desafiando para nos despirmos das cadeias que nos escravizam e para percorrermos, com Ele, o caminho da libertação. O que é que nos distrai, que nos prende, que nos aliena e que nos impede de acolher esse dom contínuo de vida?
• Ser cristão não é um trabalho “das nove às cinco”, ou um “hobby” de fim-de-semana; mas é um compromisso em tempo integral, que deve marcar cada pensamento, cada atitude, cada opção, vinte e quatro horas por dia… Estou consciente dessa exigência e suficientemente atento para marcar, com o selo do meu compromisso cristão, todas as minhas ações e palavras?
• Estou suficientemente atento e disponível para acolher e responder aos apelos que Deus me faz e aos desafios que Ele me apresenta através das necessidades dos irmãos? Estou suficientemente atento e disponível para escutar os sinais, através dos quais Deus me apresenta as suas propostas?
• Muitas vezes, os discípulos de Jesus manifestam a convicção de que tudo vai de mal a pior, que esta geração está perdida e que não é possível fazer mais nada para tornar o mundo mais humano e mais feliz… Isso não será, apenas, uma forma de mascararmos o nosso egoísmo e comodismo e de recusarmos ser protagonistas empenhados na construção desse “Reino” que é o tesouro mais valioso?
• A Palavra de Deus que hoje nos é proposta contém uma interpelação especial a todos aqueles que desempenham funções de responsabilidade, quer na Igreja, quer no governo, quer nas autarquias, quer nas empresas, quer nas repartições… Convida cada um a assumir as suas responsabilidades e a desempenhar, com atenção e empenho as funções que lhe foram confiadas. A todos aqueles a quem foi confiado o serviço da autoridade, a Palavra de Deus pergunta sobre o modo como nos comportamos: como servos que, com humildade e simplicidade cumprem as tarefas que lhes foram confiadas, ou como ditadores que manipulam os outros a seu bel-prazer? Estamos atentos às necessidades – sobretudo dos pobres, dos pequenos e dos fracos – ou nos instalamos no egoísmo e no comodismo e deixamos que as coisas se arrastem, sem entusiasmo, sem vida, sem desafios, sem esperança?
Há felicidade em receber… Se Jesus declara felizes os servidores que esperam para estarem prontos para servir, é porque vão beneficiar de um privilégio extraordinário: em lugar de servir, vão ser servidos, e logo pelo seu Mestre. O fato de esperar muda totalmente a situação. Jesus recomenda para se vigiar porque é uma atitude daquele que espera e assim manifesta que a pessoa esperada tem um preço a seus olhos. No momento em que Lucas escreve o seu Evangelho, os cristãos estão um pouco adormecidos e desanimados, pois parece que o Mestre tarda a voltar, como havia prometido. Terão eles esquecido que Ele tinha prometido o seu regresso de imprevisto? A sua felicidade depende da sua espera ativa…

ORAÇÃO 

“Deus fiel, desde o tempo de Moisés e dos profetas, o teu povo Te dá graças pela libertação pascal. Outrora foi pela saída do Egito e a entrada na Terra Prometida. Hoje, é pela Páscoa de Jesus, a Ressurreição. Nós Te pedimos pelos pastores das nossas comunidades, pelos catequistas e pelas equipes litúrgicas, encarregados de reavivar a fé pascal em cada domingo”.

“Pai, nós Te bendizemos por Abraão, Sara e todas as testemunhas da fé ao longo dos séculos. Nós Te damos graças porque Te revelaste a eles, fizeste-Te próximo, anunciaste-lhes e renovaste as tuas promessas. Nós Te pedimos para confirmar a fé nas nossas comunidades. Que o teu Espírito nos guie e nos inspire, quando damos conta da nossa fé diante dos jovens”.
“Nosso Pai, nós Te bendizemos, porque nos deste o teu Reino. Ele é para nós o tesouro inesgotável. Nós Te damos graças pelo teu Filho, nosso Mestre, porque Ele veste o fato de serviço para nos acolher à sua mesa. Nós Te pedimos: pelo teu Espírito, prende os nossos corações ao teu Reino, que Ele nos mantenha na vigilância, atentos  preparando o teu regresso”.

Meditação para a semana…
Incidir sobre os verdadeiros valores… O nosso tesouro terrestre ocupa muitas vezes todas as nossas energias e a nossa vigilância. Acontece o mesmo com o tesouro que somos convidados a constituir em vista do Reino? Se o Mestre viesse hoje, como nos encontraria? Prontos a servir, prontos a acolhê-lo?… A nossa fé, como a de Abraão, é bastante viva para incidir sobre os verdadeiros valores?

fonte:
www.dehonianos.org

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