25-junho-2017 - 12º Domingo do Tempo Comum - Mt 10,26-33
As leituras põem em relevo
a dificuldade em viver como discípulo, dando testemunho do projeto de Deus no
mundo. Sugerem que a perseguição está sempre no horizonte do discípulo… Mas
garantem também que a solicitude e o amor de Deus não abandonam o discípulo que
dá testemunho da salvação. A primeira leitura nos apresenta o exemplo de um
profeta do Antigo Testamento – Jeremias. É o paradigma do profeta sofredor, que
experimenta a perseguição, a solidão, o abandono por causa da Palavra; no
entanto, não deixa de confiar em Deus e de anunciar – com coerência e
fidelidade – as propostas de Deus para os homens. No Evangelho, é o próprio Jesus que, ao
enviar os discípulos, os avisa para a inevitabilidade das perseguições e das
incompreensões; mas acrescenta: “não temais”. Jesus garante aos seus a presença
contínua, a solicitude e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo
mundo. Na segunda leitura, Paulo
demonstra aos cristãos de Roma como a fidelidade aos projetos de Deus gera vida
e como uma vida organizada numa dinâmica de egoísmo e de auto-suficiência gera
morte.
Reflexão :
• O projeto de Jesus,
vivido com radicalidade e coerência, não é um projeto “simpático”, aclamado e
aplaudido por aqueles que mandam no mundo ou que “fazem” a opinião pública; mas
é um projeto radical, questionante, provocante, que exige a vitória sobre o
egoísmo, o comodismo, a instalação, a opressão, a injustiça… É um projeto capaz
de abalar os fundamentos dessa ordem injusta e alienante sobre a qual o mundo
se constrói. Há um certo “mundo” que se sente ameaçado nos seus fundamentos e
que procura, todos os dias, encontrar formas para subverter e domesticar o
projeto de Jesus. A nossa época inventou formas (menos sangrentas, mas
certamente mais refinadas do que as de Domiciano) de reduzir ao silêncio os
discípulos: ridiculariza-os, desautoriza-os, calunia-os, corrompe-os,
massacra-os com publicidade enganosa de valores efêmeros… Como a comunidade de
Mateus, também nós andamos assustados, confusos, desorientados,
interrogando-nos se vale a pena continuar a remar contra a maré… A todos nós,
Jesus diz: “não temais”.
• O medo – de parecer
antiquado, de ficar desenquadrado em relação aos outros, de ser ridicularizado,
de ser morto – não pode nos impedir de dar testemunho. A Palavra libertadora de
Jesus não pode ser calada, escondida, escamoteada; mas tem de ser vivamente
afirmada com palavras, com gestos, com atitudes provocatórias e questionantes.
Viver uma fé “morninha” (instalada, cômoda, que não faz ondas, que não muda
nada, que aceita passivamente valores, esquemas, dinâmicas e estruturas
desumanizantes), não chega para nos integrar plenamente na comunidade de Jesus.
• De resto, o valor
supremo da nossa vida não está no reconhecimento público, mas está nessa vida
definitiva que nos espera no final de um caminho consumido na entrega ao Pai e
no serviço aos homens; e Jesus demonstrou-nos que só esse caminho produz essa
vida de felicidade sem fim que os donos do mundo não conseguem roubar.
• A Palavra de Deus que
nos foi proposta nos convida também a fazer a descoberta desse Deus que tem um
coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude. Se nos entregarmos confiadamente
nas mãos desse Deus, que é um pai que nos dá confiança e proteção e é uma mãe
que nos dá amor e que nos pega ao colo quando temos dificuldade em caminhar,
não teremos qualquer receio de enfrentar os homens.
ORAÇÃO
Bendito sejas, Senhor do
universo, que perscrutas os rins e os corações. Em todo o tempo livraste o
pobre do poder dos maus: salvaste Isaac, Moisés e o teu Povo, vigiaste o teu
Filho e os apóstolos. Nós Te confiamos a nossa causa e as de todos os
infelizes. Nós Te pedimos: fica ao nosso lado, apóia-nos quando ajudamos os
outros.
Nós Te damos graças pelo
primeiro Adão, de quem herdamos a vida terrestre. Mas nós Te bendizemos
sobretudo pelo teu Filho Jesus, o segundo Adão, por quem nos deste a graça em
abundância, para a vida eterna. Nós Te pedimos pela nossa humanidade votada à
morte, e por tantos homens e mulheres que procuram desesperadamente fugir da
morte. Mantém-nos confiantes na tua graça.
Pai, nós Te bendizemos
pelo teu humor, quando nos asseguras com a tua proteção, até aos nossos fios de cabelo! E quando nos
dás mais valor do que a todos os passarinhos do mundo! Nós Te pedimos por todos os nossos irmãos e
irmãs atingidos pela inquietude (e nós também). Que o teu Espírito nos
fortaleça na confiança.
Meditação para a semana .
. .
E as nossas convicções religiosas? Expor e defender as opiniões políticas
reforça as convicções e as torna mais incisivas. E as nossas convicções religiosas?
Diante de certas relações, não somos por vezes tentados a deixar de lado os
nossos compromissos de cristãos? …prontos a negar a fé para não nos
comprometermos? …prontos a todos os compromissos para salvar o nosso lugar?
Por quem nos
pronunciamos diante dos homens?
fonte:
www,dehonianos.org