22-outubro-2017 - 29º Domingo do Tempo Comum - Mt 22,15-21
A liturgia nos convida
a refletir acerca da forma como devemos equacionar a relação entre as
realidades de Deus e as realidades do mundo. Nos diz que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele
que devemos subordinar toda a nossa existência; mas nos avisa também que Deus
nos convoca a um compromisso efetivo com a construção do mundo. O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de
cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a
Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve
ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político. A primeira leitura sugere que Deus é o
verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo
rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que atuam e intervêm na
história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os
seus projetos de salvação. A segunda leitura nos apresenta o exemplo de uma
comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das
dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e os esquemas de
Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no meio do mundo, vive ancorada
numa fé ativa, numa caridade esforçada e numa esperança inabalável.
Reflexão:
• A questão essencial que o texto aborda é esta: o homem
pertence a Deus e deve considerar Deus o seu único senhor e a sua referência
fundamental. No entanto, embriagados pelo turbilhão das liberdades e das novas
descobertas, os homens do nosso tempo consideraram que eram capazes de
descobrir, por si próprios, os caminhos da vida e da felicidade e que podiam
prescindir de Deus… Instalaram-se no orgulho e na auto-suficiência e deixaram Deus de fora das suas vidas. É
preciso voltarmos a Deus e
redescobrirmos a sua centralidade na nossa existência. Deus não atenta contra a nossa identidade e a nossa
liberdade. Fomos criados para a comunhão com Deus e só nos sentiremos felizes e
realizados quando nos entregarmos confiadamente nas suas mãos e fizermos dele o centro da nossa
caminhada.
• Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por outros
“deuses”: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão
social, o clube de futebol… tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a
condicionar a vida de tantos dos nossos contemporâneos. Quase sempre, no
entanto, essa troca trouxe, apenas, escravidão, alienação, frustração e
sentimentos de solidão e de orfandade… Como me sinto face a isto? Há outros
deuses que tomaram posse da minha vida, condicionaram as minhas opções, dirigem os
meus interesses, dominam os meus projetos? Quais são esses deuses? Eles
asseguram-me a felicidade e a plena realização, ou tornam-me cada vez mais
escravo e dependente?
• O homem e a mulher foram criados à imagem de Deus. Eles
não são, portanto, objetos que podem ser usados, explorados e alienados, mas
seres revestidos de uma suprema dignidade, de uma dignidade divina. Apesar da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e de uma infinidade de organizações e de
associações destinadas a proteger e a assegurar os direitos, liberdades e
garantias, há milhões de homens, mulheres e crianças que continuam, todos os
dias, sendo maltratados, humilhados,
explorados, desprezados, diminuídos na sua dignidade. Destruir a imagem de Deus
que existe em cada criança, mulher ou homem, é um grave crime contra Deus. Nós,
os cristãos, não podemos permitir que tal aconteça. Devemos nos sentir
responsáveis sempre que algum irmão ou irmã, em qualquer canto do mundo, é
privado dos seus direitos e da sua dignidade; e temos o dever grave de lutar,
de forma objetiva, contra todos os sistemas que, na Igreja ou na sociedade,
atentem contra a vida e a dignidade de qualquer pessoa.
• Para o cristão, Deus é a referência fundamental e está
sempre em primeiro lugar; mas isso não significa que o cristão viva à margem do
mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão
deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que
colabora ativamente na construção da sociedade humana. Ele respeita as leis e
cumpre pontualmente as suas obrigações tributárias, com coerência e lealdade.
Não foge aos impostos, não aceita esquemas de corrupção, não infringe as regras
legalmente definidas. Vive de olhos
fixos em Deus; mas não se escusa de lutar por um mundo melhor e por uma
sociedade mais justa e mais fraterna.
• Como é que eu me situo face ao poder político e às
instituições civis: com total indiferença, com sujeição cega, ou com lealdade
crítica? Como é que eu contribuo para a construção da sociedade? À luz de que
critérios e de que valores julgo os fatos, as decisões, as leis políticas e
sociais que regem a comunidade humana em que estou inserido? As minhas opções
políticas são coerentes com os critérios do Evangelho e com os valores de
Jesus?
Meditação para a semana…
Mostrar a nossa felicidade a outros…
Cabe a cada um de nós fazer uma reflexão sobre a missão que nos foi
conferida pelo nosso batismo e exercê-la onde vivemos .
Suscitar esta semana uma ocasião de testemunha-la
explicitamente.
«Dar a Deus o que é de Deus» é dizer também a outros a
felicidade que nos é dada pelo Altíssimo!
O Dia Mundial das Missões deveria nos manter acordados. Será que, sim ou não,
nós acreditamos que a mensagem de Cristo se dirige a todos os homens dos cinco
continentes, quaisquer que sejam a sua situação, as suas alegrias, os seus
sofrimentos, as suas questões, os seus projetos? Se a mensagem de Cristo é
universal, é necessário que aqueles que dela se beneficiaram não a guardem só
para si, mas devem anunciá-la, gritá-la, e dar àqueles que partiram para a
anunciar os meios de a fazer conhecer. Esta mensagem não consiste apenas em
palavras para escutar, mas numa Palavra que faz viver, que volta a erguer, que
dá felicidade. Então, estejamos preocupados com a propagação do Evangelho em
toda a parte e para todos.
fonte:
www.dehonianos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário