06-agosto - Transfiguração do Senhor
A Transfiguração confirma a fé dos Apóstolos, manifestada
por Pedro em Cesareia de Filipe, e ajuda-os a ultrapassar a sua oposição à
perspectiva da paixão anunciada por Jesus. Quem quiser Seu discípulo, terá de
participar nos seus sofrimentos . A Transfiguração é um primeiro resplendor da
glória divina do Filho, chamado a ser Servo sofredor para salvação dos homens.
Na oração, Jesus transfigura-se e deixa entrever a sua identidade sobrenatural.
Moisés e Elias são protagonistas de um êxodo muito diferente nas
circunstâncias, mas idêntico na motivação: a fidelidade absoluta a Deus. A luz
da Transfiguração clarifica interiormente o seu caminho terreno. Quando a visão
parece estar terminando, Pedro como que
tenta parar o tempo. É, então, envolvido com os companheiros pela nuvem. É a
nuvem da presença de Deus, do mistério que se revela permanecendo desconhecido.
Mas Pedro, Tiago e João recebem dele a luz mais resplandecente: a voz divina
proclama a identidade Jesus, Filho e Servo sofredor.
Reflexão:
Jesus manda os seus discípulos rezar. Hoje, toma à
parte os seus prediletos, Pedro, Tiago e João, para os fazer rezar mais longa e
intimamente. Estes três representam particularmente os pontífices, os
religiosos, as almas chamadas à perfeição. Para rezar Jesus gosta da solidão, a
montanha onde reina a paz, a calma, onde pode ver-se a grandeza da obra divina
sob o céu estrelado durante as belas noites do Oriente. A transfiguração é uma
visão do céu. É uma graça extraordinária para os três apóstolos. Não nos devemos
agarrar às graças extraordinárias que são por vezes o fruto da contemplação.
Pedro agarra-se a isso. Engana-se. Queria ficar lá: «Façamos três tendas», diz.
Não sabia o que dizia. A visão desaparece numa nuvem. Há aqui uma lição para
nós. Entreguemo-nos à oração habitual, à contemplação. Não desejemos as graças
extraordinárias. Se vierem, não nos agarremos a elas. Os frutos desta festa
são, em primeiro lugar, o crescimento da fé. Os apóstolos testemunham-nos que
viram a glória do Salvador. «Não são fábulas que vos contamos, diz S. Pedro ,
fomos testemunhas do poder e da glória do Redentor. Ouvimos a voz do céu sobre
a montanha gritando-nos no meio dos esplendores da transfiguração: É o meu
Filho bem-amado, escutai-o». S. Paulo encoraja a nossa esperança recordando a
lembrança da glória do salvador manifestada na transfiguração e na ascensão:
«Veremos a glória face a face, diz, e seremos transfigurados à sua semelhança».
– Esperamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso
corpo terrestre e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso» . Mas este
mistério é sobretudo próprio para aumentar o nosso amor por Jesus. Nosso Senhor
manifestou-nos naquele dia toda a sua beleza. O seu rosto era resplandecente
como o sol. Os apóstolos, testemunhas da transfiguração, estavam totalmente
inebriados de amor e de alegria. «Que bom é estar aqui», dizia S. Pedro.
«Façamos aqui a nossa tenda». Nosso Senhor falava então da sua Paixão com
Moisés e Elias: nova lição de amor por nós. O Coração de Jesus, mesmo na sua
glória, não pensa senão em nós e nos sacrifícios que quer fazer por nós. Lições
também de penitência, de reparação, de compaixão pelo Salvador. Porque teve de
sofrer tanto para nos resgatar, choremos os nossos pecados, amemos o nosso
Redentor, consolemo-lo.
Este é o meu Filho muito amado: Escutai-o. – A voz do Pai
celeste diz-nos: “Escutai-o”, palavra cheia de sentido, como todas as palavras
divinas. Deus dá-nos o seu divino Filho por guia, por chefe, por mestre.
Escutai-o, fala-nos nas leis santas do Evangelho e nos conselhos de perfeição.
Fala-vos nas vossas santas regras, se sois religiosos; no vosso regulamento de
vida, se sois do mundo. Fala-vos pelos vossos superiores, pelo vosso diretor.
Têm a missão para vos dizer a vontade divina. Fala-vos pela sua graça, na
oração, na união habitual com ele. A palavra de Deus nunca vos falta, é a vossa
docilidade que falta habitualmente. Esta palavra divina - «Escutai-o» - espera
de vós uma resposta. Não basta apenas uma promessa vaga: «hei-de escutar». É
preciso uma disposição habitual: «escuto, escuto sempre; falai, Senhor, o vosso
servo escuta». Escutarei no começo de cada ação, para saber o que devo fazer e
como devo fazê-lo.
Oração:
Sim, Senhor, quero doravante escutar-vos. Falai, Senhor,
que o vosso servo escuta. Senhor, que quereis que eu faça? A vossa vontade será
a minha lei, como a vontade do vosso Pai era a lei do vosso coração. Para cada
uma das minhas ações, farei o que vós quiserdes. Consultar-vos-ei antes de
agir. Falai, Senhor.
Fonte:
www.dehonianos.org.
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