A liturgia deste
domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de
uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de
Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto. A primeira leitura apresenta o exemplo de
Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à
morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica,
devem anunciar este “caminho” a todos os homens. O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes
face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la
porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser
geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso,
entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta
que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira). A segunda leitura
convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo baptismo, a continuarem a sua
caminhada de vida nova até à transformação plena (que acontecerá quando, pela
morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).
REFLEXÃO:
• A lógica humana vai na linha da figura
representada por Pedro: o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem
pretensões, a entrega da vida, só conduzem ao fracasso e não são um caminho
sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do
amor radical, da doação de si, não pode resultar realização, felicidade, vida
plena. É verdade que é esta a perspectiva da cultura dominante; é verdade que é
esta a perspectiva de muitos cristãos (representados na figura de Simão Pedro).
Como me situo face a isto?
• A ressurreição de Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total,
a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades
limitadas passa pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas
consequências.
Tenho consciência
disso? É nessa direcção que conduzo a caminhada da minha vida?
• Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a
semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositada na realidade do
homem/corpo. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, ressuscitando, até atingirmos a plenitude, a maturação
plena, a vida total (quando ultrapassarmos a barreira da morte física). Aqui
começa, pois, a nova humanidade.
• A figura de Pedro pode também representar, aqui, essa velha prudência dos
responsáveis institucionais da Igreja, que os impede de ir à frente da
caminhada do Povo de Deus, de arriscar, de aceitar os desafios, de aderir ao
novo, ao desconcertante, ao incompreensível. O Evangelho de hoje sugere que é,
precisamente aí que, tantas vezes, se revela o mistério de Deus e se encontram
ecos de ressurreição e de vida nova.
Meditação para a
semana. . .
Páscoa!
Mergulhada no coração da nossa fé! Mergulhada
nas fontes do nosso Batismo!
Hoje, a Ressurreição
de Cristo é para nós algo mais que um vago sentimento?
A Ressurreição de
Cristo é o “dínamo” das nossas vidas de baptizados?
A Ressurreição de
Cristo é a energia que nos envia a testemunhar: “Cristo está vivo! Nós e oncontrámos!”?
Fonte:
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