08-outubro-2017 - 27º Domingo do Tempo Comum - Mt 21,33-43
A liturgia utiliza a imagem da “vinha de Deus” para falar
desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de
Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e
de misericórdia. Na primeira leitura, o
profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse
amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de
egoísmo e de injustiça… O Povo de Jahwéh tem que deixar-se transformar pelo
amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia – a
justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança. No Evangelho, Jesus retoma a imagem da
“vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício
próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os
frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada
e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os
frutos que Ele espera. Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos – e
todos os que fazem parte da “vinha de Deus” – a viverem na alegria e na
serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os
frutos que Deus espera da sua “vinha”.
Reflexão:
• O problema fundamental deste texto é o da coerência com
que vivemos o nosso compromisso com Deus e com o Reino. Deus não obriga ninguém
a aceitar a sua proposta de salvação e a envolver-se com o Reino; mas uma vez
que aceitamos trabalhar na sua “vinha”, temos que produzir frutos de amor, de
serviço, de doação, de justiça, de paz, de tolerância, de partilha… O nosso
Deus não está disposto a pactuar com situações dúbias, descaracterizadas, incoerentes,
mentirosas; mas exige coerência, verdade e compromisso. A parábola nos convida,
antes de mais nada, a não nos deixarmos cair em esquemas de comodismo, de
instalação, de facilidade, de “deixa rolar”, mas a levarmos a sério o nosso compromisso
com Deus e com o Reino e a darmos frutos consequentes. O meu compromisso com o
Reino é sincero e empenhado? Quais são os frutos que eu produzo? Quando se
trata de fazer opções, ganha o meu comodismo e instalação, ou a minha vontade
de servir a construção do Reino?
• O que é que é decisivo para definir a pertença de
alguém ao Reino? É ter uma “tradição familiar” cristã? É o ter entrado, por um
ato formal (Batismo) na Igreja? É o ter feito votos de pobreza, castidade e
obediência numa determinada congregação religiosa? É o cumprir determinados atos
de piedade? É o participar nos ritos? Nada disso é decisivo. O que é decisivo é
o “produzir frutos” de amor e de justiça, que pomos ao serviço de Deus e dos
nossos irmãos. Como é que eu entendo e vivo a minha caminhada de fé?
• A parábola fala de trabalhadores da “vinha” de Deus que
rejeitam o “filho” de forma absoluta e radical. É provável que nenhum de nós,
por um ato de vontade consciente, se coloque numa atitude semelhante e rejeite
Jesus. No entanto, prescindir dos valores de Jesus e deixar que sejam o
egoísmo, o comodismo, o orgulho, a arrogância, o dinheiro, o poder, a fama, a
condicionar as nossas opções é, na mesma, rejeitar Jesus, colocá-lo à margem da
nossa existência. Como é que, no dia a dia, acolhemos e inserimos na nossa vida
os valores de Jesus? As propostas de Jesus são, para nós, valores consistentes,
que procuramos integrar na nossa existência e que servem de alicerce à
construção da nossa vida, ou são valores dos quais nos descartamos com
facilidade, sob pressão de interesses
egoístas e comodistas?
• As nossas comunidades cristãs e religiosas são
constituídas por homens e mulheres que se comprometeram com o Reino e que
trabalham na “vinha” do Senhor. Deviam, portanto, produzir frutos bons e
testemunhar diante do mundo, em gestos de amor, de acolhimento, de compreensão,
de misericórdia, de partilha, de serviço, a realidade do Reino que Jesus Cristo
veio propor. É isso que acontece, ou nos limitamos a ter muitos grupos
paroquiais, a preparar organogramas impressionantes da dinâmica comunitária, a
construir espaços físicos amplos e confortáveis, a recitar a liturgia das
horas, a produzir liturgias solenes, faustosas, imponentes… e completamente
desligadas da vida?
Meditação para a semana…
Escolher um “fruto”. Ao deixarmos a celebração, podemos escolher um “fruto”
possível para produzir nesta semana: um gesto ou uma palavra de reconciliação
em relação a alguém; uma partilha com um vizinho necessitado; ou uma iniciativa
que pareça ainda mais gratuita e que traga alegria. Para os mais empenhados na
vida espiritual: em cada dia, produzir um fruto de amor!
fonte:
www.dehonianos.org
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