13-novembro -2016 - 33º Domingo do Tempo Comum- Lc 21,5-19
A liturgia reflete
sobre o sentido da história da salvação e nos diz que a meta final para onde
Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida
definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos
contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a
esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para
lutar pelo advento do Reino. Na primeira leitura, um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade
desanimada, cética e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus
libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e
vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação. O Evangelho nos oferece uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a
percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada
na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha
realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de
dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força
de Deus. A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva,
não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alienando-nos
das grandes questões do mundo e evitando dar a nossa contribuição na construção
do Reino.
Reflexão:
• O que parece, aqui, fundamental, não é o discurso sobre
o “fim do mundo”, mas sim o discurso sobre o percurso que devemos percorrer,
até chegarmos à plenitude da história humana… Trata-se de uma caminhada que não
nos leva ao aniquilamento, à destruição absoluta, ao fracasso total, mas à vida
nova, à vida plena; por isso, deve ser uma caminhada que devemos percorrer de
cabeça levantada, cheios de alegria e de esperança.
• É, sem dúvida, uma caminhada cercada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal
se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo –
embora com avanços e recuos – e onde a semente do “Reino” irá germinando. Aos
crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o
“Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível
essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados olhando para o céu, mas um compromisso sério e
empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz.
Quais são os sinais de esperança que eu contemplo e que me fazem acreditar na
chegada iminente do “Reino”? O que posso fazer, no dia a dia, para apressar a
chegada do “Reino”?
• Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós,
mas que Deus vai com eles… É essa presença constante e amorosa de Deus que lhes
permitirá enfrentar as forças da morte, apostando em evitar que o mundo novo apareça; é essa
força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a
adversidade, o medo.
• Alguns sinais de desagregação do mundo velho, que todos
os dias contemplamos, não devem assustar-nos: eles são, apenas, sinais de que
estamos nascendo para algo novo e melhor. O perder certas referências pode
assustar-nos e embaralhar os nossos esquemas e certezas; mas todos sabemos que
é impossível construir algo mais bonito, sem a destruição do que é velho e
caduco.
Os homens têm sempre necessidade de se apoiar naquilo que é sólido.
Compreende-se o olhar admirado dos discípulos contemplando o templo de
Jerusalém. É então que Jesus escolhe o momento para lhes anunciar que tudo o
que é terrestre é efêmero e que virá um dia em que tudo de desmoronará para
deixar chegar o Reino, que será eterno e nunca conhecerá a destruição. Mas, ao
mesmo tempo, Jesus assegura-lhes: virá o momento em que eles deverão
testemunhar no meio das perseguições, por causa do seu Nome. E para este
testemunho ser-lhes-á dada a linguagem e a sabedoria à qual todos os
adversários não poderão opor resistências nem contradições. E, depois, Aquele
que está Vivo e que aparecerá no fim dos tempos como o grande vencedor sobre as
forças do mal manterá vivos para sempre aqueles que souberem perseverar. Tal é
a promessa de Jesus aos seus discípulos; e Jesus mantém sempre as suas
promessas.
O fim do mundo! Não podemos descobrir no nosso tempo
todos estes sinais do fim do mundo tal como Jesus os dá? “Há de erguer-se povo
e reino contra reino. Haverá grandes terremotos e, em diversos lugares, fomes e
epidemias”. Diríamos hoje epidemias como a aids, a gripe das aves… Muitas
coisas podem servir para manipular o medo e a angústia de muitas pessoas. Além
de que, há toda uma paranoia de seitas. Mesmo no cristianismo vemos surgir
regularmente aparições de várias espécies. O “regresso do religioso” toma
muitas vezes a forma de uma procura de sinais milagrosos, de previções sobre
tudo e sobre nada. Há mais magos, adivinhos, cartomantes, astrólogos e gurus de
toda a espécie, do que padres. Quem nunca leu um horóscopo? Em suma, o
esoterismo está na moda. E, para tranquilizar a consciência, até nos apoiamos
nas palavras de Jesus. Mas Jesus nos adverte: “Tende cuidado; não vos deixeis
enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘sou eu’; e ainda: ‘O tempo
está próximo’. Não os sigais”. Em São Mateus, afirma mesmo: “surgirão falsos
Cristos e falsos profetas, que produzirão grandes sinais e prodígios, a ponto
de abusar, mesmo os eleitos”. São Paulo diz mesmo que Satanás se disfarça em
anjo de luz. Então, nós também, hoje, somos convidados a resistir a estas
tentações de esoterismo. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem
nas cartas, nem nas linhas da mão. O
nosso futuro está em Jesus. Queremos sinais? Só temos um: a morte e a ressurreição de
Jesus, que nos são dadas em cada Eucaristia e que são a prova última e
definitiva do amor de Deus por nós. É verdade que este sinal só se pode
reconhecer na fé e o próprio Jesus se questionou: “O Filho do Homem, quando
vier, encontrará a fé sobre a terra?” Desde então, a nossa primeira preocupação
deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar uma intimidade com Jesus: “Jesus, eu
creio, mas aumenta a minha fé!” Então, não teremos mais medo.
Meditação para a
semana…
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo…
Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar
e meditar algumas frases da Palavra de Deus: «há de vir o dia do Senhor…
Nascerá o sol de justiça… trazendo a salvação…”; “trabalhem tranquilamente,
para ganharem o pão que comem…”; “tereis ocasião de dar testemunho…”; “pela
vossa perseverança salvareis as vossas almas…”. Procurar transformar as
palavras de Deus em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com
os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…
PALAVRA VIVIDA AO LONGO DANO LITÚRGICO.
Termina mais um ano do ciclo litúrgico, com a Solenidade de Cristo Rei no
próximo domingo. Durante a semana podemos meditar sobre o crescimento da nossa
fé a partir do encontro dominical e quotidiano com a Palavra de Deus na
Eucaristia.
Transformou-nos? Nos fez crescer? Ou ficamos na mesma, passivos
e estagnados?
fonte:
www.dehonianos.org
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