09/março/2014 - I Domingo da Quaresma
No início da nossa caminhada quaresmal, a Palavra de Deus
convida-nos à “conversão” – isto é, a recolocar Deus no centro da nossa
existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as suas propostas, a
concretizar no mundo – com fidelidade – os seus projetos. A primeira leitura
afirma que Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. Quando
escutamos as propostas de Deus, conhecemos a vida e a felicidade; mas, sempre
que prescindimos de Deus e nos fechamos em nós próprios, inventamos esquemas de
egoísmo, de orgulho e de prepotência e construímos caminhos de sofrimento e de
morte.
A segunda leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. Adão representa o
homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os
caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que escolhe viver na
obediência às propostas de Deus e que vive na obediência aos projetos do Pai. O
esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte; o esquema de Jesus gera vida
plena e definitiva. O Evangelho apresenta, de forma mais clara, o exemplo de
Jesus. Ele recusou – de forma absoluta – uma vida vivida à margem de Deus e dos
seus projetos. A Palavra de Deus garante que, na perspectiva cristã, uma vida
que ignora os projetos do Pai e aposta em esquemas de realização pessoal é uma
vida perdida e sem sentido; e que toda a tentação de ignorar Deus e as suas
propostas é uma tentação diabólica e que o cristão deve, firmemente, rejeitar.
Reflexão:
Tu poderias… “Se és Filho de Deus…” Não nos acontece, às
vezes, estar também do lado do tentador? “Se és Filho de Deus…” Tu poderias
suprimir as fomes, as guerras, a miséria… Tu poderias tornar a tua Igreja
próspera e célebre aos olhos das nações… Tu poderias… mas já dizia Jesus: “Vai-te
embora, Satanás!”
A vida é decisão. Depois do nascimento, em cada dia
decidimos viver. Decidimos comer, trabalhar, repousar, cuidar-se, ter tempo de
lazer… Diante de tantas contrariedades que é preciso aceitar, assumir,
ultrapassar, também é preciso decidir. Nós não decidimos, a maior parte de nós,
ser batizados; outros fizeram-no por nós. Mas depois, decidimos crer, rezar,
aprofundar a nossa fé, viver segundo o Evangelho. Muitos outros, na nossa
própria família talvez, decidiram de modo diferente. Nesta semana, decidamos
dar um passo ao encontro de Deus. Com toda a liberdade. Sim, façamos desta
semana a semana da liberdade, a dos filhos de Deus. Deus quer-nos livres. Quer
que vamos até Ele, livremente.
Meditação para a semana. . .
• A questão essencial que a Palavra de Deus hoje nos propõe é, portanto, esta:
Jesus recusou, de forma absoluta, conduzir a sua vida à margem de Deus e das
suas propostas. Para Ele, só uma coisa é verdadeiramente decisiva e
fundamental: a comunhão com o Pai e o cumprimento obediente do seu projeto…
E
nós, seguidores de Jesus? É essa também a nossa perspectiva?
O que é que é
decisivo na minha vida: as propostas de Deus, ou os meus projetos pessoais?
• Quando o homem esquece Deus e as suas propostas, e se fecha no egoísmo e na
auto-suficiência, facilmente cai na escravidão de outros deuses que, no
entanto, estão longe de assegurar vida plena e felicidade duradoura. Quais são
os deuses que, hoje, dominam o horizonte desse homem moderno que prescindiu de
Deus?
Quais são os deuses que estão no centro da minha própria vida e que
condicionam as minhas decisões e opções?
• Deixar-se conduzir pela tentação dos bens materiais, do acumular mais e mais,
do subordinar toda a vida à lógica do “ter mais”, é seguir o caminho de Jesus?
Olhar apenas para o seu próprio conforto e comodidade, fechar-se à partilha e
às necessidades dos outros, pagar salários de miséria e consumir fortunas em
noitadas, em coisas supérfluas… é seguir o exemplo de Jesus?
• Usar Deus ou os seus dons para saciar a nossa vaidade, para promover o nosso
êxito pessoal, para brilhar, para dar espetáculo, para levar os outros a nos admirar
e a nos aplaudir… é seguir o exemplo de Jesus?
• Procurar o poder a todo o custo (às vezes, entregando ao diabo os nossos
valores mais importantes e as nossas convicções mais sagradas) e exercê-lo com
prepotência, com intolerância, com autoritarismo (quantas vezes humilhando e
magoando os pobres, os débeis, os humildes)… é seguir o exemplo de Jesus?
fonte:
www.dehonianos.org