13-março-2016 - 5º
Domingo da Quaresma-Jo 8,1-11
A liturgia nos fala (outra vez) de um Deus que ama e cujo
amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à
ressurreição. A primeira leitura nos apresenta o Deus libertador, que acompanha com
solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade. Esse “caminho” é o
paradigma dessa outra libertação que Deus nos convida a fazer neste tempo de
Quaresma e que nos levará à Terra Prometida onde corre a vida nova. A segunda
leitura é um desafio a nos libertar do “lixo” que impede a descoberta do
fundamental: a comunhão com Cristo, a identificação com Cristo, princípio da
nossa ressurreição. O Evangelho nos diz que, na perspectiva de Deus, não são o castigo
e a intolerância que resolvem o problema do mal e do pecado; só o amor e a
misericórdia geram ativamente vida e fazem nascer o homem novo. É esta lógica –
a lógica de Deus – que somos convidados a assumir em nossa relação com os irmãos.
Reflexão:
Jesus é posto face à Lei e, e ao mesmo tempo, face a uma
mulher. A Lei é clara: esta mulher, apanhada em flagrante delito de adultério,
deve ser delapidada. Jesus não rejeita a Lei, pede somente aos escribas e
fariseus para a colocar em prática, com a condição de começarem a ter um olhar
sobre a própria vida antes de olhar a mulher e de condená-la. Os detratores acabam por se
condenar a si mesmos e retiram-se, reconhecendo-se pecadores, começando pelos mais velhos… Quanto a Jesus,
que não tem pecado, podia lançar a pedra. Não o faz. Ele veio para salvar, não
para condenar. Pedindo à mulher para não voltar a pecar, lhe dá nova
oportunidade. Para Jesus, ela não é apenas uma mulher adúltera, ela é capaz de
outra coisa. Oferecendo-lhe a sua graça, agraciou também os escribas e os
fariseus, colocando-os num caminho de conversão, eles que tinham aberto os
olhos não somente sobre a mulher, mas sobre si próprios.
• O nosso Deus – diz de forma clara o Evangelho – funciona na lógica da misericórdia e não na
lógica da Lei; Ele não quer a morte daquele que errou, mas a libertação plena
do homem. Nesta lógica, só a misericórdia e o amor se encaixam: só eles são
capazes de mostrar o sem sentido da escravidão e de soprar a esperança, a ânsia
de superação, o desejo de uma vida nova. A força de Deus (essa força que nos
projeta para a vida em plenitude) não está no castigo, mas está no amor.
• No nosso mundo, o fundamentalismo e a
intransigência falam frequentemente mais alto do que o amor: mata-se,
oprime-se, escraviza-se em nome de Deus; desacredita-se, calunia-se, em razão
de preconceitos; marginaliza-se em nome da moral e dos bons costumes… Esta
lógica (bem longe da misericórdia e do amor de Deus) leva-nos a algum lado? A
intolerância alguma vez gerou alguma coisa, além de violência, de morte, de
lágrimas, de sofrimento?
• Quantas vezes nas nossas comunidades cristãs (ou
religiosas) a absolutização da lei causa marginalização e sofrimento… Quantas
vezes se atiram pedras aos outros, esquecendo os nossos próprios telhados de
vidro… Quantas vezes marcamos os outros com o estigma da culpa e queimamos a
pessoa em “julgamentos sumários” sem direito a defesa… Esta é a lógica de Deus?
O que nos interessa: a libertação do nosso irmão, ou o seu afundamento?
• Neste caminho quaresmal, há duas coisas a
considerar: Deus nos desafia à superação de todas as realidades que nos
escravizam e sublinha esse desafio com o seu amor e a sua misericórdia; e nos convida a despir as roupagens da
hipocrisia e da intolerância, para vestir as do amor.
Oração
Pai do teu Povo, nós Te damos graças pela tua obra criadora, renovada sem
cessar, e pelos germes do mundo novo que o mistério da Páscoa nos revela. Nós
Te pedimos pelos candidatos ao batismo, adultos, jovens e crianças, e pelas
comunidades, os padrinhos/madrinhas e os pais que os preparam.
Cristo Jesus, Tu que Te deste a conhecer ao apóstolo
Paulo e o agarraste a ponto de ele Te preferir a todas as riquezas da terra e
Te reconheceu como a única vantagem válida, nós Te bendizemos. Nós Te pedimos
pelos doentes e pelas vítimas de todas as espécies de sofrimentos. Que a
revelação da tua Paixão os mantenha na esperança da ressurreição e da vida do
mundo que há-de vir. Pai, bendito sejas pela mensagem de perdão, a palavra de
reconciliação e o apelo à esperança que nos fizeste ouvir enviando-nos o teu
Filho. Nós Te pedimos por todas as nossas comunidades que celebram a
reconciliação nestes dias. Que o teu perdão nos renove e nos reconcilie entre
nós.
Meditação para a semana…
Depois do apelo à paciência (3º domingo) e o apelo à
misericórdia (4º domingo), eis, neste 5º domingo da Quaresma, o apelo a vivermos
de maneira diferente: “vai e não tornes
a pecar”.
A mulher adúltera…
“Esta mulher foi apanhada em flagrante delito de
adultério…” “Aquela martirizou o seu filho…” “Aquela deixou-o morrer de fome…”
“Aquela outra…” …e as nossas mãos já estão cheias de pedras para a lapidar.
Esta semana, a convite de Jesus, comecemos por olhar onde
se situa o nosso pecado… De seguida, em relação a todas estas mulheres de hoje
condenadas sem apelo, abramos o nosso coração à compreensão… à misericórdia… e
talvez ao apoio na sua angústia.
fonte:
www.dehonianos.org
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