20-dezembro-2015 - 4º
Domingo do Tempo do Advento - Lc 1,39-47
Nestes últimos dias antes
do Natal, a mensagem fundamental da Palavra de Deus gira em torno da definição
da missão de Jesus: propor um projeto de salvação e de libertação que leve os
homens à descoberta da verdadeira felicidade.
O Evangelho sugere que esse projeto de Deus tem um rosto: Jesus de
Nazaré veio ao encontro dos homens para apresentar aos prisioneiros e aos que
jazem na escravidão uma proposta de vida e de liberdade. Ele propõe um mundo
novo, onde os marginalizados e oprimidos têm lugar e onde os que sofrem
encontram a dignidade e a felicidade. Este é um anúncio de alegria e de
salvação, que faz rejubilar todos os que reconhecem em Jesus a proposta
libertadora que Deus lhes faz. Essa proposta chega, tantas vezes, através dos
limites e da fragilidade dos “instrumentos” humanos de Deus; mas é sempre uma
proposta que tem o selo e a força de Deus.
A primeira leitura sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente
de David, veio propor é uma doação do amor de Deus. O nome de Jesus é “a Paz”:
Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído
com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens. A segunda leitura sugere que a missão
libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de
proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta
proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num
“sim” total ao projeto de Deus.
Reflexão:
A Palavra, evidentemente,
está no centro da festa de Natal, pois “a Palavra de Deus fez-se carne e
habitou entre nós”. Dizemos “Palavra do Senhor”, “Palavra da salvação”! Convite
a anunciar a Palavra de Deus… Diz a sabedoria popular com razão: “A palavra é
de prata, mas o silêncio é de ouro”. Deus, melhor do que ninguém, conhece e põe
em prática este provérbio! Quando envia a Palavra aos homens, começa por um
silêncio… Os anjos anunciam, José e Maria fazem silêncio… assim como menino
recém-nascido, após os normais gritos do nascimento… O coração do Natal é,
acima de tudo, um grande silêncio. Aparte o episódio dos 12 anos de Jesus na
sua adolescência, os Evangelhos não nos transmitem qualquer palavra de Jesus
durante cerca de 30 anos. E, para terminar, o silêncio de Jesus na cruz… E
agora, hoje, muitas vezes Deus continua a calar-se… Deus quer, antes de mais nada,
dar-nos o seu silêncio, estabelecer entre Ele e nós um espaço de silêncio…
Falamos demais… Eis porque Deus começa por se calar, para que o seu próprio
silêncio se torne mensagem, convite a nos tornarmos atentos à sua presença. Na
noite de Natal, procuremos estar unidos ao silêncio de José, de Maria e de
Jesus. Assim, talvez ouçamos, nós também, no fundo do nosso coração, uma música
muito doce, como um murmúrio de Deus que vem dizer-nos que, nesta noite, é
dentro de nós que Ele quer nascer!
• A presença de Jesus
neste mundo é, claramente, a concretização das promessas de salvação e de
libertação feitas por Deus ao seu Povo. Com Jesus, anuncia-se a eliminação da
opressão, da injustiça, de tudo aquilo que rouba e que limita a vida e a
felicidade dos homens. Jesus, ao “nascer” entre nós, tem por missão propor um
mundo onde a justiça, os direitos humanos, a dignidade, a vida e a felicidade
das pessoas são absolutamente respeitadas. Dizer que Jesus, hoje, nasce no
nosso mundo significa propor esta mensagem libertadora e salvadora.
• Nós, que somos no mundo
o rosto vivo de Jesus, apresentamos esta boa notícia? Os pobres, os que sofrem,
todos os que são vítimas de opressão e suspiram ansiosamente por um mundo novo
encontram no nosso anúncio esta proposta? Esta mensagem libertadora é a nossa
proposta fundamental, ou nos dispersamo em propostas laterais (o dinheiro que a
comunidade tem em caixa para construir novas igrejas, a apresentação dos novos
paramentos, as “palavras” que atiramos aos nossos opositores na comunidade, as
questões de organização), que dizem muito pouco acerca do essencial?
