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21 maio, 2016

22-maio-2016 – Solenidade da Santíssima Trindade 

A Solenidade  que hoje celebramos  não é um convite  para decifrar  o mistério  que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. A primeira leitura nos sugere a contemplação do Deus criador. A sua bondade e o seu amor estão inscritos e manifestam-se aos homens na beleza e na harmonia das obras criadas (Jesus Cristo é  “sabedoria” de Deus e o grande revelador do amor do Pai). A segunda leitura nos convida a contemplar o Deus que nos ama e que, por isso, nos “justifica”,  de  forma  gratuita  e  incondicional.  É  através  do  Filho  que  os  dons  de Deus/Pai se derramam sobre nós e nos oferecem a vida em plenitude. O  Evangelho  nos convoca,  outra  vez,  para  contemplar  o  amor  do  Pai,  que  se manifesta na doação e na entrega do Filho e que continua  acompanhando a nossa caminhada  histórica  através  do Espírito.  A meta  final  desta  “história  de amor”  é a nossa inserção plena na comunhão com o Deus/amor, com o Deus/família, com o Deus/comunidade.
Reflexão:
Esta passagem de São João retoma o que Jesus nos dizia domingo passado na Solenidade do Pentecostes sobre o Espírito de verdade que nos guiará para a verdade total… É o Espírito que nos dará a força para  compreende-la. Domingo passado, refletimos sobre a verdade que o Espírito Santo desvela progressivamente, ao longo da história da Igreja. Hoje, estamos atentos ao fato que a verdade do Evangelho nos atinja  enquanto  seres  em  crescimento  de  humanidade  e  de  fé.  Ora  a  fé, contrariamente  ao que por vezes se imagina, não é uma luz que cega. Ela é uma espécie de luz obscura, uma confiança dada na noite. Ela implica um salto no desconhecido. Isto  se verifica particularmente a propósito do mistério da Santíssima Trindade. A palavra não se encontra na Bíblia, mas a realidade que quer exprimir está muito presente no ensino de Jesus. Assim, hoje, vemos com que insistência Jesus fala de seu Pai e do Espírito de verdade. Jesus diz, o mais explicitamente possível, que entre o Pai, o Espírito e Ele tudo é comum… Deus que é Pai, Filho e Espírito, Deus único,  mas não solitário, Deus comunhão eterna de Amor infinito no mais profundo do seu mistério, é a pedra angular da fé cristã, a diferença, sem dúvida, fundamental em relação  às  outras  concepções  de  Deus.  O  nosso  ato  de  fé  é  aqui  decisivo  e determina se somos verdadeiramente “de Cristo”. “Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé”.
♦  O Espírito  aparece,  aqui,  como  presença  divina  na  caminhada  da  comunidade cristã, como essa realidade que potencia a fidelidade dinâmica dos crentes às propostas que o Pai, através de Jesus, fez aos homens. A Igreja de que fazemos parte tem sabido estar atenta, na sua caminhada histórica, às interpelações do Espírito? Ela tem procurado, com a ajuda do Espírito, captar a Palavra eterna de Jesus e deixar-se guiar por ela? Tem sabido, com a ajuda do Espírito, continuar em  comunhão  com  Jesus?  Tem-se  esforçado,  com  a  ajuda  do  Espírito,  por responder às interpelações  da história e por atualizar, face aos novos desafios que o mundo lhe coloca, a proposta de Jesus? 
♦  Sobretudo, somos convidados a contemplar o mistério de um Deus que é amor e que,  através  do  plano  de  salvação/libertação  do  Pai,  tornado  realidade  viva  e humana em Jesus, e continuado pelo Espírito presente na caminhada dos crentes, nos conduz para a vida plena do amor e da felicidade total – a vida do Homem Novo, a vida da comunhão e do amor em plenitude. 
♦  A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é, também, negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se  na nossa  linguagem  imperfeita  das  três  pessoas.  O Deus  família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos que parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o mistério de Deus. 
♦  As nossas comunidades  cristãs são, realmente,  a expressão  desse Deus que é amor  e  que  é  comunidade  –  onde  a  unidade  significa  amor  verdadeiro,  que respeita a identidade e a especificidade do outro, numa experiência verdadeira de amor, de partilha, de família, de comunidade?
 O pintor crente Roublev tentou mostrar, numa troca de olhares, a relação de amor que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito: quando o Pai e o Filho se olham, cada um guarda a sua personalidade  e revela ao mesmo tempo a personalidade  do outro, e esta relação  de amor faz existir  o Espírito  que olha o Pai e o Filho, eles próprios deixando-se  olhar,  olhando  ao  mesmo  tempo  o  Espírito  de  Amor  que  faz  a  sua unidade. Muitas vezes basta um olhar para dizer  muitas coisas, basta um olhar para dar de novo esperança, confiança e vida, basta um olhar para dizer “amo-te!” e ouvir dizer em eco: “amo-te!” A Trindade é um intercâmbio de “amo-te!” Há unidade e, ao mesmo tempo, personalidades diferentes: cada um diz “ te amo!” e pode acrescentar “eu sou amado!” Tal é o segredo da sua existência e da sua eternidade. Mistério! Não por ser incompreensível, mas por, sem cessar, merecer ser  melhor compreendido. E a Trindade não é o único mistério, a humanidade também o é, porque criada à imagem de Deus, homens e mulheres capazes de dizer “ te amo!” e capazes de dizer “eu sou amado!” 
ORAÇÃO
Deus  eterno,  Pai  e  criador  de  todo  o  universo,  contemplamos  o  céu,  a  terra,  os oceanos e todas as suas maravilhas, onde vemos a obra admirável da tua Sabedoria. Por todas as tuas obras, nós Te bendizemos. Nós  Te  confiamos  as  nossas  inquietações  quanto  ao  futuro  da  tua  criação  e  ao equilíbrio da natureza, que as nossas técnicas violentas já perturbaram muito.  Pai,  nós  Te damos  graças  pelos  dons  incomparáveis  com  que  nos  gratificaste:  a justiça, a paz, a fé, a esperança e, sobretudo, o teu amor, que derramaste nos nossos corações pelo Espírito Santo que Tu nos deste.   
Nós  Te   pedimos  pela  unidade  das  Igrejas,  outrora  quebrada  por   diferentes compreensões da justificação. Ilumina-nos com o teu Espírito.
Deus fiel, Pai revelado pelo teu Filho no teu Espírito, nós Te damos graças, porque nos introduzes na comunhão da tua glória e na verdade do teu amor. Nós Te pedimos: Deus, Espírito de verdade, guia-nos para a verdade completa e dá-nos a força de levar as mensagens do Evangelho.
 Meditação para a semana. . .
Mergulhar no coração do mistério… Uma festa para celebrar a relação de Amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um mistério imenso que ultrapassa as nossas concepções  humanas  e  no  qual  somos  convidados  a  entrar.  Durante  a  próxima semana podemos dedicar um tempo à oração, à contemplação, para nos deixarmos mergulhar  no  coração  deste  mistério  de  Amor  da  Trindade…  e  um  tempo  para repensar  de novo as nossas vidas de batizados: a vida, o amor, a paz, o serviço… passam livremente através de nós? Ou estamos desgarrados do conjunto?
fonte:
www.dehonianos.org

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