23-junho-2017 - Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
Quem é esse Deus em quem
acreditamos? Qual é a sua essência? Como é que o podemos definir? A liturgia
deste dia nos diz que “Deus é amor”. Convida-nos a contemplar a bondade, a
ternura e a misericórdia de Deus, a deixarmo-nos envolver por essa dinâmica de
amor, a viver “no amor” a nossa relação com Deus e com os irmãos. A primeira leitura é uma catequese sobre essa
história de amor que une Jahwéh a Israel. Ensina que foi o amor – amor
gratuito, incondicional, eterno – que levou Deus a eleger Israel, a libertá-lo
da opressão, a fazer com ele uma Aliança, a derramar sobre ele a sua
misericórdia em tantos momentos concretos da história… Diante da intensidade do
amor de Deus, Israel não pode ficar de braços cruzados: o Povo é convidado a
comprometer-se com Jahwéh e a viver de acordo com os seus mandamentos. A segunda leitura define, numa frase lapidar,
a essência de Deus: “Deus é amor”. Esse “amor” manifesta-se, de forma concreta,
clara e inequívoca em Jesus Cristo, o Filho de Deus que Se tornou um de nós
para nos manifestar – até à morte na cruz – o amor do Pai. Quem quiser
“conhecer” Deus, permanecer em Deus ou viver em comunhão com Deus, tem de
acolher a proposta de Jesus, despir-se do egoísmo, do orgulho e da arrogância e
amar Deus e os irmãos. O Evangelho
garante-nos que esse Deus que é amor tem um projecto de salvação e de vida
eterna para oferecer a todos os homens. A proposta de Deus dirige-se
especialmente aos pequenos, aos humildes, aos oprimidos, aos excluídos, aos que
jazem em situações intoleráveis de miséria e de sofrimento: esses são não só os
mais necessitados, mas também os mais disponíveis para acolher os dons de Deus.
Só quem acolhe essa proposta e segue Jesus poderá viver como filho de Deus, em
comunhão com Ele.
Reflexão:
• Por detrás das palavras
de Jesus que o Evangelho de hoje nos apresenta, está o cenário do projeto de
salvação que Deus tem para os homens e para o mundo. Deus ama os homens com um
amor sem limites e quer que eles cheguem à vida eterna, à felicidade sem fim;
por isso, enviou ao mundo o próprio Filho que, com o sacrifício da sua própria
vida, anunciou o Reino e indicou aos homens um caminho de liberdade e de vida
plena. Para concretizar esse projeto do Pai, Jesus lutou contra tudo aquilo que
provocava opressão e escravidão e anunciou a todos os homens – com palavras e
com gestos – o amor, a misericórdia, a bondade de Deus. Esse projeto de amor
toca especialmente os pequenos, os pobres, os excluídos, os desprezados, os que
sofrem, pois são eles que mais necessitam de salvação. Aqueles que centram a
sua vida na espiritualidade do Coração de Jesus devem ser, em razão da sua
vocação e carisma, testemunhas privilegiadas desse amor de Deus, materializado
em Jesus e no mistério do seu Coração
trespassado. São fiéis à sua vocação e ao seu carisma e dão testemunho – com
gestos, com palavras, com a vida – do amor de Deus por todos os homens?
• Não podemos, no entanto,
ser testemunhas, sem fazermos nós próprios a experiência de Deus e do seu amor.
Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus e do seu amor? O
Evangelho responde: através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só
quem segue Jesus e procura viver como Ele (no cumprimento total dos planos de
Deus) pode chegar à comunhão com o Pai. Há crentes que, por terem feito o
“curso completo” da catequese, por irem à missa ao domingo ou por rezarem
fielmente a “Liturgia das Horas”, acham que conhecem Deus (isto é, que têm com
Ele uma relação estreita de intimidade e de comunhão)… Atenção: só “conhece”
Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da
entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só
aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
• O amor de Deus dirige-se,
de forma especial, aos pequenos, aos marginalizados, aos necessitados de
salvação. Os pobres e fracos que encontramos nas ruas das nossas cidades ou à
porta das igrejas das nossas paróquias encontram em nós – profetas do amor – a
solicitude maternal e paternal de Deus? Apesar do imenso trabalho, do cansaço,
do “stress”, dos problemas que nos incomodam, somos capazes de “perder” tempo
com os pequenos, de ter disponibilidade para acolher e escutar, de “gastar” um
sorriso com esses excluídos, oprimidos, sofredores, que encontramos todos os
dias e para os quais temos a responsabilidade de tornar real o amor de Deus?
• Tornar o amor de Deus
uma realidade viva no mundo significa lutar objetivamente contra tudo o que
gera ódio, injustiça, opressão, mentira, sofrimento… Inquieto-me realmente,
frente a tudo aquilo que desfeia o mundo? Pactuo (com o meu silêncio,
indiferença, cumplicidade) com os sistemas que geram injustiça, ou esforço-me ativamente
por destruir tudo o que é uma negação do amor de Deus?
Meditação...
• As nossas comunidades são espaços de acolhimento e
de hospitalidade, oásis do amor de Deus, não só para os amigos e confrades, mas
também para os pobres, os marginalizados, os sofredores que buscam em nós um
sinal de amor, de ternura e de esperança?
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário