A
liturgia do 6º Domingo da Páscoa nos convida a descobrir a presença – discreta,
mas eficaz e tranquilizadora – de Deus na caminhada histórica da Igreja. A
promessa de Jesus – “não vos deixarei
órfãos” – pode ser uma boa síntese do tema. O Evangelho nos apresenta
parte do “testamento” de Jesus, na ceia de despedida, em Quinta-feira Santa.
Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o “Paráclito”: Ele
conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão
cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a
“morada de Deus” no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer
aos homens. A primeira leitura
mostra exatamente a comunidade cristã dando
testemunho da Boa Nova de Jesus sendo uma presença libertadora e salvadora na
vida dos homens. Avisa, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só atuará
quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de
irmãos, reunidos à volta do Pai e de Jesus. A segunda leitura exorta os crentes –
confrontados com a hostilidade do mundo – a terem confiança, a darem um
testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo
aos perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser
o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.
Relexão:
• A
paixão de Jesus continua acontecendo,
todos os dias, na vida de cada um de nós e na vida de tantos irmãos nossos.
Sentimo-nos impotentes face à guerra e ao terrorismo; não conseguimos prever e
evitar as catástrofes naturais; sofremos por causa da injustiça e da opressão;
vemos o mundo se construindo de acordo com critérios de egoísmo e de
materialismo; não podemos evitar a doença e a morte… Acreditamos no “Reino de
Deus”, mas ele parece que nunca vai chegar, e caminhamos, desanimados e
frustrados, para um futuro que não sabemos aonde conduzirá a humanidade. No
entanto, nós os crentes temos razões para ter esperança: Jesus garantiu-nos que
não nos deixaria órfãos e que estaria sempre ao nosso lado. Na minha leitura do
mundo e da história, o que é que prevalece: o pessimismo de quem se sente só e
perdido no meio de forças de morte, ou a esperança de quem está seguro de que
Jesus ressuscitado continua presente, acompanhando a caminhada da sua comunidade
pela história?
• O
“caminho” que Jesus propõe aos seus discípulos (o “caminho” do amor, do
serviço, do dom da vida) parece, à luz dos critérios com que a maior parte dos
homens do nosso tempo avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não
conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem estar
material – afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida dos homens do
nosso tempo. No entanto, Jesus garantiu-nos que era no caminho do amor e da
entrega que encontraríamos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e
dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente
fraco, indefeso, humilde e que vai passar ao lado das grandes experiências que
fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica
com Jesus e sabe que é nesse “caminho” de amor e de dom da vida que se encontra
a felicidade plena e a vida definitiva?
•
Jesus garantiu aos seus discípulos o envio de um “defensor”, de um
“consolador”, que havia de animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da
sua marcha pela história. Nós acreditamos, portanto, que o Espírito está
presente, animando-nos, conduzindo-nos, criando vida nova, dando esperança aos
crentes em caminhada. Quais são as manifestações do Espírito que eu vejo na
vida das pessoas, nos acontecimentos da história, na vida da Igreja?
• A
comunidade cristã, identificada com Jesus e com o Pai, animada pelo Espírito, é
o “templo de Deus”, o lugar onde Deus habita no meio dos homens. Através dela,
o Deus libertador continua concretizando
o seu projeto de salvação. A Igreja é, hoje, o lugar onde os homens encontram
Deus? Ela dá testemunho (em gestos de
amor, de serviço, de humanidade, de liberdade, de compreensão, de perdão, de
tolerância, de solidariedade para com os pobres) do Deus que quer oferecer aos
homens a salvação? O que é que nos falta – a nós, “família de Deus” – para
sermos verdadeiros sinais de Deus no meio dos homens?
O tempo libertado
será sempre tempo livre? Podemos estar libertos, mas seremos mais
livres? Livres para fazer o que dizemos não ter tempo para fazer: ler, visitar,
rezar, refletir, escrever… A nossa liberdade exerce-se nas escolhas que
fizermos. Então, não apenas o tempo será libertado,
mas também nós seremos libertados dos constrangimentos de que nem sempre somos
mestres e também daqueles que nos são impostos por conveniência, por hábito,
por ambição…
Quase terminando
o mês de Maio, em que a tradição nos convida particularmente a rezar a Maria,
olhemo-la na sua plena liberdade, da manhã da Anunciação à manhã do
Pentecostes, sem esquecer a tarde passada junto à cruz: sempre um “sim” dado a
Deus, precisamente porque Deus queria libertar a humanidade.
Meditação
para a semana. . .
Dar
razões da Esperança que habita em nós…
Num mundo
em busca de sentido, temos consciência de que cabe a cada um de nós anunciar
Aquele que nos faz viver?
“Dar
razões”… passa pela qualidade do nosso amor, oferecido a todos sem condição, na
doçura e no respeito das diferenças…
fonte:
www.dehonianos.org
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