19-março-2017 - 3º
Domingo da Quaresma - Jo 4,5-42
A Palavra de Deus que nos é proposta afirma, essencialmente, que o
nosso Deus está sempre presente ao longo da nossa caminhada pela história e que
só Ele nos oferece um horizonte de vida eterna, de realização plena, de
felicidade perfeita. A primeira leitura
mostra como Jahwéh acompanhou a caminhada dos hebreus pelo deserto do Sinai e
como, nos momentos de crise, respondeu às necessidades do seu Povo. O quadro
revela a pedagogia de Deus e nos dá a chave para entender a lógica de Deus,
manifestada em cada passo da história da salvação.
A segunda leitura repete, noutros termos, o ensinamento da primeira: Deus
acompanha o seu Povo em marcha pela história; e, apesar do pecado e da
infidelidade, insiste em oferecer ao seu Povo – de forma gratuita e incondicional
– a salvação. O Evangelho também não se
afasta desta temática… Garante-nos que, através de Jesus, Deus oferece ao homem
a felicidade (não a felicidade ilusória, parcial e falível, mas a vida eterna).
Quem acolhe o dom de Deus e aceita Jesus como “o salvador do mundo” torna-se um
Homem Novo, que vive do Espírito e que caminha ao encontro da vida plena e
definitiva.
Reflexão:
• A modernidade nos criou grandes expectativas. Disse-nos
que tinha a resposta para todas as nossas procuras e que podia responder a
todas as nossas necessidades. Garantiu-nos que a vida plena estava na liberdade
absoluta, numa vida vivida sem dependência de Deus; disse-nos que a vida plena
estava nos avanços tecnológicos, que iriam tornar a nossa existência cômoda,
eliminar a doença e protelar a morte; afirmou que a vida plena estava na conta
bancária, no reconhecimento social, no êxito profissional, nos aplausos das
multidões, nos “cinco minutos” de fama que a televisão oferece… No entanto,
todas as conquistas do nosso tempo não conseguem calar a nossa sede de
eternidade, de plenitude, dessa “mais qualquer coisa” que nos falta para
sermos, realmente, felizes. A afirmação essencial que o Evangelho de hoje faz
é: só Jesus Cristo oferece a água que mata definitivamente a sede de vida e de
felicidade do homem. Eu já descobri isto, ou a minha procura de realização e de
vida plena se faz noutros caminhos? O
que é preciso para conseguirmos que os homens do nosso tempo aprendam a olhar
para Jesus e a tomar consciência dessa proposta de vida plena que Ele oferece a
todos?
• Essa “água viva” de que Jesus fala nos faz pensar no batismo. Para cada um de nós, esse
foi o começo de uma caminhada com Jesus… Nessa altura acolhemos em nós o
Espírito que transforma, que renova, que
faz de nós “filhos de Deus” e que nos leva ao encontro da vida plena e
definitiva. A minha vida de cristão tem sido, verdadeiramente, coerente com essa vida nova
que então recebi? O compromisso que então assumi é algo esquecido e sem
significado, ou é uma realidade que marca a minha vida, os meus gestos, os meus
valores e as minhas opções?
• Atentemos no pormenor do “cântaro” abandonado pela
samaritana, depois de se encontrar com Jesus… O “cântaro” significa e
representa tudo aquilo que nos dá acesso a essas propostas limitadas, falíveis,
incompletas de felicidade. O abandono do “cântaro” significa o romper com todos
os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única
proposta de vida plena. Eu estou disposto a abandonar o caminho da felicidade
egoísta, parcial, incompleta, e a abrir o meu coração ao Espírito que Jesus me
oferece e que me exige uma vida nova?
• A samaritana, depois de encontrar o “salvador do mundo”
que traz a água que mata a sede de felicidade, não se fechou em casa saboreando a sua descoberta; mas partiu para a
cidade, contando aos seus concidadãos a verdade que tinha encontrado. Eu sou, como ela, uma testemunha viva, coerente,
entusiasmada dessa vida nova que encontrei em Jesus?
O Evangelho do encontro de Jesus com a samaritana, um
pouco longo, pode ser lido a diversas vozes: narrador, Jesus, samaritana,
discípulos. De qualquer modo, a leitura deve ser bem preparada e proclamada,
para que seja escutada como Palavra de Deus e não como uma mera encenação…
A vida é doação. “Se conhecêsseis o dom de Deus!”, diz
Jesus à mulher de Samaria. Deus é alguém que oferece um presente, é o seu modo
de fazer aliança conosco. Ele nos faz
viver porque é nosso Criador. Ele nos faz reviver porque é nosso Salvador. Ele nos
faz viver com Ele e com os nossos irmãos
porque é o Espírito que faz a nossa comunhão. Saibamos apreciar estes
presentes, saibamos provar o seu sabor. A vida, recebemo-la… que presente! É
preciso que a demos… em troca! Nesta semana, procuremos aprofundar esta relação
que somos convidados a viver com Deus e com os nossos irmãos. Não sejamos
daqueles “mimados” que já não sabem apreciar o que recebem de presente! Não
sejamos daqueles “avarentos” que já não sabem o que é oferecer!
ORAÇÃO
Nós Te bendizemos, Deus nosso Pai, porque habitas
verdadeiramente no meio de nós. Tinhas tirado o povo de Israel da sua
infelicidade, o fizestes sair do Egito,
pelo teu servo Moisés fizeste jorrar a água do rochedo. Nós Te pedimos:
guarda-nos de toda a impaciência, confirma a nossa confiança na tua presença em
nós.
Nós Te damos graças porque nos justificas quando temos fé em Ti. Nós Te
bendizemos por Jesus, teu Filho, que aceitou morrer por nós, pecadores, e pelo
Espírito Santo que foi derramado nos nossos corações. Nós Te pedimos por todos os nossos irmãos e
irmãs cuja esperança está ferida e que atravessam períodos de dúvida, por causa
das provações que os atingem.
Bendito sejas, Senhor Jesus, Tu o Messias, o Salvador do
mundo, porque nos revelas a água viva da tua presença e nos levas a adorar o
Pai no Espírito e em verdade. Bendito sejas pela água do Batismo. Nós Te
pedimos pelas crianças e pelos jovens que conduzimos para Ti e por todos os
futuros batizados: faz com que tenham sede de Te conhecer!
Meditação para a
semana . . .
Que fonte? Sede do Povo de Israel no deserto! Sede da
samaritana!
E nós? Temos sede? De quem? De quê? A que poço nós vamos beber para matar todas as sedes que nos
habitam? E se nos enganamos na fonte? “Senhor, dá me dessa água, para que eu
não sinta mais sede”!
Ao longo dos dias da semana procurar meditar a
Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia,
por exemplo…
Aproveitar, sobretudo, a semana para viver plenamente a
Palavra de Deus.
fonte:
www.dehonianos.org
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