• O “estremecimento” de
alegria de João Baptista no seio de Isabel é o sinal de que o mundo espera com
ânsia uma proposta verdadeiramente libertadora. Nós, os cristãos, somos
verdadeiramente o veículo desta mensagem?
• A proposta libertadora
de Deus para os homens alcança o mundo através da fragilidade de uma mulher
(recordar o contexto social de uma sociedade patriarcal, onde a mulher pertence
à classe dos que não gozam de todos os direitos civis e religiosos) que aceita
dizer “sim” a Deus. É necessário ter consciência de que é através dos nossos
limites e da nossa fragilidade que Deus alcança os homens e propõe o seu projeto
ao mundo.
• Maria, após ter
conhecimento de que vai acolher Jesus no seu seio, parte ao encontro de Isabel
e fica com ela, solidária com ela, até ao nascimento de João. Temos consciência
de que acolher Jesus é estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu
encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas
necessidades?
Jesus poderia ter nascido
em Nazaré, mas o recenseamento decretado pelo imperador Augusto obriga Maria e
José a deslocarem-se: é em Belém que nasce o Messias. Jesus poderia ter nascido
na sala comum, mas aí não havia lugar para Ele: é na manjedoura que Ele nasce.
A notícia poderia ter sido anunciada aos grandes deste mundo e aos religiosos
da época: mas foi aos pastores que é anunciado o nascimento do Salvador.
Compreendemos o seu medo, mas o mensageiro de Deus dá-lhes confiança. O sinal
da vinda de Deus ao meio dos homens poderia ter sido um sinal maravilhoso,
extraordinário, mas é o menino nascido numa manjedoura que é o sinal oferecido
aos pastores, primeiras testemunhas do Emanuel, Deus conosco. O silêncio da
noite e a serenidade do presépio parecem ser perturbados pela numerosa turba
celestial que louva Deus. Com o menino de Belém, a glória de Deus manifesta-se
e a paz é oferecida aos homens que Deus ama.
ORAÇÃO
“Deus fiel, nós Te
bendizemos pela obra que cumpriste ao longo dos séculos. Nos momentos de
inquietude, apoiaste o teu povo através dos profetas e anunciaste-lhe o envio
do Messias. Confiamos-Te o nosso mundo, onde tantos homens vivem ainda na
insegurança. Que a tua paz se estenda até aos confins da terra”.
“Cristo Jesus, damos-Te graças pela tua vinda ao nosso mundo. Nela descobrimos
o cumprimento das antigas oblações, porque Te ofereceste a Ti mesmo, dizendo:
«Eis-Me aqui. Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade». Pela Eucaristia, Tu nos envolves na tua
oblação. Santifica-nos pelo teu Espírito, abre os nossos corações à procura da
tua vontade de salvação”.
“Deus nosso Pai, nós Te louvamos pela
felicidade que nos dás com a tua visita. Felizes aqueles que acreditam no
cumprimento das palavras que nos diriges nas leituras de cada domingo.
Confiamos-Te os casais jovens que preparam a vinda de um filho e todas as
pessoas que se dedicam totalmente ao cuidado dos seus filhos”.
Meditação para a semana…
Desde a concepção de Jesus, são duas mulheres que testemunham, antes de
qualquer outro, a sua esperança enfim cumprida: Isabel e Maria. São ainda
mulheres as primeiras a testemunhar o segundo nascimento de Jesus na manhã de
Páscoa! Felizes aquelas que acreditaram no cumprimento das palavras que lhes
foram ditas da parte do Senhor! Em vésperas de Natal, sejamos apressados, como
Maria: ponhamo-nos a caminho rapidamente! E que algo faça mexer e estremecer em
nós: as palavras que nos foram ditas da parte do Senhor, vamos levá-las aos
irmãos que vivem sem esperança.
fonte:
www.dehonianos.org
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