A liturgia deste último Domingo do Advento refere-se repetidamente ao projeto
de vida plena e de salvação definitiva que Deus tem para oferecer aos homens.
Esse projeto, anunciado já no Antigo Testamento, torna-se uma realidade
concreta, tangível e plena com a encarnação de Jesus. A primeira leitura apresenta a “promessa” de
Deus a David. Deus anuncia, pela boca do profeta Natã, que nunca abandonará o
seu Povo nem desistirá de conduzi-lo ao encontro da felicidade e da realização
plenas. A “promessa” de Deus irá concretizar-se num “filho” de David, através
do qual Deus oferecerá ao seu Povo a estabilidade, a segurança, a paz, a abundância, a
fecundidade, a felicidade sem fim. A
segunda leitura chama a esse projeto de salvação, preparado por Deus desde sempre,
o “mistério”; e, sobretudo, garante que esse projeto se manifestou, em Jesus, a
todos os povos, a fim de que a humanidade inteira integre a família de Deus. O Evangelho refere-se ao momento em que Jesus
encarna na história dos homens, a fim de lhes trazer a salvação e a vida
definitivas. Mostra como a concretização do projeto de Deus só é possível
quando os homens e as mulheres que Ele chama aceitam dizer “sim” ao projeto de
Deus, acolher Jesus e apresentá-lo ao mundo.
Reflexão:
• Também o Evangelho deste domingo (na linha das outras
duas leituras) afirma, de forma clara e insofismável, que Deus ama os homens e
tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. Como é que esse Deus cheio de
amor pelos seus filhos intervém na história humana e concretiza, dia a dia,
essa oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré (bem como a de tantos
outros “chamados”) responde, de forma clara, a esta questão: é através de
homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o
serviço dos irmãos, que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu
amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da
realização plena. Já paramos para pensar
que é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus Se
torna presente no mundo e transforma o mundo?
• Neste domingo que precede o Natal de Jesus, a história
de Maria mostra como é possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um
“sim” incondicional aos projetos de Deus. É preciso que, através dos nossos
“sins” de cada instante, da nossa disponibilidade e entrega, Jesus possa vir ao
mundo e oferecer aos nossos irmãos – particularmente aos pobres, aos humildes,
aos infelizes, aos marginalizados – a salvação e a vida de Deus.
• Outra questão é a dos instrumentos de que Deus se serve
para realizar os seus planos… Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura
dessa “Galiléia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Não consta que
tivesse uma significativa preparação intelectual, extraordinários conhecimentos
teológicos, ou amigos poderosos nos círculos de poder e de influência da
Palestina de então… Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um
papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A
história vocacional de Maria deixa claro que, na perspectiva de Deus, não são o
poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a
capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres,
independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a
disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.
• Diante dos apelos de Deus ao compromisso, qual deve ser
a resposta do homem? É aí que somos colocados diante do exemplo de Maria…
Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um “sim” total e
incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos
pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente
e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal
de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus
e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. O testemunho de Maria é um
testemunho questionante, que nos
interpela fortemente… Que atitude assumimos diante dos projetos de Deus: o acolhemos
sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus,
ou assumimos uma atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos
pessoais e dos nossos interesses egoístas?
• É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem
reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança
incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta
confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão,
de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem
Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré
foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do
encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente nele. No meio da agitação de
todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em
comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele me
dá dia a dia?
Meditação para a semana. . .
Celebrar este domingo, meditar a importantíssima missão
confiada a Maria e a resposta tão generosa que não hesitou em dar ao Senhor,
convida-nos também a nos interrogarmos sobre a nossa própria missão: o que é
que Deus, na nossa humilde medida, nos confia? Em quê, por quê, conta Ele com
cada um de nós? Para que seja verdadeiramente Natal, dentro de alguns dias, na
nossa terra, Ele tem sem dúvida necessidade dos discípulos do seu Filho…
Professamos hoje a nossa fé num Deus que, diz São Paulo, tem o poder de nos
confirmar (segunda leitura): acendendo a nossa quarta vela do Advento, que esta
força seja verdadeiramente reavivada nos nossos corações.
Tomar uma decisão que comprometa… Maria
ajuda-nos a dar o salto da fé, ela é o nosso modelo, mas ao mesmo tempo é nossa
Mãe: podemos, pois, ter confiança e encontrar junto dela todo o reconforto de
que precisamos! A alguns dias do Natal, com Maria, procuremos tomar uma decisão
que comprometa a nossa fé, de encontrar um ritmo mais regular para a oração, de
prever uma paragem espiritual (tempo de retiro, por breve que seja…) antes do
Natal para fazer o ponto da situação da nossa vida com o Senhor.
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário