A liturgia do segundo
domingo de Advento constitui um veemente apelo ao reencontro do homem com Deus,
à conversão. De sua parte, Deus está sempre disposto a oferecer ao homem um
mundo novo de liberdade, de justiça e de paz; mas esse mundo só se tornará uma
realidade quando o homem aceitar transformar o seu coração, abrindo-o aos
valores de Deus. Na primeira leitura, um profeta anônimo da época do Exílio
garante aos exilados a fidelidade de Jahwéh e a sua vontade de conduzir o Povo
– através de um caminho fácil e reto – em direção à terra da liberdade e da
paz. Ao Povo, por sua vez, é pedido que deixe os seus hábitos de comodismo, de
egoísmo e de auto-suficiência e aceite, outra vez, confrontar-se com os
desafios de Deus. No Evangelho, João Batista convida os seus contemporâneos (e,
claro, os homens de todas as épocas) a acolher o Messias libertador. A missão
do Messias – diz João – será oferecer a todos os homens esse Espírito de Deus
que gera vida nova e permite ao homem viver numa dinâmica de amor e de liberdade.
No entanto, só poderá estar aberto à proposta do Messias quem tiver percorrido
um autêntico caminho de conversão, de transformação, de mudança de vida e de
mentalidade. A segunda leitura aponta para a parusia, a segunda vinda de Jesus.
Convida-nos à vigilância – isto é, a vivermos dia a dia de acordo com os
ensinamentos de Jesus, nos empenhando na transformação do mundo e na construção
do Reino. Se os cristãos pautarem a sua vida por esta dinâmica de contínua
conversão, encontrarão no final da sua caminhada terrena “os novos céus e a
nova terra onde habita a justiça”.
REFLEXÃO:
• Antes de mais nada,
temos que considerar a mensagem principal do texto… João, o Batista, afirma
claramente que preparar a vinda do Messias passa pela “metanoia” – isto é, por
uma transformação total do homem, por uma nova atitude de base, por uma outra escala
de valores, por uma radical mudança de pensamento, por uma postura vital
inteiramente nova, por um movimento radical que leve o homem a reaquacionar a
sua vida e a colocar Deus no centro da sua existência e dos seus interesses.
Neste tempo de Advento, de preparação para a celebração do Natal do Senhor,
trata-se de uma proposta com sentido: preparar a vinda de Jesus exige de nós
uma transformação radical da nossa vida, dos nossos valores, da nossa
mentalidade… Concretamente, o que é que nos nossos pensamentos, nos nossos comportamentos, na nossa
mentalidade, nos valores que dirigem a nossa vida, é egoísmo, orgulho e
auto-suficiência e impede o nascimento de Jesus no nosso coração e na nossa
vida?
• Deus convida o homem à
transformação e à mudança através desses profetas a quem Ele chama e a quem
confia a missão de questionar o mundo e os homens. Estamos suficientemente
atentos aos profetas que questionam o nosso estilo de vida e os nossos valores?
Damos crédito às suas interpelações, ou consideramo-los figuras incomodas,
ultrapassadas e dispensáveis? E nós, constituídos profetas desde o nosso batismo,
nos sentimos enviados por Deus a interpelar e a questionar o mundo e os nossos
irmãos?
• O “estilo de vida” de
João constitui uma interpelação pelo menos tão forte como as suas palavras. É o
testemunho vivo de um homem que está consciente das prioridades e não dá
importância aos aspectos secundários da vida – como roupa “de marca” ou a
alimentação cuidada. A nossa vida também está marcada por valores, nos quais
apostamos e à volta dos quais construímos toda a nossa existência… Quais são os
valores fundamentais para nós, os valores que marcam as nossas decisões e
opções? São valores importantes, decisivos, eternos, capazes de nos dar vida e
felicidade, ou são valores efêmeros, particulares, egoístas e geradores de
dependência e escravidão? Como nos situamos frente a valores e a um estilo de
vida que contradiz, claramente, os valores do Evangelho?
• Ao acentuar o caráter
decisivo e determinante do apelo de João, Marcos nos convida a uma resposta
objetiva, franca, clara e decidida. Não podem existir meias palavras ou
tentativas de protelar a decisão… Estamos ou não dispostos a dizer “sim” aos
apelos de Deus? Estamos ou não dispostos a aceitar a sua proposta de “metanóia”?
Não adianta dizer “talvez” , “sim, ou mas…”.
Deus espera uma resposta total, radical,
decidida, inequívoca à oferta de salvação que Ele faz. Isso significa uma
renúncia decidida ao nosso comodismo, à nossa preguiça, ao nosso egoísmo, à
nossa auto-suficiência, é um embarcar decidido na aventura do Reino que Jesus, há
mais de dois mil anos, veio propor aos homens…
Meditação para a semana. .
.
Dar espaço para o Senhor… A urgência é seguramente dar a Cristo todo o espaço
nas nossas vidas: limpar “ a casa”…
Permitir que Ele nasça no
íntimo da nossa vida…
O Advento pode ser um
tempo de desapropriação, para melhor encontrar Cristo. Ao longo desta segunda
semana, é este o apelo que nos é dirigido por João Batista:procurar liberar o
espaço para o Senhor entrar.
Só assim permitiremos que Ele venha!
Só assim permitiremos que Ele venha!
fonte:
www.dehonianos.org.
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