15-janeiro - 2º Domingo do Tempo Comum
A liturgia deste domingo coloca a questão da vocação; e nos
convida a situá-la no contexto do projeto de Deus para os homens e para o
mundo. Deus tem um projeto de vida plena para oferecer aos homens; e elege
pessoas para serem testemunhas desse projeto na história e no tempo. A primeira leitura nos apresenta uma personagem misteriosa – Servo
de Jahwéh – a quem Deus elegeu desde o seio materno, para que fosse um sinal no
mundo e levasse aos povos de toda a terra a Boa Nova do projeto libertador de
Deus. A segunda leitura nos apresenta um
“chamado” (Paulo) recordando aos
cristãos da cidade grega de Corinto que todos eles são “chamados à santidade” –
isto é, são chamados por Deus a viver realmente comprometidos com os valores do
Reino. O Evangelho nos apresenta Jesus, “o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele é o Deus que veio ao nosso
encontro, investido de uma missão pelo Pai; e essa missão consiste em
libertar os homens do “pecado” que oprime e não deixa ter acesso à vida plena.
Reflexão:
• Em primeiro lugar, importa termos consciência de que
Deus tem um projeto de salvação para o mundo e para os homens. A história
humana não é, portanto, uma história de fracasso, de caminhada sem sentido para
um beco sem saída; mas é uma história onde é preciso ver Deus conduzindo o homem pela mão e apontando-lhe, em cada curva do caminho, a
realidade feliz do novo céu e da nova terra. É verdade que, em certos momentos
da história, parecem erguer-se muros intransponíveis que nos impedem de
contemplar com esperança os horizontes finais da caminhada humana; mas a
consciência da presença salvadora e amorosa de Deus na história deve nos animar,
nos dar confiança e acender nos nossos olhos e no nosso coração a certeza da
vida plena e da vitória final de Deus.
• Jesus não foi mais um “homem bom”, que coloriu a
história com o sonho ingênuo de um mundo melhor e desapareceu do nosso
horizonte , mas Jesus é o Deus que Se fez pessoa, que assumiu a nossa
humanidade, que trouxe até nós uma proposta objetiva e válida de salvação e que
hoje continua presente e ativo na nossa caminhada, concretizando o plano
libertador do Pai e nos oferecendo a vida plena e definitiva. Ele é, agora e
sempre, a verdadeira fonte da vida e da liberdade. Onde é que eu mato a minha
sede de liberdade e de vida plena: em Jesus e no projeto do Reino ou em
pseudo-messias e miragens ilusórias de felicidade que só me afastam do
essencial?
• O Pai investiu Jesus de uma missão: eliminar o pecado
do mundo. No entanto, o “pecado” continua a escurecer o nosso horizonte diário,
traduzido em guerras, vinganças, terrorismo, exploração, egoísmo, corrupção,
injustiça… Jesus falhou? É o nosso testemunho que está falhando? Deus propõe ao homem o seu projeto
de salvação, mas não impõe nada e respeita absolutamente a liberdade das nossas
opções. Ora, muitas vezes, os homens pretendem descobrir a felicidade em
caminhos onde ela não está. De resto, é preciso termos consciência de que a
nossa humanidade implica um quadro de fragilidade e de limitação e que,
portanto, o pecado vai fazer sempre parte da nossa experiência histórica. A
libertação plena e definitiva do “pecado” acontecerá só nesse novo céu e nova
terra que nos espera para além da nossa caminhada terrena.
• Isso não significa, no entanto, pactuar com o pecado,
ou assumir uma atitude passiva diante do pecado. A nossa missão – na sequência
da de Jesus – consiste em lutar objetivamente contra “o pecado” instalado no
coração de cada um de nós e instalado em cada degrau da nossa vida coletiva. A
missão dos seguidores de Jesus consiste em anunciar a vida plena e em lutar
contra tudo aquilo que impede a sua concretização na história.
ORAÇÃO
Deus, Pai do teu povo, nós Te bendizemos pelo envio de
salvadores, os profetas, os juízes e os reis, mas sobretudo pelo envio do teu
Filho, o teu eleito, em quem puseste toda a tua alegria, e que Se manifestou
como a luz das nações. Nós Te confiamos
as vítimas das inumeráveis angústias da nossa terra, todos os infelizes que
aspiram a reencontrar a luz, a liberdade e a paz.
Cristo Jesus, Tu que és o Senhor de todos e que
revestiste a nossa condição humana, Tu que o Pai revelou como o Messias e
encheu com a sua força, nós Te damos graças pela tua obra de salvação. Nós Te confiamos os nossos irmãos e irmãs que
procuram a luz e a verdade, como fazia outrora o centurião Cornélio. Dá-nos a
coragem de ir ao seu encontro, como outrora o apóstolo Pedro.
Pai de Jesus e nosso Pai, nós Te damos graças pelo batismo
de Jesus no Jordão, porque nele nos revelaste a nova humanidade, da qual Jesus
é a cabeça. Faz de nós também teus filhos bem-amados e cumula-nos com o teu
Espírito. Nós Te pedimos pelos novos batizados, pelos padrinhos e madrinhas,
pelos pais e pelas equipas que asseguram a preparação para o batismo.
Reflexão para a
semana:
Testemunho…
A palavra
“Servidor” retorna hoje com força, em Isaías, enquanto João nos convida a
contemplar o Cordeiro de Deus investido da Força do Espírito, ao qual dá
testemunho.E nós? O nosso testemunho ficará limitado a estas palavras do Credo proclamado ao domingo? Ou nos leva a empenharmo-nos em ações concretas no seguimento do Servidor?
fonte:
www.dehonianos.org
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