10 -abril-2016 - 3º DOMINGO DO TEMPO PASCA L - Jo 21,1-19
A liturgia deste 3º Domingo do Tempo Pascal nos recorda
que a comunidade cristã tem por missão testemunhar e concretizar o projeto
libertador que Jesus iniciou; e que Jesus, vivo e ressuscitado, acompanhará
sempre a sua Igreja em missão, vivificando-a com a sua presença e orientando-a
com a sua Palavra. A primeira leitura nos
apresenta o testemunho que a comunidade de Jerusalém dá de Jesus ressuscitado.
Embora o mundo se oponha ao projeto libertador de Jesus testemunhado pelos
discípulos, o cristão deve antes obedecer a Deus do que aos homens. A segunda leitura apresenta Jesus, o
“cordeiro” imolado que venceu a morte e que trouxe aos homens a libertação
definitiva; em contexto litúrgico, o autor põe a criação inteira a manifestar
diante do “cordeiro” vitorioso a sua alegria e o seu louvor.
O Evangelho apresenta os discípulos em missão, continuando o projeto libertador
de Jesus; mas avisa que a ação dos discípulos só será coroada de êxito se eles
souberem reconhecer o Ressuscitado junto deles e se deixarem guiar pela sua
Palavra.
Reflexão:
• A mensagem fundamental que brota deste texto nos
convida a constatar a centralidade de Cristo, vivo e ressuscitado, na missão
que nos foi confiada. Podemos nos esforçar muito e dedicar todas as horas do dia ao esforço de
mudar o mundo; mas se Cristo não estiver presente, se não escutarmos a sua voz,
se não ouvirmos as suas propostas, se não estivermos atentos à Palavra que Ele
continuamente nos dirige, os nossos esforços não farão qualquer sentido e não
terão qualquer êxito duradouro. É preciso ter a consciência nítida de que o
êxito da missão cristã não depende do esforço humano, mas da presença viva do
Senhor Jesus.
• É preciso ter, também, a consciência da solicitude e do
amor do Senhor que, continuamente, acompanha os nossos esforços, os anima, os
orienta e que conosco reparte o pão da vida. Quando o cansaço, o sofrimento, o
desânimo tomarem posse de nós, Ele estará lá, dando-nos o alimento que nos
fortalece. É necessário ter consciência da sua constante presença, amorosa e
vivificadora ao nosso lado e celebrá-la na Eucaristia.
• A figura do “discípulo amado”, que reconhece o Senhor
nos sinais de vitalidade que brotam da missão comunitária, nos convida a sermos
sensíveis aos sinais de esperança e de
vida nova que acontecem à nossa volta e a ler neles a presença salvadora e
vivificadora do Ressuscitado. Ele está presente, vivo e ressuscitado, em
qualquer lado onde houver amor, partilha, doação que geram vida nova.
• O diálogo final de Jesus com Pedro chama a atenção para
uma dimensão essencial do discipulado: “seguir” o “mestre” é amá-lo muito e,
portanto, ser capaz de, como Ele, percorrer o caminho do amor total e da doação
da vida.
• Na comunidade cristã, o essencial não é a exibição da
autoridade, mas o amor que se faz serviço, ao jeito de Jesus. As vestes de
púrpura, os tronos, os privilégios, as dignidades, os sinais de poder favorecem
e tornam mais visível o essencial (o amor que se faz serviço), ou afastam e
assustam os pobres e os fracos?
A vida retomou o seu ritmo para os apóstolos: reencontram
a sua profissão, o seu barco e as redes, mesmo se a vida já não é como antes.
Viram o Ressuscitado, Ele apareceu-lhes, reconheceram-no, o Espírito foi
derramado sobre eles, mas a passagem do ver ao reconhecer não é evidente. João,
já diante do túmulo vazio, viu e acreditou. É necessário o seu ato de fé
proclamado – “É o Senhor!” – para que Pedro se lance à água para a pesca.
Encontramos a espontaneidade tão humana de Pedro e, ao mesmo tempo, a sua
espontaneidade de crente. Os discípulos fazem, nesse dia, a experiência da
prodigalidade do amor de Deus: não conseguem arrastar as redes, dada a
quantidade de peixe. Fazem também a experiência da universalidade da salvação:
havia 153 grandes peixes, número que evoca, segundo S. Jerônimo, todas as
espécies de peixes enumerados na época. É, então, graças a um sinal que os
discípulos reconhecem o Ressuscitado. Jesus Cristo não tem mais necessidade de
dizer quem Ele é… Eles sabem que Ele é o Senhor.
