A liturgia deste último domingo da Quaresma nos convida a contemplar esse Deus que, por amor,
desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, se fez servo dos homens, se deixou matar para que o egoísmo e o pecado fossem
vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de
Jesus) nos apresenta a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova
que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor. A primeira leitura nos apresenta um profeta anônimo, chamado por Deus a
testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da
perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade,
os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de
Jesus. A segunda leitura nos apresenta o exemplo de Cristo. Ele prescindiu
do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos
homens, até a doação da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de
Deus nos propõe. O Evangelho nos convida a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o
momento supremo de uma vida feita doação e serviço, a fim de libertar os homens
de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus
– esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz doação total.
Reflexão :
• Celebrar a paixão e a morte de Jesus é fixar-se na
contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao
nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome,
o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, tremeu perante a morte,
suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado
contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse
amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos
tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é
a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.
• Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega
de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que
são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados,
os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a
cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos
de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens
continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a
vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que
amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o
amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
A vida é paixão. Nunca ficamos insensíveis diante de um
apaixonado. Ou irrita ou seduz… De qualquer modo, ele provoca. Jesus foi
apaixonado de Deus seu Pai. Uma só coisa contava para Ele: fazer a sua vontade.
Ora, a vontade de Deus não era que seu Filho morresse, mas que fosse até ao fim
do amor. Com o risco de dar a sua vida… e foi o que Ele fez. Jesus foi um
apaixonado dos homens seus irmãos. Uma só coisa contava para Ele: salvar a
humanidade, arrancando-a do egoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza, da
idolatria, de tudo o que leva à morte e à infelicidade… para lhe propor o
serviço, o acolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o que leva à vida e à
felicidade, e que tem um nome: o Amor. Durante toda esta Semana Santa, ergamos
os olhos para Cristo na sua Paixão por Deus seu Pai, na paixão pelos homens
seus irmãos. Para que nós também sejamos apaixonados!
ORAÇÃO
Nós Te damos graças pelo testemunho de não-violência dado e ensinado pelos
Profetas e, sobretudo, pelo teu Filho Jesus. Nós Te pedimos. Vem em nosso
auxílio, nos revela cada manhã a escuta da tua Palavra, instrui-nos pelo teu
Espírito de paciência. Que nós saibamos, da nossa parte, reconfortar aqueles que
não podem mais.
Cristo Jesus, nós Te adoramos e bendizemos: Tu que és de
condição divina, Tu que Te tornaste servo. Pai, nós Te glorificamos, porque o
teu Filho humilhado até ao extremo pelos homens, Tu O revelaste acima de todos. Nós Te pedimos pela nossa humanidade que
continua a sofrer e a fazer sofrer: que se deixe transformar e curar pelo teu
Espírito de ressurreição.
Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Nós Te
bendizemos, Senhor Jesus, e confessamos: verdadeiramente, Tu és o Filho de
Deus.
Perdão pelas nossas negações, as nossas traições, as nossas faltas de fé, que
semeiam a morte nas nossas existências e no nosso mundo. Nós sabemo-lo: Tu
nunca nos abandonas. Pela tua cruz, livra-nos do mal.
Meditação para a semana...
Um Rei-Servidor…
Mudança radical de
valores! Numa sociedade que só acredita no seu poder, no seu dinheiro, nas suas
conquistas, eis o nosso Rei que vem até nós na humildade, no serviço, no
sofrimento, vulnerável até morrer.
-Discípulos deste Messias-Servidor, onde se situam os
nossos valores de referência: do lado do Evangelho? Do lado do mundo? Não há meio termo…
fonte:
www.dehonianos.org
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