O 4º Domingo da Páscoa é
considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe,
neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual
Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra
de Deus põe hoje para nossa reflexão. O Evangelho apresenta Cristo como “o
Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e
levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao
contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em
benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito
absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.
A segunda leitura nos apresenta também
Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. Quem escreveu este
texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No
contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à
injustiça com o amor, ao mal com o bem. A primeira leitura traça, de forma bastante
completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é
preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser batizado
(isto é, aderir a Jesus e segui-lo) e receber o Espírito Santo (acolher no
coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).
REFLEXÃO:
• Na nossa cultura urbana,
a figura do “Pastor” é uma figura de outras eras, que pouco esclarece, a não
ser um mundo perdido de quietude e de amplos espaços verdes; em contrapartida,
conhecemos bem a figura do presidente, do líder, do chefe: não raras vezes, é
alguém que se impõe pela força, que manipula as massas, que escraviza os que
estão sob a sua autoridade, que se aproveita dos fracos, que humilha os mais
débeis… Ao nos propor a figura bíblica
do “Bom Pastor”, o Evangelho convida-nos a refletir sobre o serviço da
autoridade… Propõe como modelo de presidência (ou de “Pastor”) uma figura que
oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade das pessoas, que se dedica
totalmente, que ama gratuitamente.
• Para os cristãos, “o Pastor” por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a
missão de conduzir o “rebanho” de Deus das trevas para a luz, da escravidão
para a liberdade, da morte para a vida.
O nosso “Pastor” é, de fato,
Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as referências
fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência?
O que é que conduz e condiciona as nossas opções? Cristo?
A voz do “política e socialmente correto” ? A voz da opinião pública? A voz do presidente
do partido? A voz do comodismo e da instalação? A voz do preservar os nossos
esquemas egoístas e os nossos privilégios? A voz do êxito e do triunfo a
qualquer custo? A voz do herói mais popular da telenovela? A voz do programa de
maior audiência da estação televisiva de maior audiência?
• Atentemos na forma como Cristo desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele
conhece as “ovelhas” e chama-as pelo nome, mantendo com cada uma delas uma
relação única, especial, pessoal. Dirige-lhes um convite para deixarem a
escuridão, mas não força ninguém a segui-lo: respeita absolutamente a liberdade
de cada pessoa. É dessa forma humana, tolerante, amorosa, que nos relacionamos
com os outros? Aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo,
de animar uma comunidade, exercem a sua missão no respeito absoluto pela pessoa,
pela sua dignidade, pela sua individualidade?
• As “ovelhas” do rebanho de Jesus têm que “escutar a voz” do “Pastor” e segui-lo…
Isso significa, concretamente, tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o
mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na
doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Cristo) no
caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho não
leva aonde nós pretendemos ir?
• Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas
enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um
permanente diálogo íntimo com “o Pastor”, um confronto permanente com a sua
Palavra e a participação ativa nos sacramentos onde nos é comunicado essa vida que “o Pastor” nos oferece.
Chamados a ser e a fazer…
Alguns escolheram o seu estado de vida, outros não escolheram, mas procuram
assumi-lo: pensemos nas pessoas viúvas, divorciadas, celibatárias. A Igreja
enriquece-se com esta variedade de estados de vida: vida consagrada na vida
religiosa ou num instituto secular, vida conjugal, celibato. Todos somos
chamados a nos tornarmos em cada dia um pouco mais santos. Tal é a vocação
comum a todos. A Igreja cumpre a sua missão graças àqueles que asseguram um
serviço. Há o ministério ordenado (padres ou diáconos), o serviço do anúncio da
Boa Nova para lá de todas as fronteiras (missionários) e todos os serviços
prestados pelos leigos nos domínios da catequese, da liturgia, da ação
caritativa, do testemunho. Nem todos são
chamados a ser padres, diáconos ou
missionários. Mas somos todos chamados a servir no mundo e na Igreja!
Meditação para a semana. .
.
Eu sou o bom pastor.
Nesta semana, encontremos tempo para caminhar ao ritmo do Pastor que nos
conhece e que chama cada um de nós pelo próprio nome. E nós escutaremos a sua
voz, saboreando o magnífico Salmo 22: «O Senhor é meu pastor, nada me falta».
Durante
a semana procuremos também rezar pela fidelidade à vocação a que o Senhor nos
chama e por todas as outras vocações…
fonte:
www.dehonianos.org.
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