Homilia 07-fevereiro-2016
Padre Marcos Daniel de Moraes Ranalho
07-fevereiro-2016 - 5º Domingo do Tempo Comum - Lc 5,1-11
A liturgia nos leva a
refletir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e dele recebemos
uma missão para o mundo. Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um
profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo
de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar
ser enviado. No Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca
com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-lo como seu “Senhor”, que aceitaram o convite
para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste
quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer. A segunda leitura nos propõe refletir sobre a ressurreição: trata-se de uma
realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo
as forças da injustiça e da morte. Com a sua ação libertadora – que continua a
ação de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está dando testemunho da ressurreição de Cristo.
Reflexão:
Pedro era um pescador
profissional. Conhecia o seu ofício. Aquele dia era um dia “não”, um dia de
pesca infrutífera. E chega Jesus, carpinteiro, dizendo-lhe o que fazer, para
lançar as redes. A primeira atitude de Simão é, naturalmente, de hesitação.
Apesar de tudo, manifesta uma atitude de confiança, ao lançar as redes. A
palavra e a personalidade de Jesus inspiraram-lhe alguma confiança. Segundo
Lucas, Pedro já tinha tido ocasião para experimentar a presença de Jesus junto
da sua sogra, doente com febre. A pesca é verdadeiramente milagrosa.
Humanamente, não seria possível! Pedro e os companheiros admitem que este jovem
rabino tem poderes sobre-humanos. Pelo menos, é um profeta, um enviado de Deus.
Mas para Pedro ficam interrogações: a presença de Deus não acontece no Templo,
em Jerusalém, onde são necessários ritos de purificação para se aproximar dele?
Daí o grito de Pedro: “afasta-Te de mim, que sou um homem pecador!” Em Jesus,
Deus sai do Templo, de todos os templos. Vem caminhar na estrada dos homens.
Vem ao encontro dos homens, os mais pequenos, os pescadores e pecadores,
independentemente de qualquer purificação. Será isso o mundo ao contrário?
Certamente! Jesus vem colocar o mundo face a Deus, numa relação de amor que
suprime todas as barreiras e que suscita infinita confiança. Isso continua a
ser verdade hoje!
Estes pescadores tinham,
sem dúvida, ouvido falar de Jesus. O seu ensinamento parecia ter autoridade,
mas não era um homem do Lago. Não era Ele que ia dar lições a estes três
pescadores experimentados. Então, que se passou? Ele devia inspirar confiança,
para que Simão lhe emprestasse a sua barca, fazendo dela lugar de pregação e,
mais ainda, para que este mesmo Simão obedecesse à sua ordem, uma ordem
insensata: lançar novamente as redes, quando a pesca tinha sido infrutífera
toda a noite. Diante da prodigalidade da pesca, Simão lança-se aos pés daquele
que reconhece como mestre, enquanto ele mesmo se reconhece como homem pecador.
Jesus faz um segundo sinal, um segundo milagre: vai fazer de Pedro um outro homem. De pescador de peixes torna-se
pescador de homens, torna-se um homem cheio de confiança. Deixando tudo, como
Tiago e João, segue Jesus!
• O nosso caminho é
feito no barco de Jesus, ou, às vezes, embarcamos noutros projetos onde Jesus
não está e fazemos deles o objetivo da nossa vida? Por outro lado, deixamos que
Jesus viaje conosco ou, às vezes, o obrigamos a desembarcar e continuamos
viagem sem Ele?
• Ao longo da viagem,
somos sensíveis às palavras e propostas de Jesus? As suas indicações são para
nós sinais obrigatórios a seguir, ou fazem mais sentido para nós os valores e a
lógica do mundo?
• Reconhecemos, de fato,
que Jesus é o “Senhor” que preside à nossa história e à nossa vida? Ele é o
centro à volta do qual constituímos a nossa existência, ou deixamos que outros
“senhores” nos manipulem e dominem?
• Chamados a ser “pescadores de homens”, temos por missão
combater o mal, a injustiça, o egoísmo, a miséria, tudo o que impede os homens
nossos irmãos de viver com dignidade e de ser felizes. É essa a nossa luta?
Sentimos que continuamos, dessa forma, o projeto libertador de Jesus?
• A nossa entrega é
total, ou parcial e calculada? Deixamos tudo na praia para seguir Jesus, porque
o seu projeto se tornou a prioridade da nossa vida?
ORAÇÃO
“Deus Altíssimo, Rei e
Senhor do universo, nos juntamos à imensa multidão celeste das tuas criaturas
espirituais para Te aclamar: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo. Toda
a terra está cheia da tua glória! Pai,
que desejas tanto estar próximo de nós e de Te fazer conhecer, nós Te pedimos:
envia os teus mensageiros, que o teu Nome seja santificado em toda a terra.”
“Pai, nos Te damos graças
pela Boa Nova de Jesus ressuscitado, Ele que foi manifestado aos Apóstolos e
revelado a todos aqueles que Te procuram com fé. Bendito sejas pelo testemunho
apostólico transmitido de geração em geração.
Jesus, Filho do Deus vivo, salva-nos pela tua ressurreição, acolhe todos
os nossos irmãos e irmãs defuntos na tua comunhão, na luz da tua Páscoa
eterna”.
“Jesus, Mestre e Senhor, bendito sejas pelos
apelos que nos diriges em cada dia, convidando-nos a seguir-Te. Mestre, nós Te
confiamos os nossos desencorajamentos, porque também nós sofremos para avançar
ao largo, no teu caminho. Mas na tua Palavra e com o sopro do Espírito,
retomaremos o caminho”.
Meditação para a semana…
As últimas palavras do sacerdote na missa são palavras de paz: “Ide em paz e o
Senhor vos acompanhe!” Eis-nos enviados entre os homens, nossos irmãos, como
Isaías, como Simão, como Paulo… E, como eles, não nos sentimos dignos de
cumprir a missão que Deus nos confia em cada Eucaristia. Mas, como a Isaías, a
Simão, a Paulo, uma palavra forte é dita a cada um de nós: “Não tenhas medo…”
Partamos, como Paulo… com a certeza de que não sou eu que trabalho sozinho, “é
a graça de Deus, que está comigo!”
fonte:
www.dehonianos.org
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