19-novembro-2017 - 33º Domingo do Tempo Comum - Mt
25,14-30
A liturgia recorda
a cada cristão a grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que
vivemos, testemunha consciente, ativa e comprometida desse projeto de
salvação/libertação que Deus Pai tem para os homens.
O Evangelho nos apresenta dois exemplos opostos de como esperar e preparar a
última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os
“bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na
apatia e não põe para render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele
está desperdiçando os dons de Deus e privando os irmãos, a Igreja e o mundo dos
frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá
o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo
com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente
na construção do Reino.
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores
que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do texto
propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do
“temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve
revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e
corresponder à missão que Deus lhe confiou.
Reflexão:
• Antes de mais nada, é preciso ter presente que nós, os
cristãos, somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de
salvação/libertação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que
Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é com as
nossas palavras que Jesus continua consolando os que estão tristes e desanimados;
é com os nossos braços abertos que Jesus continua acolhendo os imigrantes que fogem da miséria e
da degradação; é com as nossas mãos que Jesus continua quebrando as cadeias que prendem os
escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua indo ao encontro de cada irmão que está
sozinho e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua alimentando as multidões famintas do mundo e a dar
medicamentos e cultura àqueles que nada têm… Nós, cristãos, membros do “corpo
de Cristo”, que nos identificamos com Cristo, temos a grave responsabilidade de
testemunha-lo e de deixar que, através
de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao nosso lado
pelos caminhos do mundo.
• Os dois “servos” da parábola que, talvez correndo
riscos, fizeram frutificar os “bens” que o “senhor” lhes deixou, mostram como
devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de
Jesus. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que já tinham; não se
deixaram dominar pelo comodismo e pela apatia… Lutaram, esforçaram-se,
arriscaram, ganharam. Todos os dias, há cristãos que têm a coragem de arriscar.
Não aceitam a injustiça e lutam contra ela; não pactuam com o egoísmo, o
orgulho, a prepotência e propõem, em troca, os valores do Evangelho; não
aceitam que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo e têm a coragem
de lutar objetivamente contra os projetos desumanos que desfiguram esta terra;
não aceitam que a Igreja se identifique com a riqueza, com o poder, com os
grandes e esforçam-se por torná-la mais pobre, mais simples, mais humana, mais
evangélica; não aceitam que a liturgia tenha que ser sempre tão solene que
assuste os mais simples, nem tão celestial que não tenha nada a ver com a vida do dia a
dia… Muitas vezes, são perseguidos, condenados, desautorizados, reduzidos ao
silêncio, incompreendidos; muitas vezes, no seu excesso de zelo, cometem erros
de avaliação, fazem opções erradas… Apesar de tudo, Jesus lhes diz: “muito bem,
servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as
grandes. Vem tomar parte na alegria do teu Senhor”.
• O servo que escondeu os “bens” que o Senhor lhe confiou
mostra como não devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da
segunda vinda de Jesus. Esse servo contentou-se com o que já tinha e não teve a
ousadia de querer mais; entregou-se sem luta, deixou-se dominar pelo comodismo
e pela apatia… Não lutou, não se esforçou, não arriscou, não ganhou. Todos os
dias há cristãos que desistem por medo e covardia e se demitem do seu papel na
construção de um mundo melhor. Limitam-se a cumprir as regras, ou a refugiar-se
no seu cantinho cômodo, sem força, sem vontade, sem coragem de ir mais além.
Não falham, não cometem “pecados graves”, não fazem mal a ninguém, não correm
riscos; limitam-se a repetir sempre os mesmos gestos, sem inovar, sem
purificar, sem nada transformar; não fazem, nem deixam fazer e limitam-se a
criticar asperamente aqueles que se esforçam por mudar as coisas… Não põem para
render os “bens” que Deus lhes confiou e deixam-nos secar sem dar frutos. Jesus
lhes diz: “servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho
onde não lancei; devias, portanto, depositar o meu dinheiro no banco e eu
teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu”.
Quantos homens, mulheres e crianças, em todo o mundo, mas
também perto de nós, lançam SOS para que a sua vida seja salva, e que eles
possam viver de pé, dignamente, humanamente! Jesus ouviu os seus gritos,
escutou-os, respondeu-lhes com uma palavra, um olhar, um gesto, e era sempre
para transmitir dignidade, confiança, saúde, paz. Fechamos hoje os nossos
ouvidos? Agarramo-nos às nossas riquezas? E se fizéssemos um desvio no nosso
caminho para nos aproximarmos, para nos fazermos próximo de todos aqueles que
caíram na beira do caminho?
Meditação para a semana…
Fazer uma reflexão da situação sobre os
nossos talentos…
E se aproveitássemos a parábola de hoje para fazer uma
reflexão da situação sobre os “talentos” que recebemos e aqueles que ganhamos?
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário