SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS - Dia Mundial da Paz
Neste dia, a liturgia nos coloca diante de diversas evocações, ainda que
todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade da Mãe de Deus: somos convidados a
olhar a figura de Maria, aquela que, com o seu sim ao projeto de Deus, nos
ofereceu a figura de Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o
Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI quis que, neste dia, os cristãos
rezassem pela paz. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o
início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nunca nos
deixa, mas que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em
plenitude. As leituras de hoje exploram, portanto, diversas coordenadas. Elas
têm a ver com esta multiplicidade de evocações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus
na nossa caminhada, como bênção que nos proporciona a vida em plenitude. Na segunda leitura, a liturgia evoca outra
vez o amor de Deus, que enviou o seu “Filho” ao nosso encontro, a fim de nos
libertar da escravidão da Lei e nos tornar seus “filhos”. É nessa situação
privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos nos dirigir a Deus e
chamar-Lhe “papá”. O Evangelho mostra
como a chegada do projeto libertador de Deus (que veio ao nosso encontro em
Jesus) provoca alegria e contentamento por parte daqueles que não têm outra
possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os fracos. Convida-nos, também,
a louvar a Deus pelo seu cuidado e amor e a testemunhar a libertação de Deus
aos homens. Maria, a mulher que
proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível ao
projeto de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a
proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto
divino de salvação para o mundo.
Reflexão:
O texto do Evangelho de
hoje é a continuação daquele que foi lido na noite de Natal: após o anúncio do
“anjo do Senhor” (noite de Natal), os pastores dirigem-se a Belém e encontram o
menino. Mais uma vez, Lucas não está interessado em fazer a reportagem do
nascimento de Jesus e das “visitas” que, então, o menino de Belém recebeu, mas
antes em apresentar Jesus como o libertador, que veio ao mundo com uma mensagem
de salvação para todos os homens – e, especialmente, para os pobres e
marginalizados, aqui representados pela classe dos pastores.
Os pastores – classe
marginalizada de “pecadores”, afastados da salvação de Deus – são os primeiros
a quem se revela a boa notícia do nascimento de Jesus. Todo o texto gira à
volta da apresentação de Jesus como o Messias libertador, o autêntico libertador
dos fracos e dos pobres. Em primeiro lugar, repare como os pastores se dirigem
“apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a
ânsia com que os pobres e fracos esperam a ação de Deus em seu favor. Aqueles
que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem que,
com Jesus, chegou o momento da libertação e se apressam a ir ao seu encontro. Em segundo lugar, repare na forma como os
pastores reagem ao encontro com Jesus: glorificam e louvam a Deus por tudo o
que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação
de graças ao Deus libertador. Também se tornam porta-vozes desse anúncio
libertador, provocando a admiração de quantos tomavam contato com o seu
testemunho.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas
palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de
abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos
seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa
ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé
para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os
profetas. A atitude meditativa de Maria,
que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude
“missionária” dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus manifestada
no nascimento de Jesus.
¨ Mais uma vez fica
claro, no texto, o projeto que Deus tem para a humanidade, em Jesus:
apresentar-nos uma proposta libertadora, que nos leve a superar a nossa
fragilidade e debilidade e a encontrar a vida plena. Temos consciência de que a
verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não
nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou no brilho da nossa posição social?
Quando anunciamos Jesus aos nossos irmãos, é esta a proposta que nós
apresentamos – sobretudo aos mais pobres e marginalizados?
¨ Diante da boa nova
da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças?
Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu empenho em nos libertar da nossa
debilidade e escravidão?
¨ Os pastores, depois
de terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se
testemunhas desse projeto. Sentimos, também, o imperativo do “testemunho” dessa
libertação que experimentamos?
¨ Maria “conservava
todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz
de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela,
a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta,
mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos
banais do nosso dia a dia?
Fonte:
www.dehonianos.org
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