As leituras do 3º Domingo
do Advento nos garantem que Deus tem um projeto de salvação e de vida plena
para propor aos homens e para faze-los
passar das “trevas” à “luz”. Na primeira leitura, um profeta pós-exílico se apresenta
aos habitantes de Jerusalém com uma “boa nova” de Deus. A missão deste
“profeta”, ungido pelo Espírito, é anunciar um tempo novo, de vida plena e de
felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos “pobres”. O
Evangelho nos apresenta-nos João Batista, a “voz” que prepara os homens para
acolher Jesus, a “luz” do mundo. O objetivo de João não é centrar sobre si
próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus
interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou com
uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens. Na segunda
leitura Paulo explica aos cristãos da comunidade de Tessalônica a atitude que é
preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem… Paulo pede-lhes que sejam
uma comunidade “santa” e irrepreensível, isto é, que vivam alegres, em atitude
de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus.
REFLEXÃO:
• A “voz”, através da qual
Deus fala, nos convida a endireitar “o caminho do Senhor”. É, na linguagem do
Evangelho segundo João, um convite a deixar “as trevas” e a nascer para “a
luz”. Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes
injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a
auto-suficiência, tudo o que empobrece a nossa vida, nos torna escravos e nos
impede de chegar à verdadeira felicidade. Em termos pessoais, quais são as mudanças
que eu tenho que operar na minha existência para passar das “trevas” para a
“luz”? O que é que me escraviza e me impede de ser plenamente feliz? O que é
que na minha vida gera desilusão, frustração, desencanto, sofrimento?
• A “voz”, através da qual
Deus fala, nos convida a olhar para Jesus, pois só Ele é “a luz” e só Ele tem
uma proposta de vida verdadeira para apresentar aos homens. À nossa volta são
muitos os “vendedores de sonhos”, com propostas de felicidade “absolutamente
garantida”. Nos atraem, nos seduzem, nos manipulam, nos escravizam e, quase
sempre, nos deixam decepcionados e infelizes, mais angustiados, mais perdidos,
mais frustrados. João nos garante: só Jesus é “a luz” que liberta os homens da
escravidão e das trevas e lhes oferece a vida verdadeira e definitiva. A quem damos
ouvidos: às propostas de Jesus, ou às propostas da moda, do politicamente correto,
das pessoas “on” que aparecem dia a dia nas colunas sociais e que ditam o que
está certo e está errado à luz dos critérios do mundo? Que significado é que
Jesus e a sua proposta assumem no nosso dia a dia?
• Jesus marca, realmente,
a nossa existência? Os valores que Ele veio propor têm peso e impacto nas nossas
decisões e opções? Quando celebramos o nascimento de Jesus, celebramos um
acontecimento do passado que deixou a sua marca na história, ou celebramos o
encontro com alguém que é “a luz” que ilumina a nossa existência e que enche a nossa
vida de paz, de alegria, de liberdade?
• O “homem chamado João”,
enviado por Deus “para dar testemunho da luz”, nos convida a pensar sobre a
forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus
nos atribui na recriação do mundo… Deus não utiliza métodos espetaculares e
assombrosos para intervir na nossa história e para recriar o mundo; mas Ele vem
ao encontro dos homens e do mundo para os envolver no seu amor através de
pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas “normais” a quem Deus
chama e a quem confia determinada missão. A todos nós, seus filhos, Deus confia
uma missão no mundo – a missão de dar testemunho da “luz” e de tornar presente,
para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus. Temos consciência de
que Deus nos chama e nos envia ao mundo? Como é que respondemos ao chamamento
de Deus: com disponibilidade e entrega, ou com preguiça, comodismo e acomodação?
• A atitude simples e
discreta com que João se apresenta é muito sugestiva: ele não procura atrair
sobre si as atenções, não usa a missão para a sua glória ou promoção pessoal,
não busca a satisfação de interesses egoístas; ele é apenas uma “voz” anônima e
discreta que recorda, na sombra, as realidades importantes. João é uma grande interpelação
para todos aqueles a quem Deus chama e envia… Com ele, o profeta (isto é, todo
aquele a quem Deus chama e a quem confia uma missão) deve aprender a ficar na
sombra, a ser discreto e simples, de forma que as pessoas não vejam a ele mas às
realidades importantes que ele propõe.
• A atitude dos fariseus e
dos líderes judaicos, cheios de preconceitos, preocupados em manter os seus
esquemas de poder e instalação, instalados no seu comodismo e nos seus
privilégios, impede-os de “conhecer” “a luz” que está para chegar. Trata-se de
um aviso, para nós: quando nos instalamos no nosso comodismo, no nosso
bem-estar, na nossa auto-suficiência, fechamos o coração à novidade e aos
desafios que Deus nos faz… Dessa forma, não reconhecemos Jesus quando Ele vem
ao nosso encontro e não O deixamos entrar na nossa vida. A liturgia nos convida,
neste Advento, à desinstalação, a fim de que o Senhor que vem possa nascer na
nossa vida.
Meditação para a semana. .
.
Testemunhar é apagar-se… A testemunha não aparece para falar de si, não atrai
os olhares para a sua pessoa, mas para aquele de quem vem falar. João Batista
não se coloca em destaque, ele diz logo o que ele não é, para que os seus
interlocutores descubram o Outro, Aquele do qual não cessa de falar, Aquele a
quem prepara a vinda, Aquele para o qual todos os olhares se devem virar porque
Ele é a Luz. Jesus reconhecerá João Batista como sua testemunha que prepara a
sua vinda.
No coração do quotidiano:
a esperança.
O nosso olhar sobre os
outros e sobre o mundo pode ser transformado nesta semana: passar da
contestação à bondade; procurar ter uma expressão de sorriso em cada encontro,
saudar o outro como um irmão que Deus ama e desejar-lhe todo o bem que Deus
quer para ele. A alegria cristã não está ao nível de um otimismo simplista, mas
coloca no coração do quotidiano a esperança, possível e certa pela Palavra
feita carne.
fonte:
www.dehonianos.org
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