O tema deste 3º Domingo
pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o
“caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e
operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus. O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é
preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os
esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso
renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos
nossos irmãos. O Evangelho nos avisa, ainda, que o cristão é “batizado no
Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica. A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de
conversão”, o Deus que nos ama nos
espera. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, nos
transforma e nos renova. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, nos
ama e, apesar de tudo, insiste em caminhar conosco. A segunda leitura insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de
todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
Reflexão:
• “E nós, que devemos
fazer?” A expressão revela a atitude correta de quem está aberto à interpelação
do Evangelho. Sugere-se aqui a disponibilidade para questionar a própria vida,
primeiro passo para uma efetiva tomada de consciência do que é necessário
transformar.
• Os bens que temos à
nossa disposição são sempre um dom de Deus e, portanto, pertencem a todos:
ninguém tem o direito de se apropriar deles em seu benefício exclusivo. As
desigualdades chocantes, a indiferença que nos leva a fechar o coração aos
gritos de quem vive abaixo do limiar da dignidade humana, o egoísmo que nos
impede de partilhar com quem nada tem, são obstáculos intransponíveis que
impedem o Senhor de nascer no meio de nós. As nossas comunidades e nós próprios
damos testemunho desta partilha que é sinal do Reino proposto por Jesus?
• Os publicanos eram
aqueles que extorquiam dinheiro de modo duvidoso, despojando os mais pobres e
enriquecendo de forma ilícita. Que dizer dos modernos esquemas imorais (às
vezes lícitos, mas imorais) de enriquecimento rápido? Que dizer da corrupção, da
lavagem de dinheiro sujo, da sonegação de impostos, das taxas exageradas
cobradas por certos serviços, das falcatruas? Será possível prejudicar
conscientemente um irmão ou a comunidade inteira e acolher “o Senhor que vem”?
• “Não exerçais violência
sobre ninguém”… E os atos de violência, que tantas vezes atingem inocentes e
derramam sangue ou, ao menos, provocam sofrimento e injustiça? E os atos
gratuitos de terrorismo, ainda que sejam mascarados de luta pela libertação? E
a exploração de quem trabalha, a recusa de um salário justo, ou a exploração de
imigrantes estrangeiros? E as prepotências que se cometem nos tribunais, nas
repartições públicas, na própria casa e, tantas vezes, nas recepções das nossas
igrejas? Neste quadro, é possível acolher Jesus?
• Ser cristão é ser
batizado no Espírito, quer dizer, é ser portador dessa vida de Deus que nos
permite testemunhar Jesus e a sua proposta. O que é que conduz a nossa
caminhada e motiva as nossas opções – o Espírito, ou o nosso egoísmo e
comodismo?
“Que devemos fazer?” Esta
questão é posta três vezes a João Batista, pelas multidões, pelos publicanos,
pelos soldados. João não parece ser muito exigente nas respostas. Nada de
extraordinário. Não pede para saírem do real das suas vidas. Por exemplo, exorta
as multidões à partilha com os mais pobres. Hoje, dir-nos-ia para
transformarmos a festa comercial de Natal numa ocasião de partilha mais
generosa. A atenção ao quotidiano sugerir-nos-á como partilhar! Não são
necessárias coisas extraordinárias. Basta deixar iluminar pela Boa Nova de
Jesus a nossa vida de todos os dias…
ORAÇÃO:
“A nossa felicidade está em Ti, Senhor nosso Deus. Nós Te dirigimos as nossas
orações e os nossos gritos de alegria, porque vieste habitar no meio de nós por
Jesus teu Filho, o Ressuscitado. Nós Te pedimos por todos os homens nossos irmãos que a obscuridade do mal e do
ódio mergulhou na tristeza: que a salvação venha até eles”.
“Deus fiel, bendito és Tu
pela Boa Nova anunciada por João Batista e pelo caminho de conversão que ele
abria aos teus fiéis. Bendito és Tu pelo batismo no Espírito Santo que Jesus
nos deu. Doravante, é a Jesus que nós pedimos: «Que devemos fazer?» Nós Te pedimos: que
o teu Espírito nos faça conhecer a tua vontade”.
Meditação para a semana . . .
• No dia 8 de Dezembro, a Igreja festejou a Imaculada Conceição da Virgem
Maria. O que Paulo recomenda na segunda leitura, Maria viveu-o desde a primeira
hora. Viveu sempre na alegria do Senhor: “A minha alma glorifica o Senhor, o
meu espírito exulta em Deus, meu Salvador”. A sua serenidade era conhecida por
todos, não andava inquieta com nada: “Fazei o que Ele vos disser”. E a paz de
Deus guardou o seu coração e a sua inteligência no seu Filho Jesus: “A sua mãe
guardava todas estas coisas no seu coração”. Ao longo da próxima semana, na
espera do 4º domingo do Advento e da narração da visita de Maria a Isabel,
conservemos no nosso coração a alegria e a paz recebidas nesta Eucaristia e,
por intercessão de Maria, “em qualquer circunstância”, rezemos para fazer
chegar a Deus os nossos pedidos.
fonte:
www.dehonianos.org
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