24/maio/2015- Solenidade de Pentecostes - Jo 20,19-23
O tema deste domingo é,
evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá
vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo. O
Evangelho nos apresenta a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus
ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva,
recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos
crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que
Jesus viveu até às últimas consequências. Na primeira leitura, Lucas sugere que
o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a
nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de
ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de
amor, povos de todas as raças e culturas. Na segunda leitura, Paulo avisa que o
Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede
os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os
membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas
devem ser postos ao serviço de todos.
Reflexão:
A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus.
Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É nele que superamos os nossos
medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de
testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais
nada, comunidades que se organizam e se estruturam à volta de Jesus? Jesus é o
nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num ídolo qualquer de pés de barro que procuramos a nossa
identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as
discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os cristãos?
Identificar-se como
cristão significa dar testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem
Jesus: a vida doada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os
homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade
cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
As comunidades construídas
à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida
que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em
amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele
que nos faz vencer os medos, superar as covardias e fracassos, derrotar o ceticismo
e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética,
testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da
presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos
aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.
Num processo, o advogado
existe para emprestar a sua voz àquele que não tem voz, procura encontrar as
palavras daquele que as procura. Jesus conhece os seus apóstolos, conhece os
seus limites, os seus medos, a sua timidez, Ele sabe também que eles
encontrarão os difamadores, como Ele próprio os encontrou. É então que Ele
promete o Defensor, o “Espírito de Verdade”, diz Ele. Este Espírito não estará
ao lado deles, mas neles, Ele os amará, os fortificará, os santificará, irá soprar
as palavras que é preciso dizer e que farão eco às palavras pronunciadas pelo
seu Mestre. “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em Mim”. Sim, o Espírito
Santo, Espírito do Ressuscitado, anima ainda hoje a sua Igreja. Porque ter medo, então? A
palavra está no Defensor, é preciso não contradizer esta palavra.
Testemunhas da verdade… Jesus chama ao Espírito Santo “o Defensor”. A palavra
grega significa “advogado”. A sua função é fazer surgir a verdade e tomar a
defesa do acusado, de “dar testemunho em seu favor”. Estamos assim no contexto
de um processo em tribunal. O acusado é Jesus e, através dele, é toda a
humanidade: “Eis o homem!”, disse Pilatos. O acusador é aquele que São Pedro
chama “vossa parte adversa, o Diabo”, o Maligno. Só tinha um fim em vista:
levar os homens para longe da luz. O Juiz é Deus. Jesus envia o seu Espírito, o
Espírito de Verdade, que denuncia à face do mundo as mentiras do Maligno. No
Pentecostes, Ele proclama a vitória do Ressuscitado sobre as forças de divisão
e constitui os apóstolos como testemunhas autênticas desta Boa Nova. Desde dois
mil anos, de geração em geração, o Espírito do Pentecostes continua a chamar
homens e mulheres para lhes confiar a mesma missão: serem testemunhas
autênticas da verdade dada em Jesus, o Ressuscitado. Aí se encontra o mistério
secreto e incandescente do mistério da Igreja.
Meditação para a semana…
A festa do Pentecostes é uma boa ocasião para fazer uma reflexão da situação
sobre a ação e os frutos do Espírito na nossa vida: refletir nisso
pessoalmente, falar com um orientador espiritual, viver momentos privilegiados
de oração? Cabe a cada um escolher o melhor meio para este balanço espiritual…
fonte:
www.dehonianos.org
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