O Catecismo da Igreja Católica diz que: “Os sete dons do
Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência,
piedade e temor de Deus. Em plenitude, pertencem a Cristo, Filho de Davi.
Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem”. Tornam os
fiéis dóceis para obedecerem prontamente às inspirações divinas. São Paulo
lembra que “Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus […]. Filhos e, portanto herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de
Cristo” (Rm 8,14.17
Desde o nosso batismo, o Espírito Santo habita em nossa
alma e produz aí os seus frutos e dons para nos conduzir ao amor de Deus e ao
serviço dos irmãos. Eles nos ajudam a vencer o pecado e viver de acordo com as
leis morais. Eles são indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida
cotidiana, e não apenas para as grandes obras.
O dom da ciência faz que o cristão penetre na realidade
deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do
Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus
que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n'Ele pode
descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão reconhece o
sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e
purifica o homem.
O dom do entendimento ou inteligência nos ajuda
a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o
cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o
teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência é
eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham
grande amor a Deus. Um irmão leigo franciscano disse certa vez a São
Boaventura († 1274), o Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis
amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura:
“Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor; uma pobre velha
ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo se estiver unida a
Deus.” Por esse dom conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos,
quanto mais se aproximaram de Deus, mais tiveram consciência do seu pecado ou
da sua distância de Deus.
O dom da sabedoria nos dá um conhecimento da
verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe
sob a luz de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua onipotência.
Vem da intimidade com o Senhor. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do
Bem-amado”, dizia um grande místico. Isto não quer dizer que devemos
menosprezar o estudo, pois, se Deus nos deu a inteligência, foi para que a
apliquemos à verdade, que é Ele mesmo. Os teólogos afirmam que veremos a Deus
face a face por toda a eternidade na proporção do amor com que O tivermos amado
nesta vida.
O dom do conselho permite ao cristão tomar as
decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como
verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do conselho o
Espírito Santo nos inspira a maneira correta de agir no momento oportuno.
“Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a
sua hora […]” (Ecl 3, 1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode
tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou
calar, ficar ou partir, dizer "sim" ou dizer "não".
O dom da piedade nos orienta em todas as
relações que temos com Deus e com o próximo. São Paulo se refere a isso:
“Recebestes o Espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: Abbá ó Pai” (Rm
8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos
adotivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus
como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom nos leva a
considerar o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças
por vossa grande glória”. É o dom da piedade que leva os santos a desejar,
acima de tudo, a honra e a glória de Deus. “Para que em tudo seja Deus glorificado”,
diz São Bento. E Santo Inácio de Loiola exclama: “Para a maior glória de Deus”.
É também o dom da piedade que desperta no cristão a inabalável confiança em
Deus Pai, como, por exemplo, Santa Teresinha. Este dom leva o cristão a ver o
outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus.
O dom da fortaleza nos dá força para a
fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos
céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt
11,12). Pelo dom da Fortaleza o Espírito Santo nos dá a coragem necessária para
a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência,
perseverança, coragem e silencio. Nos dá forças além das naturais. Esta força
divina transforma os obstáculos em meios e nos dá a paz mesmo nas horas mais
difíceis. Foi o que levou São Francisco de Assis a dizer: “Irmão Leão, a
perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por
nós”.
O dom do temor de Deus nos leva a amá-Lo tão
profundamente que tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a ver com o temor do
mercenário ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho.
É a rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a
Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de
temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e
perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer "não" à
tentação. O dom do temor de Deus está ligado à virtude da humildade, que nos
faz conhecer nossa miséria, impede a presunção e a vã glória, e assim, nos
torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de
Deus. Ele se liga também à virtude da temperança; combate a concupiscência e os
impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus.
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