Este relato da última manifestação de Jesus ressuscitado
aos seus apóstolos une três elementos: uma pesca milagrosa, uma refeição, a
“investidura” de Pedro como pastor das ovelhas de Cristo. Este último capítulo
do Evangelho de João é importante, porque nos faz voltar para o tempo da
Igreja. Este relato da pesca milagrosa está mesmo no final do Evangelho, como
que dizendo que as palavras de Jesus a
Pedro, no texto de Lc 5,10, vão se realizar agora: sem medo, doravante será
pescador de homens. E no final do Evangelho de Mateus, Jesus diz para irem a
todas as nações e fazer discípulos. No simbolismo dos 153 peixes, João quer
dizer que é à totalidade das nações que os apóstolos são enviados. O tempo da
missão apostólica começa. A refeição reenvia à refeição eucarística, mesmo se
não há vinho. Mas não se faz sempre menção do vinho. Os discípulos de Emaús
reconhecem Jesus apenas na fração do pão. Os primeiros cristãos chamavam à
Eucaristia a “fração do pão”. Mas Jesus oferece peixe. Sabemos que este se
tornou bem cedo o símbolo de Cristo. Em grego, as primeiras letras da expressão
“Jesus, Filho de Deus, Salvador” formam a palavra “peixe” (“ichtus”). Desde
então, oferecendo-lhes peixe, Jesus ressuscitado diz aos discípulos que é
verdadeiramente com Ele, o Filho de Deus, o único Salvador de todos os homens,
que estarão doravante em comunhão, cada vez que partirem o pão eucarístico.
Enfim, Jesus sabia bem que a comunidade dos discípulos reunidos à sua volta
deveria ter, depois da sua partida, um ponto visível de ligação, de
autentificação. É a missão que Jesus confia a Pedro de ser o servidor e o
garante da unidade da sua Igreja, de ser o pastor das suas ovelhas, a Ele, o
Cristo. E este serviço só pode ser vivido no máximo amor. Pedro é escolhido,
ele que negou três vezes o seu Mestre, para mostrar que, através de todas as
fraquezas humanas dos pastores que se sucederão ao longo da história da Igreja,
é Jesus que os guiará, o garante na fidelidade no nome do Pai.
ORAÇÃO
Deus de nossos pais, Tu que ressuscitaste o teu Filho
Jesus, nós Te damos graças pelo testemunho do teu Espírito Santo e dos
Apóstolos, que são os fundamentos da nossa fé em Jesus, nosso Salvador. Nós Te pedimos: pelo teu Espírito, fortalece
a nossa consciência para que tenhamos sempre a coragem de obedecer mais a Ti do
que aos homens.
Pai, nós Te damos graças com as multidões que estão junto
de Ti: àquele que está sentado no Trono e ao Cordeiro, poder, sabedoria e
força, bênção, honra, glória e louvor para sempre.
Nós Te pedimos pelos nossos irmãos e irmãs que sofrem e perdem a coragem, nas
provações e nas perseguições. Que a visão do Cordeiro vencedor lhes permita
erguer a cabeça.
Jesus ressuscitado, nós Te damos graças pelo perdão
concedido a Pedro, pela continuação da pesca que confias à tua Igreja e pela
refeição que nos preparas na outra margem, junto de Ti.
Quando Te declaramos «vamos contigo», mantém-nos firmes na nossa fé e fiéis a
seguir-Te, nos caminhos onde Tu nos precedeste.
Meditação para a semana. . .
Manifestar a minha fé de batizado… Crer em Jesus ressuscitado implica
testemunhá-lo. Isso era verdade há 2000 anos. Ainda hoje continua a ser
verdade… No concreto da minha vida quotidiana: família, trabalho, escola,
escritório, fábrica, bairro… o que ouso arriscar em nome da minha fé em Cristo?
Esta semana, se a ocasião se apresentar, com que palavra e com que ação vou
manifestar o meu compromisso de batizado? «Pedro, tu me amas verdadeiramente?»
Crer é verdadeiramente uma história de amor no quotidiano!
fonte:
www.dehonianos.org
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