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19 novembro, 2016

20-novembro-2016 - Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo-Lc 23,35-43

A Palavra de Deus, neste último domingo do ano litúrgico, nos convida a tomar consciência da realeza de Jesus. Deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se exerce no amor, no serviço, no perdão, na doação da vida.  A primeira leitura nos apresenta o momento em que David se tornou rei de todo o Israel. Com ele, iniciou-se um tempo de felicidade, de abundância, de paz, que ficou na memória de todo o Povo de Deus. Nos séculos seguintes, o Povo sonhava com o regresso a essa era de felicidade e com a restauração do reino de David; e os profetas prometeram a chegada de um descendente de David que iria realizar esse sonho.  O Evangelho nos  apresenta a realização dessa promessa: Jesus é o Messias/Rei enviado por Deus, que veio tornar realidade o velho sonho do Povo de Deus e apresentar aos homens o “Reino”; no entanto, o “Reino” que Jesus propôs não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, a doação da vida.  A segunda leitura apresenta um hino que celebra a realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação; além disso, põe em relevo o seu papel fundamental como fonte de vida para o homem.
Reflexão:
Na colina do Gólgota, os chefes zombam… os soldados troçam… um soldado injuria Jesus… Até ao fim Jesus encontrará a oposição e a incompreensão. A sua mensagem era perturbadora, o seu testemunho provocador, o seu rosto desfigurado, mesmo Deus parecia tê-lo abandonado… É um malfeitor que reconhece no seu companheiro de infelicidade, também perto de morrer, o Rei de um outro Reino em que a única defesa é a do Amor. Então, vira-se para Jesus, de quem deve ter ouvido falar do seu Reino, e pede-Lhe somente para Se recordar dele quando vier inaugurar este Reino. Ora, a hora chegou, é hoje que estará com Ele no Paraíso. Aquele que foi malfeitor sobre a terra torna-se benfeitor no Reino, é isso a salvação. Isso se passou na colina do Gólgota, numa certa sexta-feira da história…
• Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que Se impõe aos homens do alto da sua onipotência e que os assusta com gestos espetáculares; mas é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz – ponto de chegada de uma vida gasta  construindo o “Reino de Deus” – é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e da doação da vida.
• À Igreja de Jesus ainda falta alguma coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. Depois dos exércitos para impor a cruz, das conversões forçadas e das fogueiras para combater as heresias, continuamos  mantendo estruturas que nos equiparam aos reinos deste mundo… A Igreja, corpo de Cristo e seu sinal no mundo, necessita que o seu Estado com território (ainda que simbólico) seja equiparado a outros Estados políticos? A Igreja, esposa de Cristo, necessita de servidores que se comportam como se fossem funcionários superiores do império? A Igreja, serva de Cristo e dos homens, necessita de estruturas que funcionam, muitas vezes, apenas segundo a lógica do mercado e da política? Que sentido é que tudo isto faz?
• Em termos pessoais, a Festa de Cristo Rei nos convida, também, a repensar a nossa existência e os nossos valores. Diante deste “rei” despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste “rei” que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos? Diante deste “rei” que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida uma doação?
Na oração do Pai Nosso, Jesus nos faz pedir, e reza conosco: “Não nos deixeis cair em tentação”. De fato, Jesus foi submetido à tentação e resistiu. A este propósito, Lucas dá uma estranha explicação, dizendo que o diabo afastou-se de Jesus até ao momento fixado. Este momento é quando Jesus é pregado na cruz. No deserto, o diabo tinha dito: “Se és o Filho de Deus…” Agora Jesus ouve: “Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também”. É a mesma tentação: se Jesus é verdadeiramente o Messias, o Filho de Deus, deve dispor de toda a onipotência de Deus. Então, que utilize este mesmo poder para cumprir um último milagre e despegar-Se da cruz. Até os seus inimigos ficariam confundidos. Mas Jesus resistiu. É porque algo de sumamente importante está em jogo. Trata-se, uma vez mais, do verdadeiro rosto de Deus que Jesus veio revelar. Não um Deus todo-poderoso à maneira dos homens, mas um Deus Pai que só pode fazer uma coisa: amar, amar os seus inimigos, ainda e sempre, mesmo quando eles O rejeitam e crucificam o seu Filho bem-amado. Ora, se esta tentação acompanhou Jesus até à cruz, não é de admirar que ela acompanhe sempre os seus discípulos, que a própria Igreja não lhe escape! Na cruz, Jesus, o Rei, exerce outro poder, outra realeza. Não utiliza um poder à maneira do mundo. O segundo malfeitor, que chamamos de “bom ladrão”, só pede uma coisa a Jesus: que Se lembre dele no seu Reino. O que ele pede não é que o livre da morte iminente, a mesma de Jesus! É que, depois da morte, Jesus Se lembre dele. Simplesmente, diz: “Jesus, preciso de ti”. É um grito de pobreza. Então Jesus diz-lhe: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso”. E o assassino tornou-se o primeiro homem a entrar com Jesus no Reino do Pai. Aí está o verdadeiro, o único poder de Jesus.
Meditação para a semana…
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Vamos com alegria para a casa do Senhor”…;
“Deus Pai libertou-nos do poder das trevas… transferiu-nos para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados”…;
“Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza”…
Procurar transformar as palavras de Deus em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

fonte:
www.dehonianos.org

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